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ENTREVISTA

Por que as dietas restritivas são consideradas vilãs do "projeto verão"?

Na entrevista especial desta semana, Isabele Lessa, nutricionista, fala sobre os perigos das dietas que prometem emagrecimento rápido durante o verão

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
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Foto: Arquivo Pessoal/Arte: Folha Vitória
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Limitar ou excluir alguns tipos de grupos alimentares, como carboidratos e até mesmo certos tipos de proteínas, por exemplo, são práticas facilmente encontradas por indivíduos que querem de perder peso rapidamente. 

Com a chegada do verão, esses métodos frequentemente insustentáveis, podem fazer muito mal para a saúde e acabar afetando negativamente o metabolismo, a imunidade e o equilíbrio nutricional do corpo.

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As praias e piscinas parecem se tornar palco de uma competição silenciosa, onde a busca pela aparência ideal faz com que muitas pessoas se entreguem a esses modelos. É importante lembrar que, principalmente durante os meses de calor intenso, quando o corpo já enfrenta desafios naturais, isso pode desencadear situações ainda mais severas.

Para explicar o que são essas dietas que prometem verdadeiros milagres a curto prazo, a reportagem conversou com a nutricionista clínica e comportamental, Isabele Lessa. Especialistas em saúde da família, Isabele fala sobre os principais erros do projeto verão, por que esses meios continuam tão populares e o que fazer para ter resultados positivos.

1. O que são e quais são os tipo de dietas restritivas? Características em comum?

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As dietas restritivas são aquelas que eliminam ou reduzem drasticamente grupos alimentares ou nutrientes essenciais, como carboidratos, gorduras ou proteínas. Alguns exemplos são as dietas low-carb, cetogênica e o jejum intermitente. 

O que todas têm em comum é a ideia de que restringir severamente a alimentação leva a uma perda de peso rápida, mas essas abordagens ignoram a individualidade e a importância de todos os nutrientes para a saúde. 

Além disso, essa eliminação de grupos alimentares faz com que aquele padrão alimentar seja insustentável para a maioria das pessoas, seja por oferecer menos energia do que o necessário para o funcionamento básico do corpo da pessoa ou por uma questão de preferências alimentares, ou seja, a pessoa para de comer tudo o que gosta e não consegue manter isso por muito tempo.

2. Quais os riscos das "dietas de verão" para a saúde a curto e longo prazos?

A curto prazo, essas dietas podem causar fraqueza, tonturas, mudança de humor como irritabilidade e tristeza. É comum, também, que em poucos dias a privação extrema gere um desejo quase incontrolável de comer tudo aquilo que a pessoa está se proibindo, o que pode levar ao consumo exagerado e descontrolado do alimento quando a pessoa tenta comer só um pouquinho. 

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A longo prazo, os riscos são ainda mais graves: desde o efeito sanfona, que pode prejudicar o metabolismo, até deficiências nutricionais, impacto na saúde mental e desenvolvimento de transtornos alimentares. Além disso, a relação com a comida pode ser prejudicada, aumentando a culpa e a ansiedade ao comer, que é uma das principais dificuldades que as pessoas têm enfrentado atualmente.

3. Por que esses modelos de dietas continuam tão populares?

Essas dietas permanecem populares porque oferecem promessas rápidas e grandiosas, algo que soa muito atrativo diante da pressão estética que vivemos. O desejo por resultados imediatos e os conteúdos nas redes sociais contribuem para isso. 

Muitos influenciadores compartilham "transformações milagrosas" sem mostrar os danos ou a dificuldade de se manter firme nessas práticas, o que reforça a ilusão de que essas dietas são soluções eficazes.

4. Aponte 3 principais erros do "projeto verão"

Um dos principais erros do "projeto verão" é focar apenas no peso, priorizando o número na balança ao invés de práticas que realmente promovam saúde e bem-estar de forma sustentável. 

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Outro erro comum é adotar mudanças radicais, como dietas extremamente restritivas ou treinos excessivos, que podem levar ao efeito sanfona, desmotivação e até problemas de saúde. 

Além disso, muitas pessoas negligenciam o autocuidado mental e emocional, ignorando que o emagrecimento saudável envolve tanto o corpo quanto a mente, e que resultados consistentes dependem de hábitos equilibrados.

5. O que fazer para ter resultados positivos?

Resultados positivos são aqueles que você consegue manter de forma duradoura, não apenas em uma estação do ano ou para algum evento específico. Pra isso, é importante focar no equilíbrio alimentar, investindo em planos alimentares que sejam sustentáveis e que você consiga colocar em prática dentro da sua rotina. 

É comum que as pessoas busquem alterações apenas no consumo alimentar, mas não podemos ignorar o cuidado com o comportamento alimentar, que é o que determina a forma como vamos pensar e agir em relação à comida. Não existe fórmula mágica! Busque o apoio de profissionais qualificados, como nutricionistas para a elaboração do plano alimentar e educadores físicos para a prática de exercícios físicos.

6. O verão, e os dias tipicamente quentes, pode desencadear quadros de fadiga e mal-estar?

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Sim, o verão e os dias mais quentes podem, sim, desencadear quadros de fadiga e mal-estar, especialmente se não houver cuidados adequados com a saúde. A alta temperatura pode aumentar a perda de líquidos e eletrólitos pelo suor e, sem reposição adequada, pode levar à desidratação, queda de pressão arterial, cansaço e até tonturas. 

O calor pode, também, afetar o apetite, fazendo com que muitas pessoas se alimentem em pouca quantidade ou escolham alimentos que não fornecem a energia e os nutrientes necessários para o dia a dia. Por isso, é muito importante se manter hidratado e consumir alimentos leves e ricos em água, como frutas e vegetais.

7. Como cuidar da alimentação no verão? Sem neuras!

O segredo está no equilíbrio! Escolha alimentos frescos e variados, mas sem se privar completamente das coisas que você gosta. O verão é uma ótima oportunidade para experimentar preparações leves, nutritivas e refrescantes, como smoothies, saladas criativas, grelhados e sucos naturais. 

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Aposte em frutas e verduras da estação, que são mais saborosas e ricas em nutrientes, e hidrate-se bem ao longo do dia. É importante destacar que sair da rotina de vez em quando faz parte e não invalida todo o seu esforço.

8. É preciso desconstruir velhos hábitos e conceitos quando se fala em corpo saudável e corpo magro?

Com certeza! Ainda vivemos em uma sociedade que associa corpo saudável a corpo magro, mas isso é um grande equívoco, inclusive existem várias pessoas magras que não são saudáveis! Um corpo saudável é aquele que funciona bem, que se exercita com constância, se alimenta de forma nutritiva, permite à pessoa viver com qualidade de vida. 

Uma das principais coisas que precisamos desconstruir é a ideia da busca pela perfeição e entender que o corpo saudável vem do equilíbrio que conseguimos sustentar no nosso dia a dia. E lembre-se: hábitos saudáveis são aqueles que promovem boa saúde física e mental/emocional!

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