ES confirma 1ª morte por Febre do Oropouche e 3.117 casos da doença
Outras duas mortes também estavam em investigação. Uma foi descartada e a outra segue em análise. Rápida evolução dos casos chama a atenção
O Espírito Santo confirmou o primeiro óbito por febre do oropuche. A informação foi divulgada na tarde desta terça-feira (10), durante uma entrevista coletiva realizada pela secretaria de Estado da Saúde, sobre o quadro das arboviroses no estado.
Desde a Semana Epidemiológica 13, quando foi confirmado o primeiro caso no mês de abril, até a Semana Epidemiólogica 49 (primeira semana de dezembro) - 3.117 casos da doença foram confirmados.
A vítima, uma mulher de 61 anos, morreu no dia 28 setembro (SE 35), cerca de 24 horas após o início dos primeiros sintomas e 11 horas depois de dar entrada no Pronto Atendimento de Fundão. Ela era moradora da cidade, localizada na Região Metropolitana do Estado e sofria de hipertensão arterial.
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Durante a coletiva, a pasta apresentou a cronologia de evolução da doença na paciente. Veja a seguir:
LINHA DO TEMPO
27/08/2024 - início dos sintomas com um quadro de dispinéia e febre
08h53 - paciente dá entrada no PA de Fundão com queixas de desconforto e respiratório (dispinéia aos pequenos esforços);
10h20 - menos de duas horas após a chegada no Pronto Atendimento, evoluiu para insuficiência renal aguda e parada cardiorrespiratória (foi reanimada e entubada);
14h14 - a paciente apresentou manifestações hemorrágicas;
17h03 - família relata contato inalatório com inseticida para a equipe médica;
Às 18h50 houve uma nova parada cardiorrespiratória. Pouco mais de um hora mais tarde (19h55) a morte da paciente foi constatada.
Segundo Rodrigo Rodrigues, diretor do Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Espirito Santo (Lacen-ES), a evolução do quadro foi muito rápida.
"Os outros dois casos de óbitos (1 descartado e 1 em investigação) relacionados ao Oropouche, eles apesar de terem relatado uma fase de 2 e 3 dias de sintomas até que fossem internadas, a evolução pós-internação também foi entre 11 e 13 horas, então, isso também foi uma coisa que chamou a atenção da gente, porque nos três casos a evolução foi muito rápida", disse.
Ainda de acordo com Rodrigo, historicamente, o vírus circula no Brasil desde 1960 quando não existiam ferramentas para um diagnóstico eficaz, pelo menos na região extra-amazônica. Por esse motivo, muitos casos da doença podem ter sido sub-notificados até 2024 e apresentados como dengue hemorrágica, por exemplo, já que os sintomas são bastante parecidos.
Outro ponto importante é o fato de que esse caso, em especial, somente pôde ser investigado porque o laboratório recebeu amostras de sangue.
"Nós iríamos falar que foi oropouche, mas entre falar que foi oropouche e que a pessoa morreu por causa do oropouche é um hiato muito grande. Só foi possível que nós pudéssemos investigar a partir do momento que nós recebemos essas amostras".
1º caso de microcefalia relacionado a Febre do Oropouche
O Espírito Santo também registrou o primeiro caso de malformação congênita (microcefalia) em decorrência da Febre do Oropouche. Segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, foi na Grande Vitória e segue em acompanhamento.
Gestantes devem adotar cuidados redobrados já que não há um inseticida para controle do vetor. As recomendações são, primeiramente, evitar locais e regiões onde haja presença do mosquito. Caso não seja possível, usar repelentes específicos para grávidas.
"Esse mosquito tem um horário mais específico que é à tarde, mas nesses locais como Alfredo Chaves e outros municípios que têm incidência muito alta, ele está circulando praticamente durante todo o dia. Então, usar roupas de mangas longas, usar repelente, o repelente tem que ser indicado para gestante e deve passar por uma avaliação do médico".
Vírus mais presente na zona rural
Outro dado divulgado pela Sesa é o de que o vírus apresenta-se mais presente nas zonas rurais (63,84% dos casos), porém tem se urbanizado aos poucos. O motivo pode estar relacionado ao fato de muitas pessoas trabalharem nessas áreas, onde acabam se infectando, e se deslocarem para a zona urbana, onde moram.
"Na Grande Vitória, nós temos por exemplo na Capital, 50 casos e 4 casos autóctones, ou seja, 4 casos que são realmente de Vitória. Os outros são pessoas que viajaram para essas áreas rurais que se contaminam", explicou Orlei.
SINTOMAS DA FEBRE DO OROPOUCHE
Autoridades de saúde recomendam que diante de quaisquer sintomas que possam indicar Febre do Oropouche, a população busque rapidamente ajuda médica, principalmente pelo fato de se apresentarem de modo muito semelhante aos da dengue, por exemplo.
* Febre;
* Cefaléia (dor de cabeça);
* Exantema (erupções cutâneas geralmente avermelhadas);
* Vômito;
* Dores musculares;
* Dor atrás dos olhos;
* Dor nas articulações.