Três de cada 10 crianças atendidas pelo SUS estão acima do peso
Médico alerta para os riscos que podem levar ao surgimento precoce de doenças como diabetes, má formação do esqueleto e até alterações cardíacas
A obesidade é hoje um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), projeta-se que em 2025 haverá 2,3 bilhões de adultos com sobrepeso e pelo menos 700 milhões de obesos. Entre as crianças, sobrepeso e obesidade devem chegar a 75 milhões, caso nada seja feito.
Dados do Ministério da Saúde apontam que, no Brasil, três de cada 10 crianças de 5 a 9 anos atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão acima do peso, um total de 4,4 milhões. Do total de crianças, 16% (2,4 milhões) estão com sobrepeso, 8% (1,2 milhão) com obesidade e 5% (755 mil) com obesidade grave. Abaixo de 5 anos, são 15,9% com excesso de peso.
O médico Cid Pitombo, especialista no tratamento da obesidade, chama atenção para o fato de que evitar o ganho de peso dos pequenos depende essencialmente de três passos simples: alimentação saudável, atividade física e brincadeiras longe das telas da TV, celular e jogos eletrônicos.
"Importante lembrar que a criança não fazem às compras da casa. Quem vai ao mercado e decide o que comprar de alimento é o adulto. Não existe desnutrição com oferta alimentar, se não tiver a batata frita ou o biscoito, a criança vai comer o brócolis e a fruta. Visito escolas, creches e empresas tentando entender onde estamos errando. Na maioria desses locais, há ampla oferta de alimentos saudáveis e campanhas de orientação alimentar. O relato das crianças coloca o hábito alimentar da casa, bem como o tipo de oferta alimentar feita pelos familiares, como o grande ‘vilão’ dessa doença que é a obesidade", alerta o médico.
As crianças em geral ganham peso com facilidade por conta de hábitos alimentares errados, inclinação genética, estilo de vida sedentário, distúrbios psicológicos, problemas na convivência familiar, destaca o especialista para citar alguns exemplos. Nem sempre a ingestão de grande quantidade de comida é a causa, pois em geral as crianças obesas usam alimentos de alto valor calórico, que não precisa ser em grande quantidade para causar o aumento de peso. As crianças costumam imitar os pais em tudo que fazem. Assim sendo, se os responsáveis têm hábitos alimentares errados, acabam induzindo os filhos a comerem do mesmo jeito.
A vida sedentária, facilitada pelos avanços tecnológicos, também leva as crianças a não se esforçar fisicamente. Fatores como violência urbana, por exemplo, também tem levado pais e responsáveis a manter as crianças em casa, com pouca atividade como jogar bola, brincar de pique, por exemplo. Todos esses são fatores preocupantes para o desenvolvimento da obesidade.
"O excesso de peso pode provocar o surgimento de vários problemas de saúde como diabetes, problemas cardíacos e a má formação do esqueleto. E um sinal de alerta para a necessidade de prevenção imediata: oito em cada dez adolescentes continuam obesos na fase adulta", alerta o especialista.