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Saúde

Tristeza de fim de ano: psicólogo explica como evitar sentimentos negativos nesta época

Embora o termo não seja reconhecido como uma condição clínica pela psicologia, há relatos de pessoas que se sentem deprimidas no Natal e réveillon; entenda

Kayra Miranda

Redação Folha Vitória
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Foto: Drazen Zigic/Freepik
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Com a chegada do final do ano, muitas pessoas são tomadas por um misto de emoções. As festas de fim de ano, geralmente associadas a momentos de celebração e alegria, podem ser fonte de angústia para outras. Esse fenômeno é conhecido popularmente como “Dezembrite” e se refere à tristeza e melancolia que afloram durante essa época.

Embora o termo não seja reconhecido como uma condição clínica pela psicologia, ele se tornou amplamente discutido devido à frequência com que os sintomas aparecem.

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De acordo com o psicólogo Filipe Colombini, CEO da Equipe AT, as comemorações de final de ano podem trazer à tona questões emocionais que, durante o resto do ano, muitas vezes são deixadas de lado. 

“As comemorações deste período podem ser ‘tristes’ para aqueles que não têm mais por perto seus entes queridos e trazem à tona uma sensação de encerramento de ciclos, onde todos podem ter pendências e situações mal resolvidas”, explica Colombini.
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Além disso, a sobrecarga de compromissos, expectativas irrealistas e o uso intenso das redes sociais também contribuem para o aumento de casos de depressão sazonal. “O uso exacerbado das redes sociais leva as pessoas a fazerem muitas comparações com a vida alheia, o que também intensifica a depressão sazonal”, destaca o especialista.

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A pressão das festas e o impacto na saúde mental

O período festivo é caracterizado por uma forte imposição cultural de celebração e positividade. Isso pode ser especialmente desafiador para quem enfrenta perdas recentes, dificuldades financeiras ou problemas de saúde. A cultura de consumo também desempenha um papel importante. 

“A imposição de positividade a todo custo durante esse período pode gerar situações de desconforto e intensificar sentimentos negativos, tornando mais difícil lidar com emoções autênticas”, afirma Colombini.

Segundo uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association, cerca de 80% das pessoas relatam aumento de estresse no final do ano. Entre os principais fatores apontados estão o excesso de tarefas, o ritmo acelerado no trabalho, as férias escolares e as projeções para o próximo ano. Para muitos, o peso dessas responsabilidades se soma ao desgaste emocional causado por reflexões sobre o que foi realizado (ou não) durante o ano.

Dicas para enfrentar o período com serenidade

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Para ajudar a navegar por esse turbilhão de emoções, Filipe Colombini sugere algumas estratégias práticas que podem ser incorporadas à rotina. Esses passos visam minimizar o impacto dos sentimentos negativos e promover um maior equilíbrio emocional.

Autoconhecimento

A reflexão interna é uma ferramenta essencial para entender os próprios sentimentos e identificar os gatilhos que podem provocar tristeza ou ansiedade. “Conhecer-se profundamente possibilita a identificação de estratégias personalizadas para enfrentar as adversidades”, afirma o psicólogo. Reservar um momento para meditar, escrever em um diário ou conversar com alguém de confiança pode ser um bom ponto de partida.

Autocontrole

O gerenciamento consciente das emoções é uma habilidade que pode ser desenvolvida para lidar melhor com situações de pressão. Colombini sugere cultivar o autocontrole para evitar respostas impulsivas. Isso pode significar respirar profundamente antes de responder a um comentário indesejado ou estabelecer limites claros sobre o que você está disposto a fazer.

Tomar decisões alinhadas aos próprios valores

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Muitas vezes, as pessoas sentem-se pressionadas a participar de todas as festas ou seguir tradições familiares que podem não trazer mais alegria ou significado. Colombini recomenda que cada pessoa escolha atividades e compromissos que estejam em sintonia com seus valores e prioridades pessoais. 

“Mesmo que isso implique em recusar certas demandas sociais, priorizar o próprio bem-estar é fundamental”, enfatiza.

Por que o final do ano pode ser desafiador?

O final do ano marca um encerramento simbólico de ciclos, o que pode gerar sentimentos de culpa ou arrependimento em relação a metas não alcançadas. Além disso, a ausência de entes queridos, especialmente para aqueles que sofreram perdas recentes, é um dos principais fatores que intensificam a melancolia dessa época.

A idealização social do Natal e do Ano Novo, muitas vezes reforçada por comerciais e postagens em redes sociais, também cria uma sensação de inadequação. A comparação com a vida alheia — normalmente mostrada em sua versão mais “perfeita” — amplifica sentimentos de insatisfação. Para pessoas que já estão emocionalmente fragilizadas, essa discrepância entre a realidade e as expectativas pode ser ainda mais prejudicial.

A importância de buscar ajuda profissional

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Sentimentos de tristeza e melancolia ocasionais são normais, especialmente durante momentos emocionalmente significativos. No entanto, se esses sentimentos persistirem ou se transformarem em algo mais intenso, é importante buscar ajuda profissional. Psicólogos e terapeutas estão capacitados para oferecer suporte emocional e ajudar a desenvolver ferramentas para lidar com essas emoções.

Colombini, que é especialista em orientação parental e atendimento a crianças, jovens e adultos, destaca que, embora o final de ano seja um período desafiador para muitos, ele também pode ser uma oportunidade para reflexão e crescimento pessoal. 

“Ao invés de focar apenas no que não foi conquistado, é importante valorizar as pequenas vitórias e os momentos de aprendizado ao longo do ano”, sugere.

Construindo novas tradições e redefinindo expectativas

Para aqueles que não encontram alegria nas tradições de final de ano, uma alternativa é criar novos rituais que sejam mais significativos. Isso pode incluir um momento de voluntariado, um jantar tranquilo em casa ou até mesmo uma viagem para um lugar especial. O importante é que essas escolhas reflitam os valores e desejos de cada pessoa, e não sejam feitas apenas para atender às expectativas sociais.

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Além disso, redefinir o conceito de “sucesso” e “felicidade” para o período pode ajudar a aliviar a pressão. Em vez de se concentrar em grandes gestos ou realizações, valorizar os momentos simples — como passar tempo com amigos próximos ou cuidar de si mesmo — pode ser mais recompensador.

Finalizando o ano com leveza

Embora o final do ano seja uma época que pode trazer desafios emocionais, ele também oferece a oportunidade de reavaliar prioridades, fortalecer conexões significativas e planejar um futuro mais alinhado com os próprios valores. Incorporar práticas como autoconhecimento, autocontrole e escolhas conscientes é um caminho para enfrentar esse período com mais tranquilidade e bem-estar.

Ao final, a mensagem é clara: não se deixe levar pelas expectativas irreais e pela pressão social. Encontre sua própria maneira de celebrar — ou até mesmo de não celebrar — e permita-se sentir de forma autêntica. Afinal, o fim do ano não precisa ser perfeito, mas sim significativo.

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