MORTE GUGU

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Saúde

Adeus a Gugu Liberato: como superar o luto após tragédias e seguir em frente?

Filósofo aponta que a morte nos faz lembrar da fragilidade da condição humana

Larissa Agnez

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução/ Record TV
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O filósofo Fabiano de Abreu explica que a grande comoção e sensibilização com a morte de Gugu Liberato tem um motivo além da admiração que a maioria tinha por ele. 

A morte do apresentador Gugu Liberato chocou o Brasil inteiro e repercutiu na imprensa internacional. Grande foi a comoção de fãs, amigos e familiares, e o assunto do falecimento de Gugu ainda está entre os assuntos mais comentados da internet.

A angústia de perder alguém que amamos é, sem dúvida, um dos sofrimentos mais difíceis de lidar. O filósofo e especialista em estudos da mente humana, Fabiano de Abreu, acredita que fatalidades como essa, embora tristes e indesejadas, servem para nos lembrar que não somos eternos e que ninguém está livre da morte.

“A todo momento morrem milhares de pessoas no mundo e todos parecem perceber o quanto somos frágeis e como a vida que se espera ter — e um possível longo futuro — pode, em instantes, acabar no presente. Mas quando alguém muito próximo — um parente amado, um amigo querido — ou até quando uma pessoa ilustre, que está gozando de saúde e que possui uma estrela interior que, apesar dos anos, ainda brilhava com muita intensidade, e essa pessoa parte de uma maneira abrupta como essa, parece que sentimos mais forte essa finitude da vida”, disse o filósofo. 

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Fabiano também explica que a grande comoção e sensibilização com a morte de Gugu Liberato tem um motivo além da admiração que o público tinha por ele. 

"Não só porque perdemos um grande nome, um grande artista, mas também porque percebemos que, para morrer, basta estar vivo. Isso expõe a nossa fragilidade e que, apesar de parecermos absolutamente fortes ou poderosos, a morte repentina vem e sempre assusta. Mostra que o dinheiro não pode comprar nem mais um minuto de vida e que ele não cura o que a medicina ainda não resolve". 

Sabemos que a morte faz parte do ciclo natural das coisas. Todos nós nascemos, crescemos, constituímos famílias, nos realizamos pessoal e profissionalmente, envelhecemos e morremos. Essa é a lei da vida. Mas, apesar de sabermos que um dia partiremos e quem amamos também, nenhum de nós está realmente pronto para lidar com esse fato.

O que é o luto?

Foto: Divulgação
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A psicologia entende que o luto é um processo imprescindível e não se trata apenas de superação ou esquecimento, mas de readaptação a uma nova realidade. 

"Quando a morte ocorre de forma trágica e repentina, tende a causar inúmeras alterações na vida de uma pessoa, acarretando, muitas vezes, prejuízos e alterações, principalmente, no funcionamento emocional e cognitivo", explica a psicóloga Carolini Monte Cavallini. 

Um processo adequado de luto varia de seis meses a dois anos. Entretanto, a partir do sexto mês, já é possível verificar se existem sintomas de depressão. 

Se possível, os processos de luto devem ser acompanhados por profissionais da saúde. Nunca é demais lembrar que um psicólogo ou um profissional da saúde irá priorizar o acolhimento e a escuta do paciente. 

No entanto, assim que possível, o tratamento evolui com estratégias como automonitoramento, treino de habilidades sociais, estratégias de enfrentamento e reestruturação cognitiva.

A verdade é que ninguém nasce sabendo lidar com a perda, com a separação, com o fim de uma vida.

Fases do luto

1. Negação: A pessoa sabe o que aconteceu, mas não permite que o sentimento se manifeste;

2. Revolta: A pessoa procura culpados pela perda, às vezes culpa a si mesmo;

3. Barganha: A pessoa tenta negociar, diz que vai mudar, qualquer coisa para que as coisas voltem ao que eram;

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4. Depressão: É quando o sentimento de perda realmente aflora, sendo um período de isolamento e conscientização de que a perda é inevitável;

5. Aceitação: A pessoa compreende e aceita o que aconteceu, com serenidade, e passa a preencher o vazio deixado pela perda.

Lidando com as emoções

"A morte acarreta uma série de sentimentos que fazem parte do processo do luto. E o luto precisa ser vivido! Porém, se não cuidamos, vamos nutrir emoções maléficas e destrutivas, que podem ocasionar doenças como a solidão, a baixa autoestima, o estresse, a depressão e até mesmo o pensamento de desencorajamento diante da vida", disse a psicóloga. 

Existem duas opções: mergulhar num lago profundo de dor, tristeza e lembranças dolorosas constantes, que podem nos impedir de viver uma vida saudável, causando mal para a nossa mente e corpo, ou escolher suportar a dor com a certeza de que somos maior do que ela. 

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Ver com um certo otimismo para que possamos ter forças para prosseguir. Isso é aceitar a perda, mas lembrar que a vida continua, que os seus sonhos continuam e que os sonhos daquele que partiu também podem continuar através da sua vida e das suas ações.

Cultive boas recordações

A pessoa que se foi sempre fará parte da sua vida, da sua história, mesmo não presente fisicamente. Por isso, tente cultivar apenas boas lembranças e recordações. Isso pode te fortalecer e restaurar a sua fé.

A pessoa que partiu jamais será esquecida, mas é importante ter em mente que qualquer um que já não esteja entre nós gostaria que seguíssemos em frente, que continuássemos nossas jornadas com fé e otimismo, guardando apenas a saudade e a esperança de que a vida vale a pena mesmo assim.

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