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ENTREVISTA

"Informação ajuda a salvar vidas", diz oncologista sobre Outubro Rosa

Nesta entrevista especial de domingo, a médica Cíntia Givigi fala sobre o câncer de mama e a importância do diagnóstico precoce

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
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Foto: Arquivo pessoal - Arte Folha Vitória
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Todos os anos a cena se repete: tamanha importância, não somente o Brasil, mas o mundo inteiro se veste de rosa no mês de outubro. O Outubro Rosa, é símbolo de conscientização e alerta sobre o câncer de mama

Com o objetivo de chamar a atenção da população sobre a importância da prevenção e também do diagnóstico precoce da doença, o movimento alerta para o tipo de câncer mais comum entre as mulheres do mundo inteiro, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Motivar as mulheres a buscarem os exames regulares de rastreio e a cuidarem da saúde é primordial quando se fala em chances de cura. 

Em casos de um diagnóstico positivo para a doença, enfrentá-la com determinação, conhecimento, coragem e esperança é mais que necessário. 

Na reportagem especial deste domingo (04), a reportagem do Folha Vitória ouviu a médica Cíntia Givigi, Oncologista Clínica do Hospital Santa Rita - foco em tumores femininos. 

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A especialista falou sobre a doença, os principais sintomas, fatores de risco e tratamentos, além da necessidade de investir mais em políticas públicas de prevenção e o acesso ao diagnóstico e tratamento precoce para reduzir o número de mortes pela doença.

Cíntia é médica graduada pela Emescam, no Espírito Santo, Oncologista Clínica pelo AC Camargo Câncer Center, em São Paulo e Membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.

O que é o câncer de mama?

Cíntia Givigi - O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos.

Há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem lentamente. 

A maioria dos casos, quando tratados adequadamente e na fase inicial da doença, apresentam mais de 90% de chances de cura e possibilitam melhores resultados estéticos.

Quais fatores podem desencadear a doença?

O câncer de mama não tem uma causa única. Diversos fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença, sendo os principais: idade, fatores endócrinos/história reprodutiva, fatores comportamentais/ambientais e fatores genéticos/hereditários.

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* IDADE - Mulheres a partir dos 50 anos de idade têm maior risco de desenvolver câncer de mama, devido ao acúmulo da exposição aos fatores de risco ao longo da vida, como do próprio envelhecimento das células.

* FATORES ENDÓCRINOS/HISTÓRIA REPRODUTIVA - história de menarca precoce (idade da primeira menstruação menor que 12 anos), menopausa tardia (após os 55 anos), primeira gravidez após os 30 anos, nuliparidade, uso de contraceptivos orais (estrogênio-progesterona) e terapia de reposição hormonal pós-menopausa (estrogênio-progesterona).

* FATORES COMPORTAMENTAIS/AMBIENTAIS - incluem a ingesta de bebida alcoólica, sobrepeso e obesidade, inatividade física e exposição à radiação ionizante.

O tabagismo, fator estudado ao longo dos anos com resultados contraditórios, é atualmente classificado pela International Agency for Research on Cancer (IARC) como agente carcinogênico com limitada evidência para câncer de mama em humanos. São evidências sugestivas, mas não conclusivas, de que o fumo possivelmente aumenta o risco desse tipo de câncer.

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* FATORES GENÉTICOS/HEREDITÁRIOS - Mulheres que possuem vários casos de câncer de mama e/ou pelo menos um caso de câncer de ovário em parentes consanguíneos, sobretudo em idade jovem, ou câncer de mama em homem parente consanguíneo, podem ter predisposição hereditária e são consideradas de risco elevado para a doença.

O câncer de mama de caráter hereditário corresponde de 5% a 10% do total de casos. Os fatores genéticos associados a essa predisposição foram relacionados à presença de mutações em determinados genes.

É possível prevenir?

Sim, é possível. A prática de atividade física, a manutenção do peso corporal adequado, por meio de uma alimentação saudável, e evitar o consumo de bebidas alcóolicas estão associados à redução do risco de desenvolver câncer de mama. A amamentação também é considerada um fator protetor.

Quais os principais sintomas?

* Caroço (nódulo) nos seios, geralmente endurecido, fixo e indolor.

* Pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos.

* Também podem aparecer pequenos nódulos (caroços) no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).

Tem tratamento? Quais?

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O câncer de mama, quando diagnosticado e tratado em fase inicial tem mais de 90% de chances de cura. O tratamento consiste em quimioterapia, hormonioterapia, radioterapia, cirurgia ou a utilização de todos esses métodos de forma conjunta.

O melhor tratamento e a ordem que ele deve ser realizado, por exemplo, iniciar com quimioterapia ou cirurgia, será individualizado e escolhido pela equipe médica que acompanha a paciente.

A equipe consiste em um oncologista clínico, um cirurgião oncológico/mastologista e radioterapeuta. 

Importante lembrar que o tratamento oncológico é multidisciplinar e que cada caso sempre deve ser discutido por todos os profissionais envolvidos neste processo. Dessa forma, é obtido um melhor resultado do tratamento e cura da paciente.

O câncer de mama é curável?

Sim, é altamente curável, com mais de 90% de chances de cura para os casos tratados precocemente, ou seja, em fase inicial.

Existem fatores de risco? Quando é preciso ficar mais atenta?

Os principais fatores de risco são a idade, os fatores endócrinos/história reprodutiva, fatores comportamentais/ambientais e os fatores genéticos/hereditários. Todos esses que explicamos na segunda pergunta.

No que diz respeito à atenção, eu diria que sempre que notar algo estranho na mama, procure seu médico. 

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Nem sempre um caroço, sinal ou mancha significa que é um câncer. Mas se for, quanto mais cedo tratar, melhores as chances de cura.

O câncer de mama também atinge homens?

Sim. O câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença.

Qual a importância da mamografia, da ultrassonografia de mamas e do autoexame?

A importância da mamografia é para o diagnóstico precoce da doença. A ultrassonografia da mama é usada como complemento da mamografia, principalmente em mulheres mais jovens e com mama densa.

E o autoexame, atualmente, entendemos que o mais importante é o auto conhecimento do seu corpo. 

Não precisa ser uma orientação sistemática, uma técnica específica de se autoexaminar e sim de conhecer o seu corpo, a sua mama e sempre se palpar e, ao notar algo estranho ou diferente da normalidade, procurar um serviço médico.

É importante informar às mulheres e aos profissionais da saúde sobre o reconhecimento dos sinais e sintomas do câncer de mama, bem como organizar a rede de atenção para garantir o acesso rápido e facilitado ao diagnóstico e tratamento da doença.

A estratégia mais importante é a detecção precoce do câncer de mama, feita por meio do rastreamento mamográfico.

Além de estar atenta ao próprio corpo, é recomendado pelo Ministério de Saúde que mulheres de 50 a 69 anos façam uma mamografia de rastreamento a cada dois anos.

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Algumas sociedades médicas, como a Sociedade Brasileira de Mastologia, recomendam a realização anualmente a partir de 40 anos de idade. A mamografia ajuda a identificar o câncer antes de a pessoa ter sintomas.

A mamografia de 50 a 69 anos, com periodicidade bienal, é a rotina adotada na maioria dos países que implantaram o rastreamento organizado do câncer de mama e baseia-se na evidência científica do benefício desta estratégia na redução da mortalidade neste grupo.

Para mulheres com risco elevado de câncer de mama, ou seja, que têm casos de câncer de mama na família, recomenda-se que tenham acompanhamento médico individualizado, pois não há ainda uma recomendação específica para esse grupo, da periodicidade e quando iniciar a realização da mamografia.

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É preciso investir mais em políticas públicas de prevenção e acesso ao diagnóstico e tratamento precoce para reduzir o número de mortes pela doença?

Sim. Nós temos hoje muita informação circulando em redes sociais, internet, mas ao mesmo tempo muitas informações erradas ou sem se aprofundar sobre a doença.

Investir em informação/campanhas para orientar a população quanto aos reais fatores de risco e como evitá-los, irá reduzir a incidência do câncer de mama. 

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E, se junto a isso, aliarmos a orientação sobre a importância da realização de mamografia para o diagnóstico precoce, trataremos as pacientes que tem o câncer de mama de forma mais precoce, com menor custo e com maior chance de cura.

Então, considero que o principal a ser feito é o que fazemos no Outubro Rosa: orientar a população e a comunidade médica quanto aos fatores de risco para obtermos a prevenção do câncer de mama e, também, destacar a importância da realização da mamografia.

Qual a importância do Outubro Rosa?

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A informação ajuda a salvar vidas. O movimento Outubro Rosa leva informação, orientação e alerta a população sobre a importância dos exames periódicos e de procurar assistência médica regularmente e, principalmente, quando perceber algum sintoma diferente em seu corpo.

O alerta do Outubro Rosa serve para todos os tipos de doença, pois procurar tratamento em fase inicial de qualquer doença aumenta efetivamente as chances de cura.

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