Conheça os benefícios da fisioterapia para as crianças
Para além da parte física, a fisioterapia pode ser uma ótima aliada dos pequenos quando o assunto é desenvolvimento e alfabetização
Recuperação, reabilitação e estímulo são alguns dos objetivos da fisioterapia. Apesar de ser bastante conhecida entre os mais experientes, essa área da ciência consegue unir os mais diferentes benefícios para a saúde humana, inclusive para os mais novos, antes mesmo deles completarem um ano de vida.
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Muito além da parte física, a fisioterapia pode ser uma ótima aliada dos pequenos quando o assunto é desenvolvimento, pois através dela, é possível até mesmo garantir uma alfabetização mais eficiente.
Para a fisioterapeuta e especialista em fisioterapia pediátrica Paula Santos Araújo, a fisioterapia é uma área bastante ampla que, de maneira geral, busca trazer de volta o funcionamento de diversas áreas do corpo, seja na parte física, sensorial e até mesmo social.
“Trata-se de uma reabilitação. A fisioterapia recapacita você em todas as funções vitais do corpo. Tanto que existem várias áreas de atuação como respiratória, neurológica, ortopédica, pediátrica, oncológica, dentre outras."
No mundo das crianças, esses benefícios são ainda mais intensos e importantes, considerando que os pequenos estão em fase de formação. Paula ressalta que a fisioterapia infantil pode ser utilizada com o foco no neurodesenvolvimento da criança e, em alguns casos, esse trabalho pode começar bem cedo, antes mesmo de um ano de vida.
“A primeira infância, fase que compreende de zero a sete anos, é onde a gente consegue captar mais resultados. É quando conseguimos jogar informações a essa criança para que ela tenha sucesso para toda vida, e são as informações motoras que iniciam toda a funcionalidade da criança”, disse.
Quando preciso levar a criança na fisioterapia?
O acompanhamento fisioterapêutico surge a partir de uma necessidade que, em boa parte dos casos, é percebida por algum profissional. No caso das crianças, o pediatra.
“Geralmente esses casos surgem a partir do encaminhamento do pediatra, mas existem casos de pais que fazem questão de levar a criança direto à fisioterapia para ver se ela está no marco de desenvolvimento, que seriam as fases que a criança deve cumprir ao longo do seu crescimento”, apontou.
Importância de estimular a criança em diferentes ambientes
Seja por medo, preocupação ou falta de informação, é normal encontrar pais que costumam ficar com a criança sempre no colo. Apesar de ser um gesto de carinho e atenção, Paula reforça que essa prática, em excesso, pode atrasar o desenvolvimento da parte motora e impedir que a criança seja estimulada.
“Alguns pais têm a tendência de ficar com a criança no colo, não colocar no chão porque é perigoso, mas a criança precisa explorar o ambiente. Ela só se desenvolve se tiver algum ambiente para ela explorar, seja por meio da visão ou por meio do tato”, disse.
“Nossa parte sensorial mais fina é nas mãos e nos pés. As crianças descobrem as sensações pelas mãos e pelos pés, então quando eu impeço meu filho de colocar os pés e as mãos no chão eu estou cortando esse sensorial.”
Dificuldade na alfabetização pode ter relação com o atraso no desenvolvimento motor
Outra curiosidade, ou benefício, da fisioterapia para as crianças é que o desenvolvimento da parte motora está diretamente ligado ao processo de alfabetização, momento de grande importância para o futuro dos pequenos.
A fisioterapeuta Paula aponta que a explicação para esse fato está na formação do sistema nervoso humano.
“Tudo começa na parte motora porque nosso sistema cortical se desenvolve primeiro na parte motora, depois na sensitiva e, por último, na parte cognitiva. Se não tem a parte motora totalmente amadurecida, isso pode impactar na fala, que também corresponde à parte motora”, explicou.
Esses casos, segundo a terapeuta, podem ser facilmente percebidos nas escolas. Paula afirma que, se a criança não possui um bom equilíbrio (baixo desenvolvimento motor) ela, consequentemente, não vai escrever ou ler como deveria.
“Se você não tem um bom desenvolvimento da parte motora, que é o que amadurece todo o córtex, você não consegue pensar, com isso, não tem a parte da fala completa e também não consegue amadurecer o pensamento. Tudo está conectado.”
“Às vezes ele ficava em pé, mas não andava”
Mãe de dois filhos, a empresária Fabíola Rondow, de 49 anos, conta que começou a se preocupar com o desenvolvimento do filho mais novo ao perceber que havia algo de diferente com ele. Ao completar um ano, o pequeno Lucca Rondow, hoje com seis anos, ainda não andava.
Por ter um filho mais velho, de 24 anos, a mãe lembra que nesta fase o outro rapaz já caminhava e, por isso, começou a notar um possível atraso, fato contrariado por alguns médicos.
“Às vezes ele ficava em pé, mas não andava. Quando completou um ano eu fiquei preocupada e sempre perguntava para a pediatra e ela dizia que era normal e que tinha crianças que demoravam a andar”, lembrou a empresária.
Desde novinho, antes mesmo de um ano, Lucca já fazia acompanhamento fisioterapêutico.
Com cerca de seis meses, ele desenvolveu uma crise de bronquite e, por isso, fazia sessões de fisioterapia respiratória.
Porém, a partir dessas sessões, Fabíola decidiu dar início a outro atendimento, agora, direcionado à parte motora do menino.
E foi a partir daí, após um acompanhamento de aproximadamente um ano e meio, que ela logo percebeu a diferença.
“Logo em seguida eu já vi o resultado. Ele corre pula, às vezes ficava inseguro, mas depois começou a andar normalmente e eu não vi mais problema no caminhar dele”, disse a mãe.
“Se não fosse a fisioterapia ele não estaria andando”
Natural de Resplendor, em Minas Gerais, a dona de casa Tamires de Freitas Alves Evangelista, de 32 anos, sabe e vive a importância da fisioterapia todos os dias dentro da sua casa.
Ela é mãe do Jefter Henrique de Freitas Silva, um menino de 10 anos que nasceu com paralisia cerebral.
“Quando ele tinha um ano e três meses a gente se mudou para o Espírito Santo e um dia, quando a gente passeava por Vitória, um parente meu me aconselhou para que eu levasse ele em uma consulta”, contou a mãe.
No início, com pouco menos de um ano de vida, Tamires lembra que o filho quase não se mexia. “Ele não conseguia se firmar sentado, ficava mole e só se arrastava de barriga.”
Mas tudo mudou quando Jefter deu início ao acompanhamento fisioterapêutico. As diferenças foram nítidas desde os primeiros atendimentos. A mãe reforça que a fisioterapia mudou a vida do filho e dela.
“Começamos o tratamento, e graças a Deus, a criança que não ia andar, hoje anda, ele tem sequela mas anda, pega as coisas e ele é um menino muito ativo. Ele começou a ter mais firmeza, mais equilíbrio na postura, começou a parar sentado e sustentar o tronco. Se não fosse a fisioterapia ele não estaria andando”, afirmou a dona de casa.
O pequeno Jefter nunca precisou usar qualquer tipo de aparelho e os benefícios durante a fisioterapia foram tantos que, agora, além de andar por toda a parte sozinho, ele está jogando bola na escola.
“Fisioterapia é vida”
A luta ainda não acabou. O acompanhamento de Jefter começou quando ele tinha por volta de um ano e quatro meses. Hoje com 10 anos, ele ainda continua fazendo as sessões e as mudanças continuam sendo motivo de alegria para a mãe.
“Foi um avanço muito grande. Eu não sei o que seria da minha vida sem a fisioterapia. Eu valorizo muito porque fisioterapia é vida e eu falo porque vejo o dia a dia do meu filho. Um menino que não andava e nem sentava”, diz a mãe emocionada e orgulhosa por acompanhar diariamente as conquistas do filho.