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Saúde

Terapia imune contra câncer leva Prêmio Nobel de Medicina

Prêmio de um milhão de reais será dividido por dois imunologistas ganhadores do prêmio

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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A esquerda o japonês Tasuku Honjo e a direita o americano James P. Allison. 
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Os pesquisadores James P. Allison, dos EUA, e Tasuku Honjo, do Japão, foram laureados nesta segunda-feira (01), com o prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia pela descoberta de uma terapia contra câncer por inibição da regulação imunológica negativa.

Allison, de 70 anos, chefe do Departamento de Imunologia do MD Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas, estudou uma proteína que funciona como um freio para o sistema imunológico. O pesquisador percebeu o potencial de soltar esse freio e assim liberar as células imunológicas para atacar tumores. Ele desenvolveu esse conceito em uma nova abordagem para o tratamento de pacientes.

Honjo, de 76 anos, da Universidade de Kyoto, descobriu uma proteína nas células do sistema imunológico e revelou que ela também funciona como um freio, mas com um mecanismo de ação diferente. Terapias baseadas em sua descoberta mostraram-se surpreendentemente eficazes na luta contra o câncer.

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Para os organizadores da premiação, a descoberta laureada neste ano constitui um marco na luta contra o câncer por estimular a capacidade do sistema imunológico de atacar as células cancerígenas soltando os freios das células do sistema imunológico.

Os dois imunologistas vão dividir o prêmio de 9 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1 milhão).

Sem freios

Para os organizadores do Nobel, ao estimular a capacidade do nosso sistema imunológico de atacar células tumorais, os pesquisadores estabeleceram um princípio inteiramente novo para enfrentar o câncer, trazendo mais alternativas às tradicionais terapias, como cirurgia, radioterapia, quimioterapia.

Tentativas de estimular o sistema imune para esse fim, lembra o comitê do Nobel, já vinham ocorrendo desde o final do século 19. Em uma delas, por exemplo, bactérias eram usadas para infectar o paciente e assim acionar suas defesas naturais. Mas os efeitos sempre foram modestos.

Ocorre que o princípio de funcionamento do sistema imunológico está baseado no reconhecimento do que são células próprias do corpo das que são invasoras, como uma bactéria ou um vírus, para assim poder atacá-las e eliminá-las. Células cancerígenas, como são mutações das nossas próprias células, acabam confundindo as defesas do corpo.

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Os dois pesquisadores estudaram, de modo independente, proteínas que atuam como uma espécie de freio das chamadas células T do sistema imune.

Allison foi o primeiro, no início dos anos 1990, a investigar o funcionamento da proteína conhecida como CTLA-4, que tem essa função de se ligar à célula T, impedindo sua ação.

A proteína já estava na mira de vários pesquisadores como um possível alvo para o tratamento de doenças autoimunes, mas o americano foi o primeiro a ver uma forma de bloquear a proteína, para assim liberar o sistema imune para atacar as células de câncer.

Nos primeiros testes com camundongos, os resultados foram promissores. Allison e equipe conseguiram curar os animais com o uso de anticorpos que impediam esse freio natural, liberar a atividade das células T. Mais pesquisas foram feitas até chegar aos testes clínicos com seres humanos. Em 2010, um deles conseguiu o efeito esperado em pacientes com melanoma (câncer de pele) avançado. Os sinais da doença desapareceram em vários pacientes.

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O trabalho de Tasuku Honjo teve início em 1992, um pouco depois dos primeiros achados Allison. Ele descobriu que uma outra proteína, a PD-1, também funciona como um frio para as células T, mas em um mecanismo diferente do que faz a CTLA-4.

Em 2012, um estudo clínico demonstrou eficácia no tratamento de pacientes com diferentes tipos de câncer. Houve remissão a longo prazo e possível cura em vários pacientes, inclusive em alguns com câncer já metastático, condição até então considerada intratável.

Para o comitê do Nobel, as possibilidades de tratamentos que se seguiram às descobertas "mudaram fundamentalmente o resultado para certos grupos de pacientes com câncer avançado". Os organizadores lembram que, como ocorre com outras terapias, há efeitos colaterais que podem até mesmo colocar em risco a vida dos pacientes. Em alguns casos foi observada uma resposta imune hiperativa, mas em geral são gerenciáveis.

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O prêmio é entregue pelo Instituto Karolinska, na Suécia, e abre a temporada de 2018 do Prêmio Nobel. Nesta terça-feira, 2, será a vez de Física e na quarta, 3, de Química. Na Sexta-feira (5) será entregue o da Paz. E na Segunda-feira da semana que vem, dia 8, o de Economia.

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