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Concentração de profissionais cria "desertos" de saúde no interior do ES

A região metropolitana concentrou 4.608 estabelecimentos de saúde, o que corresponde a 48,01% do total do Estado, levando em consideração a divisão regional de saúde do ES

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
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Foto: Ana Carolina Monteiro/Folha Vitória
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Uma pesquisa apresentada na manhã desta segunda-feira (23), no auditório da Fecomércio-ES, retrata o panorama da saúde capixaba no período de 2020-2024. Parte do chamado Connect, ela integra o projeto que mapeia dados do comércio de vários setores da economia, como comércio de bens, serviços, turismo e os mais recentes: saúde e comércio exterior.

O número de estabelecimentos de saúde apresentou um aumento de 27,5% nos últimos 5 anos, inclusive, superando a média nacional (21,3%). Em sua maioria são privados, com gestões municipais e não possuem convênio com o SUS. E a concentração dos profissionais de saúde é maior nas grandes cidades.

No âmbito da saúde, o objetivo do levantamento é apresentar dados, trimestralmente, que possam contribuir para a tomada de decisões estratégicas nos setores público e privado. O setor vem se destacando pelo amplo crescimento no Espírito Santo

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Porém, é a concentração desses estabelecimentos em determinadas regiões que mais chama a atenção: para todos os anos analisados, a região que concentra o maior número deles é a metropolitana, com 4.608, o que corresponde a 48,01% do total do Estado. 

De acordo com a pesquisa, reflexo da alta densidade populacional e, portanto, grande demanda de serviços.

Se por um lado o número de estabelecimentos de saúde, de modo geral, apresentou um crescimento, pelo outro, ao olharmos os números exclusivamente da Atenção Básica, de janeiro de 2020 a janeiro de 2024, houve uma queda de 31,30%.

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"Creio que essa diminuição de estabelecimentos de Atenção Básica, de deva, provavelmente, no sistema privado, a uma reclassificação de serviços no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde e/ou ao fechamento de serviços desse nível de atenção", avalia Thiago Sarti, médico da família e comunidade, coordenador do programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Ufes. 

Já no cenário público, Thiago acredita que possa ter havido um reajuste feito pelos municípios. 

"Pode ter havido um reajuste que os municípios fizeram em serviços que chamamos de pontos de atenção, que são aqueles serviços conectados de alguma forma a Unidades Básicas de Saúde e eles reclassificam dentro da CNES, e isso aparece como uma diminuição".

Atenção Básica: cobertura chega a 70% no ES

A pesquisa revela também que, a cobertura no sistema público é de 70%, quando se trata da Atenção Básica, porém, o Estado tem um grande desafio pela frente:  aumentar essa cobertura, principalmente, nos municípios grandes da região metropolitana e do interior. 

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Isso porque os municípios menores já apresentam coberturas bem próximas a 100%. O desafio, então, está nas localidades com uma população entre 50-100 mil habitantes.

ES é o 4º estado com maior densidade de médicos do Brasil

O Espírito Santo ocupa o 4º lugar no ranking dos estados brasileiros com maior densidade de médicos com 3,6 profissionais para cada 1 mil habitantes. Em Vitória, capital do Estado, esse número chega a 18,7, ocupando o primeiro lugar entre as capitais do país.

"Quando a gente olha o Espírito Santo, a densidade é 3,6, a gente está em 4º, comparado com outros estados. Mas quando a gente olha Vitória, é a Capital que mais concentra médicos no país, a gente está em 1º lugar. Se a gente for pensar em dentistas, é a maior concentração de dentistas do mundo, é para além do Brasil", explica Ana Carolina Júlio, responsável pelo Eixo Observa do Connect.

Um número que retrata a preferência desses profissionais por viverem em áreas urbanas, que ofereçam mais qualidade de vida, com acessos maiores à educação, lazer e serviços, por exemplo.

Isso acaba refletindo diretamente nos municípios do interior já que acabam desfalcados pela mão de obra especializada, gerando uma espécie de "deserto". 

A dificuldade de fixar os profissionais nessas regiões mais distantes dos grandes centros levando a uma desigualdade na distribuição de médicos nos municípios apresenta-se, na pesquisa, como um importante eixo a ser superado.

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O Connect é uma parceria da Fecomércio-ES com a Faesa, Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti-ES), Fapes e Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI).

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