Urticária acomete 1,4 milhão de brasileiros e é confundida com alergia
O principal inimigo da doença é a falta de informação que menospreza a doença, aumentando sua gravidade
A urticária é uma doença de pele facilmente confundida com alergia. Menosprezada por boa parte da população por falta de conhecimento, pode ser muito grave e levar a uma qualidade de vida muito ruim, sendo pior do que em pessoas que têm lepra (hanseníase) ou psoríase. A doença, e especificamente seu caso mais grave, a Urticária Crônica Espontânea (UCE), acomete mais de 1 milhão de brasileiros, mas ainda pouco diagnosticada.
Sintomas
A UCE se manifesta com lesões avermelhadas que formam placas elevadas na pele (urticas) e coçam a ponto do paciente não conseguir manter suas atividades diárias como trabalhar, estudar ou até mesmo dormir. Muitas vezes também se manifesta com inchaço dolorido em partes do corpo (angioedemas), que podem ou não ser acompanhados da coceira. As manchas, associadas à coceira, desaparecem em até 24h sem deixar marca, reaparecendo em outras áreas da pele, dando uma sensação de que estão andando pelo corpo.
Quando esse surgimento de urticas e/ou angioedema ultrapassa seis semanas, estamos diante do que os médicos classificam como uma urticária crônica e, em aproximadamente 66% dos casos, trata-se de uma Urticária Crônica Espontânea (sem um gatilho externo para seu surgimento, assim como outras doenças autoimunes).
Um dos principais problemas da doença é que o diagnóstico ainda é muito demorado. Facilmente confundida com alergia, boa parte dos pacientes levam anos até que um médico especialista- geralmente alergista ou dermatologista- identifique a UCE.
Dados
Uma pesquisa inédita realizada pela Ipsos no Brasil a pedido da Novartis, em março de 2018, apontou que 91% da população desconhece totalmente a doença. Das pessoas que dizem já terem ouvido falar da UCE, a grande maioria dos entrevistados atribuem a causa da doença a mitos como estresse, alimentos, produtos de limpeza e cosméticos.
Grande parte dos pacientes no Brasil relatam que levam anos para chegarem a um diagnóstico correto e, em razão disso, 67% dos pacientes desistem de procurar um médico.
Tratamento
Enquanto não são diagnosticados com a doença, muitos pacientes são medicados erroneamente com corticoides, analgésicos e anti-inflamatórios e voltam repetidas vezes em pronto-atendimentos que não resolverão o problema. O tratamento correto inicial é feito com anti-histamínicos não sedantes (2ª geração) e, para pacientes que não apresentem melhora, associa-se um medicamento imunobiológico disponível no Brasil.
Quem tem sintomas recorrentes parecidos com uma alergia, que não conseguem descobrir a causa, precisa antes de tudo buscar um médico especialista (alergista ou dermatologista). Há também centros de excelência de UCE (UCARE) no mundo todo, inclusive no Brasil.
Com o tratamento correto, estima-se que 92% dos pacientes ficam livres dos sintomas e podem voltar a ter uma vida normal, vivendo com uma qualidade de vida equivalente à de uma pessoa sem a doença.