Fertilização in vitro: 50% das mulheres tem sucesso com o tratamento
Medicina reprodutiva evolui e estima-se que mais de 8 milhões de crianças tenham nascido de fertilização in vitro
Neste ano, completam-se 40 anos da técnica de fertilização in vitro. A data é comemorada com o aniversário do primeiro bebê de proveta no mundo, Louise Brown. E, desde então, estima-se que tenham nascido mais de 8 milhões de pessoas por meio do tratamento. O que indica a evolução da medicina reprodutiva pois o processo foi aperfeiçoado e a taxa de sucesso que girava em torno de 5%, atualmente chega a 50%.
Antigamente, o óvulo encontrava o espermatozoide em uma proveta. Atualmente, uma pequena placa de vidro é usada para manipular o que vai se tornar uma nova vida.
A indução da ovulação também foi um avanço, já que no início as fertilizações in vitro dependiam dos ciclos espontâneos da mulher, obtendo-se apenas um óvulo por mês. Com os hormônios indutores da ovulação, é possível captar vários óvulos, o que aumenta as chances de sucesso do tratamento.
De acordo com a ginecologista e doutora em reprodução humana, Layza Merizio Borges, essa não foi a única evolução. “Com o advento da ultrassonografia, a coleta de óvulos também se tornou mais confortável para a mulher. Antes, era preciso realizar uma cirurgia por laparoscopia, sendo necessária uma incisão no abdômen para captar o óvulo, hoje a coleta é feita via vaginal, guiada por ultrassom, sendo um procedimento minimamente invasivo”, explica a especialista.
Além disso, o ultrassom é essencial para avaliar o desenvolvimento dos folículos ao longo do estímulo hormonal, para avaliar o endométrio (camada do útero em que o embrião se implanta) e para guiar a transferência embrionária intrauterina.
A ginecologista Layza Merizio Borges, responde as perguntas a respeito das dúvidas sobre os métodos de fertilização:
Quando as pessoas devem buscar um especialista em reprodução humana?
Quais exames devem ser realizados para detectar a infertilidade?
Exames hormonais, pesquisa de doenças infecciosas, ultrassom endovaginal, espermograma e histerossalpingografia.
Quais os métodos utilizados para o tratamento da infertilidade?
Orientações quanto ao período fértil, ajustes hormonais, indução da ovulação para Coito Programado, Inseminação Intra Uterina e Fertilização in vitro.
Quais recomendações para casais que queiram engravidar?
Não percam tempo, pois a reserva de óvulos nos ovários tende a cair progressivamente com o passar dos anos, processo que é irreversível.
Qual o grau de satisfação das mulheres?
A taxa de sucesso do tratamento de fertilização in vitro chega a 50%.
De que forma psicológica o companheiro pode ajudar a mulher durante o processo? Pergunta respondida pela psicologa Arielle Nascimento
Devemos entender nessa nova visão ampliada de cuidado que a infertilidade é do casal, embora as causas possam ser biologicamente diagnosticadas no corpo da mulher ou no corpo do homem ou ainda nos dois. Cada um está envolvido e sofre o efeito dessa infertilidade de forma singular. É interessante ter sintonia entre o casal que vai passar pelo tratamento da fertilização.
"Os casais que passam por tratamentos para ter um filho têm uma trajetória de tentativas, de investigações, de medo, de ansiedade, de lutos. Às vezes, a mulher passou por abortos repetitivos, é um casal que chega fragilizado, com aspectos emocionais oscilando, um casal ansioso. E aí quando você coloca esse casal para fazer o tratamento temos que considerar os aspectos psicológicos. Sem dúvida, quando é a mulher que passa pelo tratamento, ela vai sentir mais no corpo os efeitos medicamentosos do tratamento, mas a gente tem que entender que o homem tem o seu papel, que não é o lugar de favor, de ajuda, é o lugar de uma pessoa que está nesse processo de tratamento da infertilidade. Ele deve acompanhar as consultas e a coleta de óvulos. Isso não é apoio, é a função dele, desse homem que quer ser pai", completou.
A ginecologista, Layza Merizio Borges realizou um estudo e identificou uma inovação- a ultrassom tridimensional transvaginal para contagem de folículos antrais e para aferição do volume endometrial. “Em nosso estudo, conseguimos comprovar que a ultrassonografia transvaginal tridimensional é superior na avaliação da receptividade endometrial, quando comparada à ultrassonografia transvaginal bidimensional, usada de forma rotineira no processo, uma vez que possibilita uma avaliação espacial mais exata do volume do endométrio e da sua vascularização, melhorando a habilidade de predizer a receptividade endometrial e aumentando a taxa de sucesso gestacional em cerca de 40%”, esclarece Layza, que aplica na prática sua descoberta, realizando o exame em todas as suas pacientes que se submetem à fertilização in vitro.
Infertilidade masculina:
Para os casos de infertilidade masculina há a Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide (ICSI), que consiste na introdução de um único espermatozoide, previamente selecionado, dentro do óvulo, favorecendo a fertilização. “Com a ICSI é possível alcançar a gravidez em casos de alterações seminais severas e vasectomia, por exemplo”, afirma a médica.
Conheça outros tratamentos
Coito Programado – É a forma de tratamento mais simples para infertilidade, estando indicado nos casos de anovulação crônica (síndrome dos ovários policísticos) e infertilidade sem causa aparente, em casais jovens. A técnica consiste em realizar indução da ovulação, administrando à paciente o medicamento citrato de clomifeno e monitorando e resposta ovariana com ultrassonografia transvaginal. Ao se observar presença de folículo pré-ovulatório, orienta-se o casal a praticar relações sexuais em dias alternados no período fértil. Em caso de atraso menstrual superior a uma semana dosa-se a gonadotrofina coriônica sérica para constatar gestação. Caso não haja sucesso, o tratamento pode ser repetido por até 6 ciclos. Apresenta taxa de sucesso semelhante ao ciclo natural (20%). É um tratamento de baixo custo e que está indicado em cerca de 25 % dos casais inférteis.
Inseminação Intrauterina (IIU) - A inseminação intrauterina envolve a inserção de espermatozoides móveis diretamente na cavidade uterina, que foi previamente coletado e preparado, imediatamente antes da ovulação. Assim, os espermatozoides chegam até os óvulos e trompas, ocorrendo a fertilização e formação do embrião. O procedimento é frequentemente recomendado como tratamento inicial e para os casos de baixa complexidade e indução da ovulação. Dependendo do caso, tratamentos de fertilidade mais complexos podem ser indicados.