Mitos e verdades sobre compulsão alimentar
Comer sem estar realmente com fome, de forma compulsiva, é um problema; especialista em obesidade esclarece as principais dúvidas sobre o assunto
A compulsão alimentar é uma doença frequente entre a população. Isso porque, muitos nem imaginam, mas ela está diretamente ligada à mente e ao equilíbrio emocional. As pessoas compulsivas sentem vontade de comer uma grande quantidade de comida, em pouco tempo, mesmo quando não estão com fome orgânica.
A especialista em obesidade Gladia Bernardi explica que vários motivos podem desencadear o problema. ”Estresse, dietas "milagrosas" que não deram resultado e geraram sentimento de frustração e vícios alimentares são algumas das causas que podem desencadear a doença. É preciso procurar tratamento com profissionais especializados. Mas a principal chave para tratar a compulsão está no cérebro, que precisa ser reprogramado para que criar uma nova relação com os alimentos”, explica.
Abaixo, Gladia lista os principais mitos e verdades sobre a compulsão alimentar:
O transtorno alimentar está na mente
VERDADE. Quando comemos por compulsão, ingerimos alimentos na maioria das vezes altamente calóricos, sem necessariamente estarmos com fome. E esse ato é totalmente impulsionado pelo psicológico, ou seja, o gatilho do comportamento compulsivo está na mente.
“Para se livrar desses impulsos alimentares, precisamos entender que a fome é uma necessidade humana e ingerir os alimentos apenas quando for de fato necessário. Claro que a pessoa não precisa se privar de comer um chocolate de vez em quando, por exemplo, mas é preciso ter equilíbrio e não descontar as emoções do momento na alimentação”, explica Gladia.
Compulsão alimentar não tem cura
MITO. Quando uma pessoa é diagnosticada com compulsão alimentar, deve aceitar que precisa de ajuda e procurar um tratamento. Existem especialistas que cuidam desses casos diariamente, como nutricionistas e psicólogos. O importante é enfrentar o problema.
“Praticar exercícios físicos também pode ser uma maneira para driblar a compulsão. Além de ajudar na saúde física, auxilia o nosso cérebro e promove o bem estar, como a compulsão alimentar é um problema psicológico, pode ser muito benéfico”, enfatiza.
O ‘gatilho’ da compulsão pode estar em fatores externos
VERDADE. Quem nunca se “esbaldou” na pizza quando está na companhia de amigos? Por mais que essa prática faça parte da vida de algumas pessoas de vez em quando, é preciso se atentar para não deixar que o “happy hour” de toda semana seja uma desculpa para comer mais e mais, fazendo com que a “comilança” torne-se um hábito e faça parte da rotina.
“As reuniões com familiares e amigos devem existir, é claro, porém, a comida não deve ser o protagonista a cada vez que houver um evento social. É importante lembrar que a ocasião tem como intuito principal rever um amigo, por exemplo, e não comer 5 pedaços de pizza”.
Consumir comidas calóricas em excesso pode levar à compulsão
VERDADE. Gladia explica que, às vezes, a pessoa nem sofre com transtornos alimentares, mas por estar acostumada a comer besteiras desde a infância, quando tentar emagrecer e ter uma alimentação mais saudável, percebe que os doces e alimentos pouco saudáveis- como os industrializados, que são pobres em nutrientes e contêm sódio, conservantes e outras substâncias que podem prejudicar a saúde- já viraram um vício.
“No momento em que inserimos um alimento como parte da nossa rotina, com o tempo, ele pode se tornar um vício. Esse pode ser o primeiro passo para uma compulsão alimentar”, diz.
Dietas radicais combatem a compulsão alimentar
MITO. Algumas pessoas podem desenvolver a compulsão devido à uma ideia obsessiva de emagrecer de forma rápida, aderindo a dietas que prometem ser ‘milagrosas’. “O problema de eliminar completamente alimentos do cardápio é que o cérebro não entende que o carboidrato, por exemplo, não faz mais parte da alimentação. Assim, passamos a ter ainda mais vontade de comer aquele prato de macarrão ou um sanduíche caprichado, mais do que o normal. O mesmo acontece com o doce. Ou seja, o radicalismo pode causar a compulsão, pois a pessoa se priva daquele grupo de alimentos, causando desequilíbrio”.
“Para mudarmos a nossa alimentação e perder peso, o ideal é entender que devemos comer apenas quando tivermos fome de verdade- o que chamamos de fome orgânica- e na quantidade necessária para saciar aquela fome. Comer a cada três horas, em pequenas quantidades e optando por lanches saudáveis, também é uma forma de driblar a compulsão, pois assim o cérebro irá entender que estamos sempre alimentados”, finaliza.