Teste do pezinho: entenda como é feito e quais doenças podem ser identificadas
Nesta terça-feira, 6 de junho, é comemorado o Dia Nacional do Teste do Pezinho. Saiba quais tipos existem e quando ele deve ser realizado no bebê
Ele é obrigatório em todo o território brasileiro desde 1992, ou seja, há 31 anos. E de tão importante, tem até data para ser celebrado: dia 6 de junho, Dia Nacional do Teste do Pezinho. Porém, o que nem todo mundo sabe é que o exame é uma ferramenta fundamental para o diagnóstico de doenças do sangue.
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Inclusive, bastam algumas poucas gotas de sangue retiradas do calcanhar do bebê para diagnosticar doenças genéticas e metabólicas que não foram identificadas durante a gestação. Em alguns casos, após a confirmação, o tratamento começa já nos primeiros dias de vida.
“É muito importante que todas as crianças passem por essa avaliação para não haver complicações nem sequelas das doenças que podem ser tratadas desde que devidamente identificadas”, ressalta o hematologista Douglas Stocco Covre.
O que é o teste do pezinho?
Disponibilizado gratuitamente através do Programa Nacional de Triagem Neonatal, o teste do pezinho é realizado na Apae Vitória. Trata-se de um direito de todo recém-nascido brasileiro.
Trata-se de um exame laboratorial bem rápido. Gotas de sangue são coletadas do calcanhar do bebê, ainda nos primeiros dias de vida, em papel filtro. É tão importante para a saúde que, diante de um resultado positivo para alguma das inúmeras doenças contempladas, pode impedir que elas se desenvolvam. Isso por que podem levar à deficiência intelectual e/ou gerar outros prejuízos que comprometam à qualidade de vida das pessoas.
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O teste pode ser feito em duas modalidade: o básico, que é gratuito e mapeia seis tipos de doenças e o ampliado, feito por meio de convênios ou particular. Nesse caso, segundo a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, a coleta acontece na sede do CEDAB, que fica na Apae Vitória. Diferentemente do gratuito, esse teste pesquisa mais de 50 patologias.
Conheça as 6 doenças identificadas na modalidade gratuita
1. Doença falciforme e outras hemoglobinopatias;
2. Fenilcetonúria;
3. Fibrose Cística;
4. Hipotireoidismo congênito;
5. Hiperplasia adrenal congênita;
6. Deficiência de biotinidase;
A coleta deve ser realizada nas Unidades Básicas de Saúde ou Unidades de Saúde da Família. Basta levar o bebê, de preferência, entre o 3°e 5° dia de vida. É importante também que devem ter se passado 48 horas da primeira amamentação/alimentação do recém-nascido.
Atualmente, o serviço de triagem neonatal estadual conta com 444 postos de coletas distribuídos nos 78 municípios do Espírito Santo. No caso do Teste do Pezinho Ampliado (convênio ou particular) a Apae Vitória realiza a coleta na própria sede.
O que é a doença falciforme, pesquisada no teste?
Entre as doenças genéticas no sangue do bebê, que podem ser identificadas no exame e precisam de tratamento ao longo de toda a vida, está a anemia falciforme.
Apesar de não ter cura, o tratamento promove uma boa qualidade de vida do paciente. Esta condição, de acordo com Douglas Stocco Covre, faz com que os glóbulos vermelhos percam a forma de disco e assumam o formato de foice. Como essas células têm a membrana alterada, rompem com mais facilidade levando à anemia.
O diagnóstico possibilita o início tratamento já durante o primeiro ano de vida da pessoa. “Neste estágio, são usados medicamentos que reduzem as chances de complicações futuras como crises de dor e o acometimento de órgãos como coração, rins e olhos”, explica o hematologista.
Sintomas
Enquanto em alguns indivíduos a doença apresenta sintomas leves, em outros os sinais são mais latentes. De maneira geral, costumam aparecer na segunda metade do primeiro ano de vida da criança.
- Crise de dor: mais frequente nos ossos e articulações, também pode se manifestar em outras parte do corpo. É o sintoma mais freqüente da doença falciforme, desencadeado pela obstrução de pequenos vasos sanguíneos pelos glóbulos vermelhos em forma de foice;
- Infecções: como as pessoas com a doença têm maior propensão a infecções, principalmente as crianças, com quadros de pneumonias e meningites, a vacinação é fundamental para prevenir estas complicações;
- Ferida de perna: ocorre próxima aos tornozelos e a partir da adolescência. Caso não sejam tratadas de maneira adequada, podem levar até mesmo anos para a cicatrizarem de maneira completa;
- Seqüestro do Sangue no Baço: o baço é o órgão do corpo humano responsável por filtrar o sangue. Em crianças com a doença, ele pode aumentar rápido, ao seqüestrar todo o sangue. Isso pode levar de maneira rápida à morte devido à falta de sangue para os outros órgãos, como o coração e o cérebro.
Teste do Pezinho X Síndrome de Down
É bastante comum as pessoas perguntarem se o teste do pezinho detecta a Síndrome de Down, uma vez que o Serviço de Triagem Neonatal (SRTN-ES) encontra-se dentro da Apae, porém, o exame não detecta a síndrome.
No caso de mais dúvidas e informações, basta acessar o site da APAE-ES clicando neste link.
Segundo Cristina Bravin, Farmacêutica e Coordenadora do Serviço de Triagem Neonatal da Apae Vitória, o mês de junho é todo dedicado à conscientização sobre o exame, é a campanha Junho Lilás.
"A idéia é que se crie uma rede de comunicação e divulgação sobre esse exame tão importante. A gente vê que ainda existe um desconhecimento sobre o teste do pezinho. Existem pessoas que acham que ele é aquele carimbo, feito com o pé do recém-nascido na maternidade. Só que na verdade, aquilo é a digital do bebê. Inclusive, por causa da falta de conhecimento, algumas mães chegam para fazer o exame em seus filhos após o período considerado ideal", destaca Cristina.
Cristina disse ainda que, ao longo do mês, a Associação vai divulgar inúmeras informações sobre o teste em suas redes sociais.
Na própria instituição serão realizadas orientações com profissionais que atuam no laboratório e ambulatório (serviço de Triagem Neonatal da Associação) com o objetivo de esclarecer as dúvidas pessoalmente, para quem assim desejar.
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