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Saúde

Endometriose afeta 1 em cada 10 mulheres no mundo, mas ainda é considerada um tabu

Ainda não há tratamento definitivo por falta de pesquisas científicas, dizem especialistas; doença afeta quase 200 milhões

Redação Folha Vitória
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Foto: Divulgação
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Apesar de afetar pelo menos 200 milhões de mulheres no mundo,  endometriose é considerada um tabu há muito tempo. Trata-se de uma doença crônica relacionada à menstruação, que está começando a ser levada a sério pelas autoridades, graças às vozes de muitas das afetadas.

Deambulação médica, medo e desamparo. Foi o que sentiu por muito tempo Lorena García, uma espanhola de 30 anos com endometriose, doença que atinge uma em cada dez mulheres no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Tudo começou há mais de dez anos, quando, de repente, García sentiu fortes dores durante a menstruação. Aí começou a jornada que a levou a visitar uma dúzia de médicos, muitos dos quais disseram que era normal.

"Os médicos olham para você de cima, tratam você como louca e às vezes até dizem que você está histérica... Foi um inferno. Eu me senti muito sozinha", explicou à AFP.
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Essa doença é causada pela migração de células do endométrio, uma mucosa que reveste o interior do útero, para o exterior da cavidade uterina. Mas, ao se mover, essas células geram lesões, ou até cistos, que podem ser muito dolorosos e causar esterilidade.

Começar do zero

Até o momento, não existe um tratamento definitivo, por falta de pesquisas científicas, dizem vários especialistas à AFP.

"Durante séculos, pensou-se que era normal que as mulheres sofressem durante a menstruação, o que explica o atraso considerável que temos nessa doença", explicou à AFP a diretora-geral da World Endometriosis Society (WES), Lone Hummelshoj.

Em 1997, essa consultora fundou a Sociedade Dinamarquesa de Endometriose, projeto que permitiu ao país nórdico adotar, cinco anos depois e de forma pioneira, medidas de combate à enfermidade.

A iniciativa teve eco em outros países. A Austrália lançou um plano nacional em 2017, e a França lançou uma estratégia dois anos depois.

No Reino Unido, os casos graves de endometriose são tratados em centros especializados desde 2013.

Esses planos nacionais são a resposta para a libertação da voz das mulheres.

Na França, a ginecologista Chrysoula Zacharopoulou lançou uma primeira campanha de conscientização em 2016.

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"Foi uma tarefa difícil porque partimos do zero. Tudo tinha que ser feito", recordou Zacharopoulou, agora responsável pela estratégia nacional.

Paralelamente, várias mulheres famosas começaram a falar sobre o assunto, como a estilista e autora de "It" Alexa Chung, ou a modelo Chrissy Teigen. Em março de 2018, a atriz de "Girls" Lena Dunham revelou que fez uma ablação do útero na esperança de acabar com anos de endometriose.

Sem trégua

O que a torna difícil de detectar e tratar é que existem várias formas de endometriose, desde as assintomáticas e relativamente dolorosas, até as extremamente graves.

É o caso de Anne (cujo nome foi alterado), uma francesa de 43 anos que, após oito operações, uma delas de ablação do útero, ainda não consegue ver o fim do túnel.

Enxaqueca, cansaço, dores pélvicas... A mulher, que se apoia em uma bengala, teve de desistir da carreira acadêmica e tem uma vida pessoal "quebrada" pela doença.

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"A endometriose me destruiu. Desde o início da doença, não tenho tido trégua, tem sido ininterrupta. E os médicos ainda não sabem o que é, nem como me ajudar a melhorar", lamentou.

Nos piores momentos de crise, ela tem ideias suicidas. Um caso que não é único, segundo Caroline Law, pesquisadora da Universidade de Montfort (Leicester), que junto com outros cientistas dirigiu um estudo de referência sobre o impacto da doença na saúde mental das mulheres.

"Depressão, impotência, culpa pela ideia de não poder dar à luz... A doença tem consequências dramáticas na saúde mental da mulher", garante a especialista.

*Com informações do Portal R7

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