Caso Lázaro: entenda como funciona a mente de um serial killer
Transtorno de personalidade antissocial torna uma pessoa incapaz de sentir empatia e aceitar as regras da sociedade, diz psiquiatra
Há 10 dias as forças de segurança do Disrito Ferderal estão mobilizadas em busca de Lázaro Barbosa, acusado de matar quatro pessoas de uma mesma família. Ele passou a ser chamado de serial killer à medida em que seus outros crimes começaram a ser revelados: em uma semana, além dos quatro assassinatos, ele baleou outras três pessoas e fez reféns em chácaras.
Segundo o psiquiatra Henrique Bottura, Lázaro tem um transtorno de personalidade antissocial, que o torna uma pessoa incapaz de sentir empatia ou de aceitar os códigos de valores compartilhados pela sociedade.
“Na linguagem médica, definimos que existe uma personalidade normal e existem doenças da personalidade, como o transtorno de personalidade antissocial. Então o psicopata, o serial killer, ele é um antissocial”, explica o especialista. Ela também ressalta que existem vários tipos de antissociais e que nem todos se tornam matadores em série, alguns podem se tornar estelionatários, por exemplo.
O psiquiatra explica que o ser humano tem um sistema no cérebro que faz com que ele perceba o outro semelhante, o identificando como uma pessoa parecida e, portanto, que vivencia as mesmas dificuldades e as mesmas questões que ele. É isso que o torna capaz de se colocar no lugar do outro.
“Os antissociais têm uma deficiência. Eles não têm a capacidade de se colocar no lugar do outro, então eles agem para atender às próprias necessidades, mesmo que elas possam gerar dor e sofrimento. O serial killer é uma pessoa fria de alma, que não tem capacidade empática e não tem noção do que a sociedade espera dele. Portanto, ele age somente para atender o seu anseio e não interessa o que o outro sinta”, afirma Bottura.
Dificuldade de seguir regras
Outra característica do psicopata é a dificuldade de seguir regras e leis. No caso de Lázaro, no passado ele se envolveu com agressões, roubos, homicídios e estupros. E, de acordo com a Polícia Civil, ele coleciona três mandados de prisão em aberto e está foragido da penitenciária de Águas Lindas de Goiás há mais de três anos.
O psiquiatra ressalta que não é fácil identificar um psicopata no dia a dia e que, na maioria das vezes, é uma surpresa quando a pessoa é identificada. Além disso, ele explica que alguns psicopatas podem apresentar indícios do transtorno desde a infância.
“Quando observamos, já na infância existem alterações que mostram que aquela pessoa tinha uma incapacidade empática. Por exemplo, agir de maneira dissociada das necessidades, do que é socialmente correto, muitas vezes maltratar animais. [Essas crianças] têm problemas de comportamento, de não respeitar autoridade e mostrar uma insensibilidade com o outro já desde a infância”, afirma.*Com informações o Portal R7