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Saúde

Amostras de água de 46 cidades do ES apresentaram substâncias perigosas para a saúde, diz estudo

As amostras foram recolhidas entre os anos 2018 e 2020 e apresentaram, pelo menos uma vez, alguma substância acima dos níveis considerados aceitáveis

Redação Folha Vitória
audima
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Foto: pexels
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Um estudo inédito realizado pela Repórter Brasil apontou riscos oferecidos pela água que saiu da torneira de pelo menos 46 cidades do Espírito Santo entre 2018 e 2020.

Em oito cidades capixabas, foram encontradas substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer. Em outros 38 municípios, outras substâncias que geram riscos à saúde foram detectadas.

Isso quer dizer que pequenas doses diárias de substâncias químicas e radioativas são consumidas diariamente por toda a população. São agrotóxicos e outros resíduos da indústria que se misturam aos rios e represas. 

Leia também: Água contaminada: Cesan diz que problema foi corrigido e que não há risco no consumo

Para alguns especialistas, não há risco se elas estiverem no limite regulamentado. Outros, argumentam que as doses aceitas no Brasil são permissivas, pois são bem mais altas que as da União Europeia.

Sobre um ponto não há dúvida: essas substâncias são prejudiciais à saúde quando estão acima do limite brasileiro. O consumo diário aumenta o risco de câncer, mutações genéticas, problemas hormonais, nos rins, fígado e no sistema nervoso – a depender do produto.

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Os dados são resultados de testes feitos por empresas ou órgãos de abastecimento e enviados ao Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), do Ministério da Saúde. 

Os testes são feitos após o tratamento e a maioria dessas substâncias não pode ser removida por filtros ou fervendo a água. 

“Se há substância acima do valor máximo permitido, podemos dizer que a água está contaminada”, afirma Fábio Kummrow, professor de toxicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“Uma outra forma de dizer é que essa água não está própria para consumo, como quando um alimento passa da data de validade”. Contaminada ou imprópria, Kummrow confirma que existe risco para quem bebe a água, e ele varia de acordo com a substância e com o número de vezes que ela foi consumida ao longo do tempo.

Com impacto silencioso, esses produtos têm dinâmica diferente das contaminações por bactérias, que provocam dor de barriga, diarreia e até surtos de cólera. Os sintomas das substâncias químicas e radioativas podem levar anos, mas, quando aparecem, são na forma de doenças graves.

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Estudos que associam esses produtos ao câncer, mutações genéticas e diversos outros problemas de saúde são carimbados pelos mais respeitados órgãos de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as agências regulatórias da União Europeia, Estados Unidos, Canadá e Austrália.

O Mapa destaca o risco para a saúde e as atividades econômicas em que cada substância é utilizada. O nitrato, por exemplo, terceira que mais vezes excedeu o limite, é usado na fabricação de fertilizantes, conservantes de alimentos, explosivos e medicamentos. Ele é classificado como “provavelmente cancerígeno” pela OMS.

Tratamento que contamina

As maiores responsáveis pelos problemas com a água no Brasil são substâncias geradas pelo próprio tratamento. Quando o cloro interage com elementos como algas, esgoto ou agrotóxicos, nascem os chamados “subprodutos da desinfecção”.

Eles estão acima do limite em 493 cidades, 21% das que testaram. “Evidente que é importante tratar a água para remover microrganismos, mas não é aceitável eliminar riscos biológicos e gerar riscos químicos”, afirma Heller, da Fiocruz.

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Além dos órgãos públicos que deveriam fazer o monitoramento, cabe também à indústria e ao agronegócio controlar o despejo de substâncias tóxicas no ambiente. “Mas quem está no centro [empresas e órgãos de abastecimento] é quem deveria garantir a qualidade”.

O que diz a Cesan?

O gerente metropolitano da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), André Luis de Oliveira Lima, disse que a companhia já corrigiu os problemas detectados e alterou a metodologia no tratamento de água. 

Ele destacou ainda que os dados da análise foram coletadas entre 2018 e 2020 e que eles não representam a situação atual. Por fim, assegurou que a água fornecida à população é segura e não traz risco para a saúde. 

"A legislação que temos é bastante segura. Queremos tranquilizar a população em relação a isso. A legislação leva em consideração uma pessoa de 70 anos que ingere, em média, 4 litros de água por dia. O tempo que a população ficou expostas à essas substâncias foi pequeno para causar algum dano à saúde", disse.  

Cidades com água imprópria ao menos uma vez entre 2018 e 2020

Foto: Reprodução / Repórter Brasil

Acima do limite de segurança:

Substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer, foram encontradas em: 

Águia Branca (chumbo)
Atílio Vivácqua (cádmio)
Baixo Guandu (lindano)
Colatina (cádmio, chumbo)
Domingos Martins (cádmio, chumbo)
Guarapari (chumbo)
Marataízes (rádio-228, nitrito)
Serra (arsênio, chumbo)

Outras substâncias que geram riscos à saúde foram encontradas em:

Afonso Cláudio
Água Doce do Norte
Alto Rio Novo
Anchieta
Aracruz
Barra de São Francisco
Boa Esperança
Brejetuba
Cariacica
Castelo
Conceição da Barra
Conceição do Castelo
Divino São Lourenço
Dores do Rio Preto
Ecoporanga
Iúna
Laranja da Terra
Mantenópolis
Marechal Floriano
Montanha
Mucurici
Muqui
Nova Venécia
Pancas
Pedro Canário
Pinheiros
Ponto Belo
Presidente Kennedy
Santa Maria de Jetibá
Santa Tereza
São Gabriel da Palha
São José do Calçado
São Roque do Canaã
Viana
Vila Pavão
Vila Valério
Vila Velha
Vitória

Dentro do limite de segurança:

Substâncias detectadas no limite de segurança foram encontradas em:

Apiacá
Bom Jesus do Norte
Fundão
Guaçuí
Ibatiba
Irupi
Itapemirim
Marilândia
Mimoso do Sul
Muniz Freire
Piúma
Rio Bananal
Rio Novo do Sul
Santa Leopoldina
Vargem Alta
Venda Nova do Imigrante

*As outras cidades não enviaram informações ou enviaram dados inconsistentes para o estudo

*As informações são do Repórter Brasil

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