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Saúde

Remédios para emagrecer usados por Paulinha Abelha podem ter causado lesão renal

Um dia antes da morte da cantora, equipe médica disse que não descarta a possibilidade de remédios para emagrecer terem provocado as lesões renais na artista

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução / Instagram
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A vocalista da banca Calcinha Preta, Paulinha Abelha, morreu no início da noite desta quarta-feira (23) após complicações renais. A cantora estava internada desde 11 de fevereiro. 

Um dia antes da morte de Paulinha, a equipe médica disse que não descartava a possibilidade de uma intoxicação medicamentosa ter provocado a sequência de lesões renais, hepáticas e neurológicas sofridas pela artista.

De acordo com o médico Ricardo Leite, diretor técnico da unidade onde a cantora estava internada, algumas substâncias, como remédios para emagrecer, podem provocar uma lesão renal. Ainda segundo o médico, até o momento, os exames realizados não confirmam que o uso dos medicamentos tenha provocado as lesões.

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No entanto, a equipe médica realiza uma investigação conhecida como "síndrome tóxico-metabólica". O procedimento, segundo o médico, é realizado quando há alguma substância ou algo circulando no corpo do paciente que pode estar gerando cascata de inflamação ou de lesões nesses órgãos, a ponto de provocar a sua disfunção.

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"Vale ressaltar que Paula, quando fez uso, pelo menos assim nos foi apresentado em receitas, fez de forma supervisionada. A gente trabalha, sim, com a possibilidade de alguma intoxicação medicamentosa. Existem exames em andamento nesse sentido, para confirmar ou descartar essa hipótese", completou.

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A artista tinha 43 anos e estava internada em Unidade de Terapia Intensiva.

A informação da morte da cantora foi confirmada pela assessoria do Hospital Primavera, de Aracaju, em Sergipe, em nota divulgada no perfil oficial do Instagram do grupo Calcinha Preta.

"O Hospital Primavera comunica, com pesar, que a cantora, Paula de Menezes Nascimento Leca Viana, Paulinha Abelha, faleceu hoje às 19h26 em decorrência de um quadro de comprometimento multissistêmico. Nas últimas 24 horas apresentou importante agravamento de lesões neurológicas, constatadas em ressonância magnética, e associada a coma profundo. Foi então iniciado protocolo diagnóstico de morte encefálica, que confirmou hipótese após exames clínicos e complementar específicos", informou o comunicado.
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Nesta semana, a banda Calcinha Preta já havia anunciado a suspensão de todos os compromissos, incluindo shows e agenda pública, até 10 de março, em virtude da internação da cantora.

A cantora estava em São Paulo, quando começou a sentir fortes dores no estômago. Já em Sergipe, ela foi levada para a UTI de um hospital particular, onde entrou em coma. Ela precisou de suporte de aparelhos e de diálise durante a internação.

No fim da tarde de terça-feira (22), o neurologista Marcos Aurélio Alves deu detalhes do estado de saúde de Paulinha durante uma coletiva de imprensa no hospital. O médico afirmou que a cantora estava em coma profundo e apresentava lesão cerebral.

Entenda como remédios para emagrecer se tornam um risco para a saúde

Quando usados de maneira indiscriminada, alguns medicamentos podem se tornar perigosos para o coração e também tóxicos para os rins, levando até mesmo à insuficiência renal aguda.

Isso acontece quando os órgãos perdem a capacidade de realizar suas funções básicas. 

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Segundo a médica endocrinologista Queulla Garret, existem algumas linhas de medicamentos usadas para tratar a obesidade.

A Sibutramina, por exemplo, é um inibidor de apetite. Somente pode ser prescrito por um médico endocrinologista e comprado por meio de receita especial.

Existem algumas contra-indicações, como a hipertensão e doenças cardiovasculares. Por isso, somente deve ser usado se houver indicação e acompanhamento médico.

"Existem outros medicamentos mais modernos, liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para serem administrados em tratamentos contra a obesidade. Eles são injetáveis, e têm efeito sistêmico, atuam no bloqueio de apetite, na queima de gordura, que melhora a parte metabólica do paciente. Atuam também no intestino, no pâncreas e no fígado, reduzindo quadros de esteatose hepática, por exemplo", pontuou Queulla.

Uma terceira linha de tratamento, de acordo com a endocrinologista, é considerada mais simples. São remédios que inibem em torno de 30% a absorção da gordura pelo intestino.

"O paciente elimina parte da gordura ingerida pelas fezes. Isso promove melhora do gasto energético. Não tem absorção, entra pela boca e sai por meio das fezes. Não tem efeito sistêmico, sendo o único efeito colateral a diarreia no caso do consumo em excesso de alimentos gordurosos", disse.
Ainda segundo a médica, nenhuma dessas três linhas de tratamento têm interferência na parte renal.


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"Claro que se já existe uma insuficiência renal grave no paciente, não serão usados nenhum desses medicamentos, sendo necessário outros tipos de cuidados como um acompanhamento por um endócrino e um nefrologista, trabalhando sempre em conjunto. Por esse motivo, é fundamental avaliar todo o histórico dos pacientes que chegam em busca de ajuda".

Fórmulas para emagrecer podem levar a problemas graves

Queulla enfatiza que problemas costumam surgir por meio de algumas fórmulas, feitas por médicos que não são endocrinologistas e trabalham com a obesidade.

Geralmente essas fórmulas são manipuladas e compostas por substâncias que são ditas naturais, que não fariam mal para a saúde. 

"Porém, a mistura de duas ou três substâncias podem se tornar maléficas para o organismo. São misturas de ervas que, às vezes, estão sendo usadas em conjunto com medicamentos, como a sibutramina. O chá verde, com a cafeína associados à sibutramina pode ser muito perigoso. A falta de cuidados com as medicações pode levar à hipertensão arterial e ela tem relação direta com os rins. Uma coisa acaba interferindo na outra, podendo levar a problemas renais", explicou.

Vale ressaltar que a obesidade é a doença que mais cresce no mundo e no Brasil e junto com ela surge uma corrida contra o tempo para emagrecer. Queulla lembra que é muito importante que as coisas aconteçam no tempo certo, buscando especialistas e orientação médica adequada.

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"Não se engorda da noite para o dia. Portanto, também não tem como perder peso da noite para o dia. É preciso paciência."

Para que o tratamento seja seguro e eficaz, os médicos devem cuidar da cabeça, do coração o dos rins dos pacientes por meio das consultas mensais, de exames de sangue e da medição da pressão arterial.

Foto: Agência Brasil

Afinal, como disse a profissional, "os medicamentos são uma ajuda para chegar a mudança do estilo de vida. É preciso criar novos hábitos, ser paciente, adotar uma excelente atividade física... Um dia, a medicação será suspensa, o paciente terá alcançado seu objetivo, mas se ele não tiver mudado por completo, ele voltará a ganhar peso".

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