VÍDEO | Atomoxetina: saiba como funciona remédio para quem tem TDAH e ansiedade
Conheça a diferença entre a nova substância e outros medicamentos. O medicamento foi aprovado para comercialização no Brasil em 2023
Aprovada para ser comercializada no Brasil desde o ano passado, a atomoxetina, é um medicamento para tratar o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Porém, desde que surgiu, muitas pessoas procuram entender qual a diferença que tem para aqueles já usados para o transtorno.
Porém, a pergunta que não quer calar é: qual a diferença entre ele e os medicamentos atuais usados para o tratamento do transtorno?
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Biomédico e mestre em Ciências, Bruno Marques, do canal Neurociência Descomplica, explica como esse novo medicamento age no cérebro das pessoas com TDAH.
Antes é preciso entender que, de acordo com o especialista, o TDAH é um distúrbio de neurodesenvolvimento caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade de forma acentuada.
Podendo perdurar pela adolescência e até mesmo na fase adulta, os sintomas começam a se manifestar ainda na fase da infância.
Marques comenta que existem três tipos diferentes de TDAH:
1. TDAH com sintomas predominantemente desatenciosos
2. TDAH com sintomas predominantemente hiperativos
3. TDAH com sintomas mistos
"Basicamente, quase todos os sintomas relatados pelas pessoas com TDAH estão relacionados com déficits na atividade de uma circuitaria específica do cérebro chamada de córtex pré-frontal", explica o biomédico.
Marques afirma que são justamente as diferentes conexões que o córtex pré-frontal realiza sobre o nosso cérebro que controla diversas funções, como a atenção, o foco e o controle da impulsividade para não deixar hiperativo.
"Se eu pedir a vocês que prestem atenção em um jogo de tênis, especificamente onde a bola está pingando, vocês provavelmente vão ter dificuldade em notar o que se passa no fundo. Isso acontece porque o nosso córtex pré-frontal, juntamente com outras partes do cérebro, tá se esforçando para prender nossa atenção nesse movimento", exemplifica.
De acordo com Marques, essa região do córtex pré-frontal é "sintonizada" por diferentes neurotransmissores, dentre eles a noradrenalina (NA) e a dopamina (DA).
Esses neurotransmissores são moléculas liberadas por neurônios presentes no córtex pré-frontal, que ao se ligar aos seus diferentes receptores em diferentes neurônios irão atuar de formas interessantes para poder controlar a atividade dessa região do cérebro.
"Toda vez que esses neurotransmissores já realizaram sua atividade de se ligar com algum receptor, eles vão ser recaptados pelos neurônios através dos transportadores: o transportador de noradrenalina e o transportador de dopamina".
Segundo o especialista, é no transportador de NA que a atomoxetina atua bloqueando, e portanto aumentando, os níveis de noradrenalina e até de dopamina na região do córtex pré-frontal.
"É justamente por isso que o medicamento consegue promover uma melhoria substancial nos sintomas de desatenção e impulsividade relatados pelos pacientes com TDAH".
"Pois através dessa modulação de atividade de noradrenalina e dopamina sobre o córtex pré-frontal, ele consegue modificar o padrão de sintonização dessa área fazendo com que ela atue de forma mais contundente e organizada".
DIFERENÇAS
O biomédico explica que a diferença está na especificidade e seletividade da atuação da atomoxetina.
"Enquanto os psicoestimulantes atuam tanto na recaptação de noradrenalina quanto de dopamina, a atomoxetina tem uma alta seletividade pelo transportador de noradrenalina".
Segundo Marques, isso faz com que o remédio seja muito mais capaz de bloquear a recaptação de noradrenalina, ou seja, aumentar os níveis da NA por todo o cérebro, fazendo com que ela tenha menor capacidade de aumentar os níveis de dopamina em outras partes do cérebro.
Essa situação acontece enquanto há o aumento de disponibilidade de DA sobre o córtex pré-frontal causado pelos psicoestimulantes comuns, como a Ritalina e o Venvanse (nomes comerciais).
"É algo benéfico para a atividade do córtex pré-frontal, pois esse aumento de dopamina também ocorre em outros sistemas, como o sistema de recompensa lá no núcleo accumbens", explica.
O Sistema de Recompensa é um sistema do cérebro responsável pela criação da motivação necessária para poder realizar determinados comportamentos.
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