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Saúde

Secretário de Saúde do ES defende vacinação de crianças e faz críticas ao Governo Federal

Nésio Fernandes defendeu a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19 e fez críticas a conduta do governo federal no combate à pandemia

Gabriel Barros

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução TV Brasil
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O secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, participou da audiência pública sobre a vacinação contra a covid-19 em crianças entre 5 e 11 anos nesta terça-feira (04). 

Durante sua fala, Nésio, que também é vice-presidente Região Sudeste do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), defendeu a imunização das crianças e afirmou que a ciência não deve ser relacionada com a religião.

"A vacinação tem importância para as crianças porque elas não merecem o vírus. Elas merecem uma proteção segura, cientificamente respaldada e aprovada pelas agências reguladoras. Elas merecem vacinas. Eu faço um apelo para que não misturem Deus nas tragédias humanas e nos debates sobre métodos científicos", disse.

Nésio destacou que, no atual cenário, é imprescindível combater a ideia de que as vacinas não são importantes. 

"No contexto de uma pandemia de uma doença imunoprevinível que já temos vacinas disponíveis, toda a posição que estimule a hesitação vacinal deve ser explicitamente combatida, pois reduz a capacidade do Sistema de Saúde em promover saúde e prevenir doenças", pontuou.

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Ao comentar o surgimento das variantes do vírus, Nésio destacou a desigualdade na distribuição das doses das vacinas e a falsa ideia de que seria possível contornar a pandemia com a "imunidade de rebanho".

"A variante Ômicron não veio de Deus, veio da desigualdade da distribuição mundial das vacinas, veio da incapacidade do mundo em apostar igualitariamente na vacinação como principal medida de prevenção primária em doenças infectocontagiosas. Tampouco a variante Gama veio de Deus. Ela veio do desastre da adoção de estratégias da imunidade de rebanho pelo comando central do Brasil". 

O secretário fez críticas a conduta do Ministério da Saúde no enfrentamento da pandemia do coronavírus e lembrou que todas as vacinas aprovadas pela Anvisa passaram por diversos testes de eficácia e segurança antes de serem autorizadas para aplicação.

Conselho Nacional de Secretários de Saúde é contra prescrição médica para vacinação de crianças contra covid-19

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Nésio Fernandes representou o Conass durante a audiência. O secretário de Saúde do Espírito Santo destacou que o órgão é contrário a exigência de prescrição médica para que crianças de 5 a 11 anos sejam vacinadas contra o coronavírus. 

"Reitero a posição do Conselho Nacional dos Secretários de Estado da Saúde, que recomenda a não exigência da prescrição médica para a vacinação de crianças contra a covid-19", frisou.

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Diante do surgimento de uma nova variante, Nésio destacou que a vacinação das crianças é fundamental. "A variante Ômicron implica no desafio de ampliar a cobertura vacinal a mais de 90% da população total. Isso só será alcançado com a vacinação de crianças".

O secretário lembrou que diversos estados, incluindo o Espírito Santo,  publicaram normas que autorizam a vacinação das crianças com os imunizantes já aprovados pela Anvisa sem a necessidade de uma prescrição médica. 

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"Neste momento, 20 estados do Brasil, que reúnem mais de 80% da população brasileira, já publicaram normas sobre o tema. Nesses estados, não serão exigidas prescrições médicas para proteger as crianças da covid-19 e das posições antivacinas", afirmou.

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Ainda de acordo com Nésio, a expectativa é de que nos próximos dias todos os estados brasileiros já tenham normas publicadas com a autorização para a vacinação das crianças sem prescrição médica. 

'Pátria amada é SUS forte, ciência na frente e vacina no ombro', diz Nésio Fernandes em defesa do SUS e da Anvisa

Durante a audiência, o secretário de Saúde do Estado e vice-presidente Região Sudeste do Conass também defendeu o Sistema Único de Saúde (SUS) e o trabalho dos técnicos da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável pela análise e aprovação dos imunizantes aplicados no Brasil.

"O SUS é a garantia do direito universal. Ele tem a competência de aprovar, incorporar, comprar, distribuir e aplicar vacinas que protejam a população de doenças infectocontagiosas, mas também temos a competência de proteger a população de teses que fragilizam a confiança da população nas medidas de saúde coletiva", destacou.

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Em tom crítico ao governo federal, Nésio Fernandes lembrou que é papel do poder público garantir atendimento à população e conscientizar as pessoas sobre a importância da vacinação.

"Não se pode aceitar mortes por doenças imunopreveníveis. Em sociedades civilizadas, as crianças não morrem por doenças imunopreveníveis. Qual o projeto de país nós queremos? O SUS foi pensado como expressão avançada do projeto de país que desejamos a todos os brasileiros. Pátria amada é SUS forte, ciência na frente e vacina no ombro. Viemos aqui defender a universalidade do SUS e reafirmar que a relação custo-efetividade da vacinação é incomparável com as hospitalizações e óbitos", disse.

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Nésio destacou, ainda, que o debate sobre a vacinação deve sempre ser respaldado na ciência e no que diz as instituições competentes para fazer qualquer tipo de avaliação sobre a eficácia e a segurança das vacinas.  

"Lamentamos ver o comando da República constrangendo os trabalhadores da Anvisa e colocando as vacinas reféns de um debate ideológico antivacina em espaços e narrativas para a legitimação de posições que fragilizam a confiança na ciência, nas vacinas, nas instituições competentes para avaliar um tema tão técnico", completou.

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