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Política

'Não há espaço para o centro em 2022', diz Onyx Lorenzoni

"Precisamos ter paciência para que as morangas se acomodem", comentou o ministro

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou não ver chance de um candidato de centro vencer a próxima eleição presidencial, em 2022. "Não tem espaço para o muro. Nem para o PSDB e o MDB ficarem flutuando aí", disse ele ao jornal O Estado de S. Paulo. Filiado ao DEM, Onyx prevê uma nova disputa polarizada entre a direita e a esquerda, mas com muitas mudanças no quadro partidário até lá. "Precisamos ter paciência para que as morangas se acomodem", comentou o ministro, que tem na mesa de trabalho o Novo Testamento - Salmos e Provérbios. Deputado licenciado, ele considerou "maluquice" os rumores de que será alvo de uma reforma ministerial.

Qual o impacto político das investigações envolvendo o senador Flávio Bolsonaro?

Para o governo? Nenhum. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Mas não existe uma preocupação de que isso possa ser usado para desgastar o presidente Jair Bolsonaro até mesmo no Congresso?

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Acredito no caráter e na integridade do senador Flávio. O que a gente vê no Brasil é uma tentativa de criar artificialmente fato que possa trazer transtorno ao governo do presidente Bolsonaro. Uma coisa importante é a gente lidar com a verdade e, graças a Deus, temos as redes sociais.

O sr. vai se filiar ao Aliança pelo Brasil, o novo partido do presidente, ou continuará no DEM?

Eu apoiei o candidato Jair Bolsonaro, no ano passado, com o DEM apoiando Alckmin (ex-governador Geraldo Alckmin, que concorreu à Presidência pelo PSDB). Não tenho razão para mudar de partido. Nós precisamos ter paciência para que as morangas se acomodem no Brasil.

Que morangas?

O quadro político-partidário precisa se acomodar. Vão ter muitas acomodações daqui até 2022, porque vem uma cláusula de barreira muito forte. Então, tem muito partido que vai minguar. A gente precisa observar como vão acontecer as eleições do ano que vem. Eleições municipais e presidenciais são desconectadas, mas servem como bom termômetro de como a sociedade vai se posicionar, se vai ter um passo atrás ou à frente.

Qual o cenário o sr. vê para a disputa presidencial de 2022? A polarização vai continuar?

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Sim, entre esquerda e direita. Não muda isso. Não tem espaço para muro. Não tem espaço para centro, não. Quem achar que tem espaço para centro repetirá o Macri (Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina, derrotado na eleição deste ano). Por que o Macri caiu? Porque não se manteve onde tinha de se manter.

Quem é o centro?

Não tem espaço para PSDB, MDB ficarem flutuando aí. Vai ser uma disputa entre dois polos. E vai ser mais dura que a última, para os outros. Eu acho que ele (Bolsonaro) entra como franco-favorito e mata no primeiro turno.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva consegue recuperar os direitos políticos e disputar a próxima eleição?

O Lula é caso de polícia, e não de política. Vai ter um representante da esquerda. Não sei se é o Haddad (Fernando, candidato do PT em 2018) ou outro que vão botar.

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Há nos bastidores informações de que o sr. e os ministros Abraham Weintraub (Educação) e Bento Albuquerque (Minas e Energia) deixarão o governo no início de 2020. O sr. está se preparando para voltar ao Congresso?

Isso é mentira. Uma maluquice. O governo tem um time unido de ministros e o presidente não se move por fofocas. Weintraub é o homem certo no lugar certo. E o ministro Bento vamos trocar por quê? Ele arrumou, nas vendas de óleo e gás, mais de R$ 200 bilhões para o Brasil.

O ano de 2019 foi marcado por concessões ao Congresso, cargos, emendas parlamentares. O governo Bolsonaro aderiu ao presidencialismo de coalizão?

Nem morto. Nós rompemos com tudo isso. Desde o governo Sarney, o presidencialismo de coalizão era ministério de porteira fechada. Nosso governo é completamente diferente. Aqui não tem corrupção, não tem toma lá, da cá, não teve marcação de território, que eram as características que levaram ao mensalão e ao petrolão. Nós fizemos a maior reforma previdenciária do mundo ocidental. Nenhum país fez uma reforma tão ampla e profunda, quer do ponto de vista da ação, quer do ponto de vista fiscal. A nossa, nesses primeiros dez anos, dá um R$ 1,1 trilhão.

O sr. disse que alguns programas sociais serão revistos. O Bolsa Família vai mudar ou a mudança será só de nome?

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Era o governo Dilma que inaugurava placa e mudava nome. Aqui a gente trabalha sério. Pode ou não (mudar o nome). O relevante para nós é mostrar que, vencida a etapa de reorganização do governo, vamos gerar empregos. É o nosso foco, agora que a economia entrou nos trilhos. Não emprestamos dinheiro para nenhuma ditadura comunista. Vamos apresentar, em janeiro, um programa de treinamento de mão de obra, uma requalificação dos "nem-nem", que são milhões de jovens que não trabalham nem estudam. Até maio devemos apresentar um novo Bolsa Família.

O sr. concorda com proposta de parlamentares de tornar permanente a parcela de 13º salário do Bolsa Família?

Assim como nós colocamos a economia no lugar, quietos, sem barulho, vamos fazer a mesma coisa na área social. (A parcela do 13.º) tem que existir. Se é permanente ou a cada ano renovada, isso não muda nada. O Congresso se queixa de que o Orçamento está engessado e cada vez engessa mais. E aí, como é que sai dessa contradição?

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O presidente disse que vai vetar o fundo eleitoral. Isso não atrapalha a relação com o Congresso, já que foi o próprio governo quem propôs o valor de R$ 2 bilhões para esse fundo?

Não, o governo não propôs isso. Apenas repetiu o número que estava lá que foi votado e dado pelo próprio Parlamento. Como o fundo eleitoral não é política de governo, o governo apenas cumpre o que a lei determina. Na hipótese de haver veto, cabe ao Parlamento acatar ou não. Isso é democracia.

Com o PSL rachado, o governo perde votos na Câmara. Isso não preocupa?

O governo nunca teve base. Mesmo se você tivesse cem (deputados), isso é base? Resolve? Ajuda no quê? O PT teve 90 e resolveu? Você tem de ter 300. Esse é o ponto. E lembre-se de que não íamos votar a Previdência até julho na Câmara, mas votamos. Depois, não íamos aprovar neste ano no Senado. Aprovamos.

Mas foi preciso liberar emendas parlamentares extras...

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Ninguém liberou emenda extra nenhuma. Fizemos programas de governo para os quais parlamentares, historicamente, sempre tiveram acesso. E nós, mesmo com o contingenciamento de R$ 34 bilhões do Orçamento, demos condições para que pudessem acontecer. Então, estão cobrando da gente o quê?

É porque o discurso do governo sempre foi o de que não haveria toma lá, dá cá...

E não tem. Quem escreve isso mente vergonhosamente.

Mas depois da aprovação da reforma da Previdência, deputados chegaram a paralisar uma votação porque o governo não tinha liberado emendas...

Aí havia outras questões. Eu tenho 24 anos de mandato consecutivo (na Câmara) e nunca conheci uma relação entre Executivo e Parlamento que não tivesse tensão. Isso vai continuar. Vai lá no Rio Grande do Sul para ver a tensão, agora, para votar a reforma da Previdência.

O sr. continua disposto a concorrer ao governo gaúcho?

Quem decide o que eu vou fazer é Deus em primeiro lugar. Em segundo lugar é o senhor Jair Messias Bolsonaro.

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O sr. foi criticado pela articulação política com o Congresso e o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, disse ao Estado que há muita intriga no Planalto. O fogo amigo entre os senhores aumentou?

Entre eu e o Ramos não tem nada. Somos amigos há muitíssimos anos. O problema está na porta da rua lá (olha em direção ao Congresso). Aqui dentro não tem problema.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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