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Política

COP-29: especialistas classificam nova meta climática do Brasil como pouco ambiciosa

Brasil apresenta nova meta climática com redução de 39% a 50% nas emissões até 2035; especialistas questionam ambição e transparência

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução/Divulgação
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A nova meta climática do Brasil foi recebida com críticas de especialistas, que a consideram pouco ambiciosa e insuficiente para atender à "Missão 1,5º Celsius". A Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) foi divulgada discretamente pelo governo federal, por meio de uma publicação no site oficial na noite do último dia 8.

A meta prevê uma redução de 39% a 50% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) em relação aos níveis de 2019 (1.712 MtCO2e). Contudo, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e o primeiro Balanço Global do Acordo de Paris, o corte recomendado para conter o aquecimento global em 1,5ºC deveria alcançar 60% até 2035, também tomando 2019 como base.

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Em entrevista, o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, defendeu a meta e destacou a necessidade de um esforço coletivo para a neutralidade climática até 2050. 

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“Nossa nova meta para 2035 é mais ambiciosa que a de 2030 e nos coloca no caminho para a neutralidade até 2050,” afirmou, acrescentando que o governo está elaborando planos de mitigação setoriais para diversas áreas da economia.
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Embora o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tenha antecipado a meta antes do prazo de fevereiro de 2025, especialistas apontam que a meta apresentada está aquém do necessário para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, conforme observa o Instituto Talanoa.

Foto: Divulgação/MMA

O Brasil foi o segundo país a divulgar sua nova meta, seguindo os Emirados Árabes Unidos. Ambos, ao lado do Azerbaijão, formam a Troika, grupo que abrange as presidências das COPs 28 (Dubai), 29 (Baku, que começa em breve) e 30 (Belém, em 2025).

“Com as metas de mitigação para 2035, o Brasil reafirma seu compromisso com o fim do desmatamento nesta década. No entanto, a meta em faixa e a falta de um plano claro para a transição dos combustíveis fósseis apontam fragilidades,” afirmou Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa. 
Ela destacou que “metas de redução de emissões em banda são raras em NDCs e, ao estabelecer um teto máximo, podem gerar ambiguidade”.

A forma como a meta foi anunciada – por meio de uma publicação noturna no site do governo – também levantou questionamentos. 

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Alexandre Prado, líder em mudanças climáticas do WWFBrasil, apontou que o formato do comunicado “passa um sinal político preocupante”.

Unterstell e Prado esperam que o governo brasileiro apresente mais detalhes sobre a NDC na COP29, a ser realizada entre 11 e 22 de novembro. 

“Esperamos uma surpresa positiva no documento que será submetido à UNFCCC pela futura Presidência da COP 30,” disse Unterstell.

Prado acrescentou que espera ver o Brasil retomar seu papel de liderança climática durante a COP29, reafirmando sua trajetória nas negociações internacionais da UNFCCC, o maior processo multilateral do mundo voltado ao combate às mudanças climáticas.

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