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Política

BNDES contornou norma interna ao emprestar R$ 101,5 milhões a empresa de amigo de Lula

O banco não poderia realizar empréstimo a empresas com pedido de falência. O empresário conseguiu o apoio do BNDES em um momento que seus negócios passavam por dificuldades financeiras

Redação Folha Vitória
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Ex-presidente Lula Foto: Divulgação
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O BNDES concedeu crédito de R$ 101,5 milhões ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e um dos alvos da Operação Lava Jato. Para fazer isso, o banco precisou contornar uma norma interna que proibia o empréstimo para empresas cuja falência tenha sido requerida na Justiça. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

O empresário conseguiu o apoio do BNDES em um momento que seus negócios passavam por dificuldades financeiras. Passados nove meses da operação, a empresa do pecurarista precisou entrar na Justiça com um pedido de recuperação judicial por não conseguir pagar as dívidas que tinha no mercado.

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Em julho de 2012, época em que Bumlai conseguiu o crédito do BNDES, sua empresa já havia sido alvo de um pedido de falência na Justiça depois de ter dado um calote de R$ 523,2 mil em um fornecedor.

De acordo com uma das normas do BNDES, é proibido conceder empréstimos a empresas nessas condições para evitar que o banco dê crédito a quem não tem capacidade de pagar.

A empresa do pecuarista que recebeu R$ 101,5 milhões é a São Fernando Energia 1, criada para produzir energia a partir da cana-de-açúcar. Ela integra um grupo de cinco empresas de Bumlai que vive uma situação de pré-falência.

Com dívidas de R$ 1,2 bilhão, o grupo teve a falência requerida na Justiça pelo Banco do Brasil e o BNDES por não ter conseguido pagar o valor que se comprometeu no processo de recuperação judicial. O grupo São Fernando deve R$ 330 milhões ao BNDES, incluindo empréstimos recebidos antes de 2012. Os pedidos de falência foram apresentados à Justiça em julho e agosto de 2015.

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O BNDES e o empresário José Carlos Bumlai negam que tenha havido qualquer tipo de favorecimento nos créditos que foram feitos a ele. O banco confirma que adota a norma que veta a concessão de empréstimos a empresas que tenham pedido de falência na Justiça, mas de acordo com a instituição, essa regra é flexível pelo princípio da razoabilidade.

"Cabe ao BNDES avaliar se a simples existência de um pedido de falência é ou não um impeditivo para a contratação de financiamento", diz nota do banco. "Se não fosse assim, qualquer credor de uma empresa que protocolasse um pedido de falência poderia impedir a contratação do crédito, com ou sem um motivo razoável para isso."

Em nota, o Banco do Brasil também nega que tenha agido de maneira omissa na análise financeira da São Fernando Energia: "A operação de julho de 2012 foi efetuada exclusivamente para liquidar crédito contratado junto ao BB em 2010. Não houve qualquer liberação de recursos novos para a Usina São Fernando em 2012".

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O advogado de José Carlos Bumlai, Arnaldo Malheiros Filho, negou que tenha havido favorecimento nos empréstimos que o BNDES concedeu ao empresário. "A amizade com o Lula não trouxe benefício algum a Bumlai", diz

Lava Jato

O nome do empresário José Carlos Bumlai apareceu no depoimento de dois delatores da operação por supostamente ter acertado o pagamento de US$ 5 milhões (quase R$ 20 mil) em propina para o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e outros dois ex-gerentes da estatal. Os valores foram pagos pelo Grupo Schahin, em troca de contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000, segundo os delatores.

O nome de Bumlai aparece na delação de Fernando Soares, o Fernando Baiano, condenado a 16 anos de prisão por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro desviado de esquema ilícito instalado na Petrobras. A outra citação foi feita por Eduardo Musa, ex-gerente da área Internacional da petroleira. Cerveró foi condenado a 12 anos de prisão também pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Com informações do Portal R7

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