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Política

Ex-ministro da Saúde de Dilma pede ao TCU que investigue presidente do CFM

Conduta do CFM com relação à prescrição de medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19 também é alvo de investigação aberta pelo Ministério Público Federal em São Paulo

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
audima
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Foto: Divulgação
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O deputado Alexandre Padilha (PT-SP), médico que chefiou o Ministério da Saúde no governo Dilma Roussef e que hoje integra a Comissão Externa da Câmara que discute ações de combate ao coronavírus, pediu ao Tribunal de Contas da União investigue a conduta do presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, com relação ao parecer do órgão sobre o chamado 'tratamento precoce' contra a covid-19 - o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença, patrocinado pelo presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.

A conduta do CFM com relação à prescrição de medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19 também é alvo de investigação aberta pelo Ministério Público Federal em São Paulo. A Procuradoria chegou a apontar 'indicativos de uma atuação possivelmente irregular' do órgão.

O presidente do órgão ainda passou à condição de investigado na CPI da Covid, segundo anunciado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). De acordo com o parlamentar, Ribeiro ganhou o status por "por seu apoio ao negacionismo, pela maneira como deu suporte à prescrição de remédios ineficazes - e os defendeu publicamente - e pela omissão diante de fatos evidentemente criminosos".

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No pedido investigação apresentado ao TCU, Padilha cita vídeo que circula nas redes sociais em que Ribeiro diz que não há 'evidência científica' sobre a eficácia da cloroquina no tratamento da covid-19 e afirma: "Mas nós, numa decisão bastante fora das nossas normas acabamos liberando o uso de hidroxicloroquina". No mesmo vídeo, que ganhou repercussão no final da semana passada, Ribeiro fez críticas à gestão Dilma, período em que Padilha foi ministro da Saúde, e indicou alinhamento ao governo Jair Bolsonaro.

Ao mesmo tempo em que o vídeo veio à tona e viralizou, Mauro Luiz de Britto Ribeiro chegou a dizer ao Estadão que estudos científicos internacionais adotados como parâmetro pela Organização Mundial da Saúde (OMS) não são suficientes para que o conselho condene o uso de hidroxicloroquina e cloroquina no tratamento precoce da infecção pelo Sars-CoV2.

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Nesse contexto, Padilha classificou a conduta do presidente do CFM como 'incompreensível' e argumentou ao TCU que Ribeiro 'que tem e tinha a responsabilidade de fiscalizar o cumprimento de suas orientações, dentre elas a exarada no parecer que estabelece critérios e condições para a prescrição de cloroquina e de hidroxicloroquina em pacientes com diagnóstico confirmado de covid-19'.

"O estarrecedor número de mortes na pandemia no Brasil, mais de 600 mil brasileiros e brasileiras, tem parte delas relacionada à prescrição de medicamentos cuja eficácia não se comprovou. Assim, a inércia do presidente do CFM em fiscalizar o cumprimento das recomendações do órgão, pode se relacionar com o aumento do número de mortes, uma vez que em total consonância com a política do Exmo. Sr. Presidente da República e do Ministério da Saúde", registra a representação enviada ao TCU.

COM A PALAVRA, MAURO LUIZ DE BRITTO RIBEIRO

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A reportagem busca contato com o presidente do CFM. Em nota divulgada quando o vídeo mencionado na reportagem começou a circular nas redes sociais o órgão se manifestou:

"O Conselho Federal de Medicina (CFM) é uma autarquia federal, portanto faz parte do Estado e não possui vínculos ideológicos, políticos e partidários.

Ao longo de sua história, tem mantido uma relação construtiva de respeito institucional com os diferentes governos, sempre colocando-se a disposição para contribuir com as políticas públicas de saúde.

Esta postura isenta tem permitido ao CFM apoiar iniciativas que melhoram o atendimento da população e, ao mesmo tempo, criticar ações que trazem prejuízos à assistência.

Com este espírito o CFM tem denunciado a falta de leitos e de equipamentos na rede pública, o baixo investimento no setor e os prejuízos causados pela abertura indiscriminada de escolas médicas, bem como busca o aperfeiçoamento da política de saúde mental e luta pela incorporação de novos medicamentos no SUS.

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Com isenção, mais recentemente, o CFM também condenou a implantação do aplicativo TrateCov e apoiou amplamente a vacinação da população contra a covid-19, inclusive desenvolvendo uma campanha própria sobre o tema, entre muitos outros exemplos.

O CFM entende que a tentativa de construir narrativas divergentes dessa realidade busca politizar o debate da saúde no país e desacreditar o trabalho realizado pelos médicos brasileiros que têm atuado na luta contra a covid-19 e milhares de outras doenças, mesmo sob condições adversas.

Diante desses ataques, o Conselho Federal de Medicina expressa seu repúdio e manifesta sua confiança na ética, na justiça e na verdade.

Brasília, 8 de outubro de 2021.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM)

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