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Política

Novato, Witzel deixou salário de R$ 29 mil para entrar na disputa no RJ

Estadão Conteudo

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Azarão na disputa pelo governo do Rio, o ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC) deixou em março a magistratura e um salário bruto de R$ 29 mil para participar da disputa. Centrou sua campanha em dois pilares: o combate à corrupção e à criminalidade, temas caros aos fluminenses, que têm um ex-governador (Sérgio Cabral Filho, do MDB) preso e há décadas enfrentam a violência urbana.

Nas duas semanas antes da eleição, cumpriu compromissos eleitorais na Baixada Fluminense, com Flávio Bolsonaro, filho do presidenciável Jair Bolsonaro eleito senador no domingo.

Witzel é um servidor público com passagens pela Marinha, como oficial, pelo Instituto de Previdência do Município do Rio (Previ-Rio) e pela Defensoria Pública. É professor e ex-presidente da Associação dos Juízes Federais do Rio e do Espírito Santo, com carreira na Justiça Federal por 17 anos, tendo participado de casos de repercussão, como o do propinoduto.

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Apresentando-se como alguém que "deixou de ser excelência para se juntar ao povo", o candidato do PSC defende a criação de uma força-tarefa contra o narcotráfico e as milícias, sob a lógica que norteou a Polícia Federal na Lava Jato, de rastreamento do dinheiro lavado e de monitoramento telefônico, além de um endurecimento contra traficantes.

Para ele, quem estiver portando fuzil num eventual governo seu será "abatido", por representar um "risco iminente". "A polícia não age porque não há cobertura jurídica", declarou durante a campanha.

O ex-juiz federal mora no Grajaú, bairro de classe média na zona norte do Rio e durante toda a campanha pôde ser visto tomando café da manhã em uma das mesas simples da padaria Joia do Grajaú. Esse foi o seu programa no domingo, depois de votar com a família no Grajaú Country Club, a poucos metros dali.

Resultado inesperado

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O primeiro turno para o governo do Rio teve um resultado inesperado, que as pesquisas não foram capazes de antecipar. Witzel, que começou a campanha como um desconhecido, mal pontuando nos levantamentos, alcançou 41,28% dos votos válidos após declarar apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro. Já o ex-prefeito da capital Eduardo Paes (DEM), líder de todas as sondagens até a véspera, chegou em segundo lugar, com 19,56%.

Tarcísio Motta (PSOL) recebeu 10,72% dos votos e Romário (Podemos), 8,70%. A abstenção foi de 23,60%. Nulos somaram 12,72% e brancos, 5,70%. Os votos em Anthony Garotinho (PRP), que estava em segundo lugar nas pesquisas e teve a candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não foram computados.

Witzel apresentou-se ao eleitor como um político não profissional, mas com experiência no combate à corrupção e à criminalidade. São dois temas centrais desta corrida ao Palácio Guanabara, por causa do escândalo de cobrança de propinas do ex-governador Sérgio Cabral Filho (MDB) - preso desde novembro de 2016 e condenado a mais de 100 anos de prisão - e da situação caótica da segurança, com números recordes de homicídios, até mesmo os cometidos pela polícia.

Outsider

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Com o slogan "mudando o Rio com juízo", o ex-juiz se beneficiou da condição de outsider, sem rejeição nem máculas na carreira. Ele tem 50 anos, é de Jundiaí (SP) e mora no Rio desde os 19 anos. Começou a campanha quase sem intenções de voto, chegou ao sexto lugar nas pesquisas duas semanas atrás, e na última sondagem, divulgada no sábado, alcançou o segundo lugar após declaração de voto em Bolsonaro.

No debate da TV Globo da última terça-feira, colocou-se não só como eleitor de Bolsonaro, mas seu "amigo pessoal". "A minha ideologia sempre foi de direita. Não ia ser diferente na minha caminhada para governador."

Em entrevista após o resultado, Witzel disse que está pronto para governar o Estado. "A população demonstrou que quer combater a insegurança, a corrupção, quer mais saúde", afirmou. "No segundo turno vamos ter mais oportunidades. Os debates foram importantes para que a população identificasse quem tem mais preparo."

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Paes, que liderava as pesquisas, sofreu por sua aliança antiga com Cabral, que foi relembrada todo o tempo pelos rivais. Também foram aventados problemas em obras públicas em sua gestão na prefeitura. Paes vem rebatendo as acusações, apresentando-se como um gestor capaz de lidar com as contas do Estado, que quebrou em decorrência da crise do petróleo e atrasou salários.

Condenado no ano passado por abuso de poder econômico e político na eleição municipal de 2016, ele concorre graças a uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na quinta-feira, o emedebista sofreu um revés: seu ex-secretário de Obras Alexandre Pinto o acusou de receber propina da Odebrecht em obras municipais, tendo até mesmo travado negociações em seu gabinete.

Após a apuração, Paes se disse confiante para a próxima etapa. "Foi diferente do que diziam as pesquisas. O segundo turno é quando fica claro quem é quem."

Senado

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A vinculação a Jair Bolsonaro elegeu os dois senadores do Rio: Flávio Bolsonaro (PSL), filho mais velho do presidenciável, teve 31,36% dos votos, e Arolde de Oliveira (PSD), apoiado pela família, 17,06%.

Entre os cinco deputados estaduais com mais votos, quatro são do partido de Bolsonaro: Rodrigo Amorim (1.º colocado no Estado); Alana Passos (3.º); Alexandre Knoploch (4.º) e Coronel Salema (5.º). No caso dos federais, foram dois, Helio Fernando Barbosa Lopes, o 1.º colocado, e Carlos Jordy, 4.º. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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