Bancadas do lobby terão mais força na Câmara
Com a ampliação dos partidos mais ligados a pautas conservadoras, as três principais frentes da Câmara que defendem temas específicos - bancada da bala, evangélicos e do agronegócio - tendem a se fortalecer na próxima legislatura, mesmo com o alto índice de renovação.
Se analisadas em conjunto, as três reelegeram menos da metade de seus atuais integrantes, mas a ascensão de partidos ligados aos temas deve dar impulso para que ampliem a influência sobre a pauta da Casa.
"Os assuntos que elas defendem foram legitimados nestas eleições. Se elas perderam um membro que não tenha sido reeleito agora, deverão ganhar dois no próximo ano. Elas vão ficar muito mais aguerridas", afirmou ao Estadão/Broadcast o analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz.
Entre estas pautas está a liberação do porte de armas, bandeira do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que disputa o segundo turno contra Fernando Haddad (PT).
Entre julho e agosto, o jornal O Estado de S. Paulo publicou na série de reportagens Os donos do Congresso como o lobby desses setores atua no dia a dia da Câmara. Dos 513 deputados federais hoje no País, 285 participam diretamente da defesa de demandas desses setores.
Em relação às reeleições para a próxima legislatura, a menor renovação foi nas bancadas evangélica e ruralista. Na primeira, dos 82 deputados ativos, 37 foram reeleitos, ou seja, 45%. No caso da segunda, 54 deputados, do total de 119, continuarão seus mandatos, representando a reeleição também de 45% da bancada. No caso da bala, apenas 35% dos seus 34 integrantes permanecerão na Câmara.
Influência
O crescimento exponencial do PSL, que veio na esteira da candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência, deverá ajudar na ampliação do poder da bancada da bala, principalmente, ainda que ele tenha influência nas outras duas também. Os três grupos declararam apoio formal ao parlamentar ainda no primeiro turno das eleições.
O PSL, que tem oito deputados, elegeu 52 parlamentares nestas eleições. Outro fator que também deve influenciar nesta questão é o aumento da participação de militares no Congresso. Hoje, seis parlamentares usam as patentes nos seus nomes oficiais. Neste pleito, foram eleitos 18 deputados com estas características.
"Se Bolsonaro for eleito no segundo turno, estas bancadas terão respaldo do Executivo para avançar com estas propostas", disse Queiroz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.