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Política

Relação dinheiro e voto é maior nas grandes cidades

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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São Paulo - A relação entre votos e poder econômico é mais forte nos grandes municípios do que nos pequenos, segundo análise estatística feita pelo Estadão Dados, do jornal O Estado de S. Paulo, com base nas prestações de contas de cerca de 14 mil candidatos a prefeito e seus respectivos resultados eleitorais.

A análise mostra que, na média de todas as cidades, existe uma clara correlação entre dinheiro e poder - quanto mais o candidato arrecada, maiores suas chances de vencer. E, quanto maior o município, mais alta é essa correlação.

Dados preliminares das receitas e dos gastos dos candidatos indicam também que, apesar das mudanças significativas nas regras das eleições deste ano, o peso do poder econômico variou pouco desde a disputa municipal de 2012.

Para medir a relação entre recursos de campanha e resultados na urna, o Estadão Dados, do jornal O Estado de S. Paulo, dividiu os municípios brasileiros em dez grupos, de acordo com o tamanho de sua população. Nos dados eleitorais de cada um deles foi aplicada uma técnica estatística chamada regressão linear - que serve para medir a relação entre duas ou mais variáveis, resumindo-a em um único fator.

Proporção

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Os resultados mostraram que, nos 556 menores municípios (10% do total), para cada 1% a mais de dinheiro arrecadado, os candidatos tiveram, em média, 0,24% a mais de votos. Já no outro extremo da escala, nas 556 maiores cidades, essa relação foi de 0,62% a mais de votos para cada 1% adicional de arrecadação.

A diferença pode parecer pequena, mas é significativa. Imagine uma disputa em que a candidata Maria arrecade 10% a mais que o adversário João. Se o município deles representar a média das pequenas cidades, Maria terá 2,4% a mais de votos (0,24% vezes 10). Em uma cidade grande, dada a mesma distribuição de recursos, a vantagem da candidata seria de 6,2% (2,6 vezes maior).

Maria e João, nesse exemplo, representam a média de milhares de candidatos. É claro que nem sempre a campanha mais rica é vitoriosa - mas é isso o que aconteceu, em 2016, na média dos 5.568 municípios brasileiros, ou em cada fatia quando eles são agrupados de acordo com o tamanho de sua população.

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No ranking populacional das cidades, as 10% maiores vão de São Paulo, a líder, com cerca de 11,9 milhões de habitantes, até Araci, na Bahia, na posição 556.ª, com pouco mais de 55 mil moradores. Já entre as 10% menores nenhuma tem mais de 3.300 cidadãos.

Causa e efeito

A correlação entre votos e arrecadação não deve ser lida como causalidade - a estatística não é capaz de detectar se um determinado candidato recebeu mais doações porque era o favorito ou se virou o favorito ao receber mais contribuições.

Os números também não mostram o porquê de haver diferenças entre os grandes e pequenos municípios. Uma hipótese plausível é a de que, nos menores colégios eleitorais, o dinheiro tenha menos influência por causa da maior proximidade entre candidato e eleitores, muitos dos quais têm relação de convivência direta. Já nos grandes centros não existe a situação em que "todos se conhecem", e a conquista de votos depende da montagem de estruturas políticas maiores e mais caras.

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A análise feita pelo Estadão Dados, do jornal O Estado de S. Paulo, da relação entre despesas de campanha e votação obtida pelos prefeitos é ainda exploratória, ou seja, não definitiva.

Apenas essas duas variáveis foram analisadas - há outras que também podem influenciar o resultado, como o tempo de propaganda no rádio e TV de cada candidato ou a força do seu partido em determinada região. "Ainda é preciso estudar os dados com mais calma para medir o efeito do dinheiro nas eleições", afirma Emerson Urizzi Cervi, cientista político da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Cervi e o também cientista político Bruno Speck são autores de estudo publicado em 2013, com base nos dados da campanha eleitoral do ano anterior, que analisou o peso do dinheiro e do tempo de rádio e televisão na disputa pelo voto. Segundo o pesquisador, em municípios menores, a "memória eleitoral" - ou seja, os votos obtidos pelo partido do candidato na eleição anterior - teve importância quase tão grande quanto os recursos financeiros de campanha. Já nos grandes municípios, a memória eleitoral quase não importou - foi o tempo de TV ou de rádio que contou mais, além da quantidade de recursos financeiros que cada campanha mobilizou.

Regras para 2016 foram diferentes das de 2012

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De 2012 para 2016, houve mudanças significativas nas regras eleitorais. As principais foram a diminuição do tempo de campanha pela metade - de 90 para 45 dias - e a proibição de doações de empresas, o que ocasionou uma redução sem precedentes na quantidade de recursos arrecadados nas eleições.

Também houve mudanças na distribuição do tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV. Os partidos com maiores bancadas na Câmara dos Deputados tiveram seu tempo de exposição ampliado, em detrimento dos chamados "nanicos".

Outra novidade foi a diminuição, de 30 para 10 minutos, do horário eleitoral fixo, aquele exibido em dois blocos contínuos e em horários determinados. Em compensação, foi ampliado de 30 para 70 minutos diários o tempo de propaganda nas chamadas inserções, as mensagens curtas, de 30 segundos ou um minuto, que são exibidas ao longo da programação das emissoras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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