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Política

'Bolsonaro perdeu oportunidade extraordinária no combate à pandemia', diz Temer

Temer disse que o presidente telefonou a ele no dia 8 de setembro, às 20h, e perguntou o que ele havia achado sobre os atos do dia anterior

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
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Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
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O ex-presidente Michel Temer (MDB) avalia que o presidente Jair Bolsonaro perdeu "uma oportunidade extraordinária" no combate à pandemia da covid-19. O emedebista avalia que Bolsonaro deveria ter chamado os governadores e os representantes dos demais Poderes no início da crise sanitária para unificar esforços contra a doença e na compra de vacinas.

"Eu acho que o presidente Bolsonaro perdeu uma oportunidade extraordinária", disse Temer na noite desta segunda-feira, 27, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. "Hoje ele seria um verdadeiro herói, não só para o Brasil, mas para a América Latina. Mas ele perdeu essa oportunidade."

No início do programa, Temer pediu um instante para fazer "uma breve reflexão", e lamentou o número de vítimas da pandemia, que se aproxima dos 600 mil no País.

Temer também disse, na entrevista, que não tem a intenção de se candidatar ao Executivo nas eleições do próximo ano, seja ao cargo de presidente da República ou mesmo de vice-presidente. Ele afirmou ainda que após os atos de 7 de Setembro, em que o presidente Jair Bolsonaro fez ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF), foi Bolsonaro quem o procurou.

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"Eu confesso que isso não está no meu horizonte. Reconheço até que as mais variadas pessoas dizem 'olha, você poderia se apresentar, ajudou a distensionar o País'", disse ele. "Confesso que não está no meu horizonte sair candidato a presidente, muito menos vice."

Temer disse que o presidente Jair Bolsonaro telefonou a ele no dia 8 de setembro, às 20h, e perguntou o que ele havia achado sobre os atos do dia anterior. Na manifestação em São Paulo, Bolsonaro ameaçou descumprir decisões judiciais tomadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF - indicado à Corte por Temer.

O ex-presidente relatou ter dito a Bolsonaro que o presidente levou muita gente às ruas, mas que o que ele disse sobre Moraes fora "inadequado" para um presidente da República. Temer fez o relato ao ser perguntado sobre a entrevista de Bolsonaro à revista Veja, em que o presidente não deixou claro de qual dos dois havia partido a iniciativa do encontro entre eles e da carta divulgada por Bolsonaro após o encontro.

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O emedebista enfatizou ter ficado preocupado com o movimento de caminhoneiros que ganhou força nos dias seguintes ao 7 de Setembro, e que relatou essa preocupação a Bolsonaro, para explicar por que o presidente deveria fazer um aceno pacificador ao Judiciário. "(Disse a ele) Isso (consequências de uma greve) não cai no colo de ninguém, cai no seu colo se houver desabastecimento", disse Temer.

O ex-presidente afirmou ainda que se surpreendeu com a reação à carta. "Eu me surpreendi com a repercussão, a bolsa disparou, o dólar caiu", disse. Temer afirmou que "não se arrepende" de ter feito a ponte entre Bolsonaro e Moraes se a pacificação perdurar.

Impeachment

Michel Temer avalia que não seria conveniente iniciar neste momento um processo de impeachment contra Jair Bolsonaro. Ele ressalta que a CPI da Covid pode concluir que o presidente teve "incúria" no combate à covid-19, o que eventualmente pode levar o Ministério Público a pedir o afastamento de Bolsonaro. Entretanto, Temer acredita que o momento não é o ideal para este processo.

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"Se você me perguntasse um ano atrás, eu diria que talvez fosse o caso de começar um impedimento. Nesse momento, eu não acho adequado", disse ele, no Roda Viva,. Segundo Temer, o processo de impedimento é "traumático" e, com o mandato de Bolsonaro já em estágio adiantado, esse efeito se ampliaria.

Temer disse que o impeachment, por passar pelo Congresso, é um processo mais político do que jurídico e que, por isso, não consegue avaliar se Bolsonaro cometeu ou não crimes. "Não há condições para avaliar sobre o foco jurídico, porque o foco é sempre político", afirmou.

O ex-presidente ressaltou ainda que processos de afastamento de presidentes dependem de mobilização popular, o que aconteceu no caso da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas não no caso dele. "No tocante à senhora ex-presidente, houve as tais pedaladas, e convenhamos, havia muito povo na rua. E se me permite, quem decreta impeachment não é o Congresso Nacional, é o povo na rua. Eu sofri duas tentativas de impedimento. Por que não deu certo? Porque não havia povo na rua", disse.

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Os pedidos que estão na Câmara, segundo ele, não devem prosperar porque já estão há tempos esperando análise. O emedebista, que foi deputado federal e presidente da Câmara, acredita que "não seria inútil" fixar um prazo para que o chefe da Casa, responsável por analisar pedidos de impeachment do presidente da República, fizesse essa análise. Ele lembrou que quando comandou a Câmara no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), analisou e arquivou pedidos de afastamento do tucano.

Terceira via

Questionado durante o programa sobre de qual lado ficaria após as eleições presidenciais de 2022 em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou do presidente Jair Bolsonaro, que lideram as pesquisas, Michel Temer disse que ficará do lado "do MDB". Segundo ele, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) o procurou, oferecendo-se como candidata da chamada terceira via. "Eu tenho o maior respeito pela Simone", disse Temer. "Ela me visitou, e disse 'eu estou oferecendo o meu nome para a terceira via, mas se aparecer outra pessoa, eu me retiro'", afirmou o emedebista.

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