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Política

Promotoria denuncia Beto Richa por corrupção e fraude a licitações

Estadão Conteudo

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O Ministério Público do Paraná denunciou nesta terça-feira, 25, o ex-governador do Estado Beto Richa (PSDB), candidato ao Senado nas eleições 2018, por corrupção e fraude a licitação. A acusação da Promotoria alcança ainda outros 12 investigados da Operação Radiopatrulha, entre eles o irmão do ex-governador Pepe Richa, o primo Luiz Abi Antoun e o ex-chefe de gabinete Deonilson Roldo.

Richa foi preso no dia 11 por ordem do juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 13.ª Vara Criminal de Curitiba. A Radiopatrulha investiga desvios no Programa Patrulha Rural - contratos de manutenção de estradas rurais. O tucano foi solto por ordem do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, no dia 14.

A mulher de Beto Richa e o contador da família não foram alvo da denúncia. Fernanda Richa e Dirceu Pupo Ferreira também foram presos na Radiopatrulha e soltos por ordem do ministro.

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Richa também é investigado na Operação Lava Jato, que fez buscas em sua residência no mesmo dia da prisão. A Lava Jato suspeita de ligação do ex-governador com propinas da Odebrecht, que teria sido favorecida em contrato de duplicação da PR 323, no interior do Paraná.

Na Radiopatrulha, o Ministério Público aponta que Beto Richa foi o "principal destinatário final das vantagens indevidas prometidas pelos empresários, plenamente ciente das tratativas e reuniões realizadas". Os investigadores afirmam ainda na denúncia que o tucano "convalidou todo o arranjo criminoso, inclusive o aceite da promessa de vantagem indevida, autorizando, em seguida, a abertura de concorrência pública para a contratação das empresas, no valor máximo R$ 72.190.004,40, conforme Despacho do Governador, datado de 28 de novembro de 2011".

"O total dos pagamentos efetuados pelo Estado do Paraná às empresas conluiadas foi de R$ 101.905.930,58. Considerando a porcentagem prometida de propina - 8% sobre o bruto -, o valor global das vantagens indevidas recebidas pelos agentes públicos denunciados foi da ordem de R$ 8.152.474,44", apontou a Promotoria.

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De acordo com a acusação, Pepe Richa tratou com empresários os "termos em que a licitação seria feita, de modo a atender ao máximo seus interesses (dos empresários e dos políticos) e ao mesmo tempo dificultar a participação de terceiros".

O procurador de Justiça Leonir Batisti, coordenador estadual do Gaeco, afirmou que "em um primeiro momento houve um ajuste e a procura de empresários a pessoas do governo para que fosse lançada a licitação". Segundo o procurador, "houve a promessa e a aceitação de uma propina que seria paga pelas empresas que estavam já combinadas para participar e vencer a disputa".

"Ao final, depois da licitação, com os problemas dela decorrentes e com a demora, principalmente para a liberação de ordens de serviço, isto é, para a liberação de pagamentos, com alguns obstáculos de natureza legal apontadas inclusive pelos procuradores que atuavam no caso, houve novas reuniões e novas ofertas e até mesmo pagamentos das propinas que nós evidenciamos", apontou.

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"A evidência das propinas está não só nas declarações do colaborador, também na declaração ou pelo menos na indicação de dois empresários, um dos quais declarou especificamente que verdadeiramente pagou e ainda também nós encontramos apontamentos que confirmam estas combinações de pagamento."

De acordo com Leonir Battisti, a investigação vai continuar e mirar crimes de lavagem de dinheiro, de obstrução à Justiça, eventuais falsidades documentais e organização criminosa "para melhor aferição dos contornos destes fatos, que nós, logicamente, temos indícios de que aconteceram".

Defesas

Em nota, a defesa de Beto Richa, afirmou: "A denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado do Paraná (MPE-PR) contra o ex-governador Beto Richa, assim como a prisão temporária decretada no dia 11 de setembro, é baseada única e exclusivamente em termos de depoimento de colaborador premiado já conhecido do Poder Judiciário paranaense, sem qualquer base em provas de suas falaciosas alegações. Ainda mais grave, sem a mínima diligência investigativa por parte do próprio MPE-PR ou da Polícia Civil para fins de verificar as ilações feitas pelo delator. Contudo, permanece a confiança na Justiça, que, em tempo certo, restabelecerá a verdade e a honra da família Richa."

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A defesa de Ezequias Moreira Rodrigues, representada pelo advogado Marlus Arns de Oliveira, informou que "apresentará sua defesa nos autos demonstrando que não são verdadeiras as acusações".

Já a defesa do empresário Celso Frare informa "que ele concedeu um depoimento esclarecedor ao Ministério Público do Paraná, bem como por iniciativa própria solicitou e realizou depósito de ressarcimento de eventuais danos aos cofres públicos. O empresário segue à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários. Fundamental destacar a grave contradição da denúncia do MP, baseada em colaboração de Tony Garcia que cita pagamentos ilícitos no montante de R$ 700 mil, ao sustentar valores em torno de R$ 8 milhões".

O advogado douglas copetti, que defende Emerson e Robison Savanhago, afirmou: "A defesa de Robison e Emerson Savanhago se manifesta no sentido de que os clientes estarão à disposição para contribuir com a Justiça. A defesa ainda não foi intimada de denúncia, momento no qual vamos conseguir rebater os fatos imputados a eles. A defesa também se manifesta sobre a decisão do ministro Gilmar Mendes em revogar a prisão dos réus, que veio colaborar com a legalidade uma vez que o pedido efetivado pelo Ministério Público do Paraná, por intermédio do Gaeco, estava eivado de ilegalidade. A prisão na modalidade coercitiva já foi declarada ilegal. Os réus em momento algum foram intimados a depor no Ministério Público antes da prisão temporária."

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Em nota, a advogada Marina Favretto, que defende André Felipe Denig Bandeira, afirmou que "a denúncia é totalmente desproporcional e, quanto ao meu cliente, desprovida de provas suficientes para embasá-la. Esperamos que o judiciária tenha bom senso em rejeitá-la."

A reportagem fez contato com a defesa de Deonilson Roldo, mas ainda não obteve retorno.

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