Eleições 2018

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Política

‘Campo reformista pode definir o 2º turno’, afirma Paulo Hartung

Governador do Espírito Santo diz que momento político e eleitoral do país ‘é propício para pescador de águas turvas e para o populismo'

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
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Governador Paulo Hartung | Foto: Governo do ES

Eduardo Kattah, O Estado de S.Paulo

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O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (MDB), afirma que o compromisso com uma agenda democrática e reformista poderá ser decisivo para os candidatos que estiverem em eventual segundo turno da eleição presidencial. Hartung é um dos expoentes do grupo suprapartidário lançado em meados deste ano em defesa de uma candidatura única de centro. 

Leia os principais trechos da entrevista concedida ao Estado.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso divulgou uma carta aos eleitores na qual fala em deter a ‘marcha da insensatez’. Ainda é realmente possível uma união do centro nessa reta final da campanha?

Primeiro, uma questão conceitual: a gente nunca trabalhou uma candidatura de centro. O que a gente trabalhou é a ideia de uma agenda para o País, que cuide da questão fiscal, porque o País está literalmente quebrado, e não é possível ter futuro com essa desorganização fiscal, que cuide da questão social do País. O foco é no combate à pobreza, na melhoria da educação básica e assim por diante, que cuide da competitividade da economia brasileira frente a essa economia mundial integrada. Não é um movimento de centro. É uma agenda reformista para o País.

Essa proposta de compromisso com a agenda reformista é viável ainda no primeiro turno?

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Claro. Eu acho que o nosso papel é seguir em frente. É possível unir alguma dessas candidaturas que têm afinidades programáticas? Possível é, mas evidentemente que quando chega numa situação dessa na política é difícil quem dá o primeiro passo. Isso dificulta você diminuir o número de candidaturas. O ambiente que foi criado no Brasil é muito propício para discursos extremistas, mas mesmo assim os extremos estão conseguindo dialogar com 56%, 57% do eleitorado brasileiro. Tem um espaço, isso é indiscutível, que poderia ser ocupado por uma candidatura com uma boa agenda, com uma agenda correta para o País. O problema é que esse grupo ficou muito fragmentado. Ele não conseguiu impor um nome até agora que virasse uma convergência natural de quem tem esse pensamento. A racionalidade política, o caminho racional está fragmentado. Enquanto isso você tem dois pontos extremos dialogando com esse ambiente desorganizado que está o País.

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A campanha de Geraldo Alckmin vinculou a polarização entre Bolsonaro e PT a um risco de o País se tornar uma Venezuela. Trata-se mesmo de um risco ou da reedição do discurso do medo?

A primeira coisa que a gente tem que olhar é o seguinte: o que essas candidaturas extremistas estão defendendo para a economia. Deixando de lado um pouco a superficialidade da abordagem, quando você olha os projetos, eles não ficam de pé. Não são consistentes. Eu acho que qualquer alerta nesse debate é bem-vindo. Não acho que alertar os problemas é fazer aí a política do pavor, do medo, não vejo assim. As partes têm que responder. Têm que dizer como é que vão sobreviver mantendo esses privilégios na Previdência, por exemplo. Não é possível ter uma Previdência que não tem idade mínima para aposentar com a população tendo a expectativa de vida cada vez maior. Essa conta não fecha.

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Nessa polarização, temos um candidato que foi alvo de um atentado a faca e que está hospitalizado e outro um que tem como principal cabo eleitoral um ex-presidente que está preso por corrupção. Este cenário não dificulta o compromisso com essa agenda reformista?

Vamos até o final tentar colocar um candidato que tenha conexão com essa agenda reformista no segundo turno. A segunda coisa importante é que eu sou um democrata, eu respeito as candidaturas que estão inscritas para participar do processo de disputa. Eu não flerto com atitudes de discriminação, não é minha praia. Minha praia é de respeitar a diferença. Não vou ficar tentando desqualificar as candidaturas, elas estão registradas, têm direito de ser apresentadas, de pedir o voto, de ganhar o voto e de até disputar o segundo turno.

O que esse campo reformista tem a oferecer?

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O campo reformista no Brasil, mesmo no pior ambiente que nós já vivemos, ele individualmente é majoritário. Estamos vivendo uma recessão econômica enorme, uma crise social de desemprego brutal, crise ética da corrupção, com tudo isso, um momento que é propício para pescador de águas turvas, propício para o populismo. Mesmo nesse ambiente, o campo reformista é majoritário. É só olhar os movimentos dos extremos e ver o que eles estão captando de apoio e o que não está indo para eles. Vamos lutar para ir para o segundo turno até o último minuto. Se esse grupo ficar fora, ele tem força para definir o segundo turno. Não existe um caminho sem sacrifício para a gente consertar o rumo do País.

O sr. desistiu de concorrer à reeleição. Até que ponto a situação política e econômica do País pesou nessa decisão?

Disputei oito eleições, fui eleito oito vezes, e pela terceira vez sou governador do Espírito Santo. Fui prefeito da capital... A minha jornada na política do Espírito Santo está bem construída. Nesse inferno que o País entrou, eu consegui manter o Estado organizado. E Pelé nos ensinou que é possível parar numa boa. Não pode esperar vir a coisa ruim que ela acaba batendo na sua porta.

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