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Política

'Clamor das ruas' fragilizou Cunha, diz fundador da igreja Sara Nossa Terra

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Rio - Fundador e presidente da Sara Nossa Terra, primeira igreja evangélica frequentada Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o bispo Robson Rodovalho avalia que o "clamor das ruas" fragilizou o ex-deputado, cassado nesta segunda-feira, 12, com o voto de 450 parlamentares, muitos deles de ex-aliados.

"Bases têm fragilidades, que tendem a ser maiores quanto mais amplas e heterogêneas elas (as bases) forem. No momento que o clamor das ruas chegou ao parlamento, e o alvo passou a ser Eduardo Cunha, sinto que ficou muito difícil manter aquele amplo apoio, que foi se reduzindo pouco a pouco", disse Rodovalho em entrevista por e-mail.

Questionado se a influência de Cunha no meio evangélico tende a se enfraquecer, Rodovalho, deputado federal pelo PP no período 2007-2011, disse que "é uma consequência natural" da derrocada do parlamentar. O líder evangélico evitou responder se a cassação foi justa ou se Cunha deveria ter tido uma punição mais branda.

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"Ainda que seja um julgamento político, as punições são regimentais. De qualquer forma, não tenho condições de opinar. Eu não me aprofundei no assunto da mesma forma nem com a missão dos parlamentares responsáveis por votar", afirmou.

Cunha chegou à Sara Nossa Terra quando conheceu o bispo Francisco Silva, coordenador da igreja no Rio de Janeiro, há vinte anos. Em outubro do ano passado, Silva disse ao jornal O Estado de S. Paulo que Cunha frequentou a igreja apenas até 2000 e depois, embora se dissesse fiel da Sara Nossa Terra, quase não era visto nos cultos.

Em fevereiro de 2015, o peemedebista formalizou a saída da igreja de Silva e Rodovalho e ingressou na Assembleia de Deus em Madureira, durante culto que celebrou a eleição do deputado para a presidência da Câmara. A celebração em louvor à eleição de Cunha foi conduzida pelo líder da Assembleia de Deus em Madureira, pastor Abner Ferreira, com a presença de vários políticos.

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Abner é filho do bispo Manuel Ferreira, presidente vitalício da Convenção Nacional das Assembleias de Deus - Ministério de Madureira (Conamad), e irmão do líder da igreja em São Paulo, pastor Samuel Ferreira, investigado na operação Lava Jato por suspeita de lavagem de dinheiro.

Em uma das denúncias contra Cunha, o procurador geral da República, Rodrigo Janot, disse que o lobista Júlio Camargo revelou ter pago parte da propina ao deputado, agora cassado, por meio de doações à Assembleia de Deus. Cunha e Samuel Ferreira negaram as acusações e disseram não ter recebido recursos oriundos de propina. Samuel Ferreira é vice-presidente da Conamad.

A Conamad informou que os líderes da convenção não se manifestariam sobre a cassação de Eduardo Cunha. A entidade argumentou que Cunha não é pastor nem ministro da igreja e não faz parte da Conamad.

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Advogado da Assembleia de Deus em Madureira, o pastor Orivaldo Prattis disse que a igreja também não comentaria a punição a Cunha. "Não estamos dando declaração sobre isso", afirmou.

Questionado sobre a mudança de Cunha da Sara Nossa Terra para a Assembleia de Deus em Madureira, bispo Rodovalho respondeu: "Foi uma decisão que ele tomou e que foi respeitada por nossa igreja". Segundo o líder evangélico, Cunha chegou à Sara Nossa Terra "por laços de amizade, que até hoje permanecem".

Dois dos três deputados federais de participaram do culto em agradecimento à eleição de Cunha para o comando da Câmara, Jair Bolsonaro (PSC) e Sóstenes Cavalcante (DEM), votaram pela cassação do mandato do peemedebista. O terceiro, Arolde de Oliveira (PSC) está licenciado da Câmara para ocupar a Secretaria de Trabalho do Estado do Rio.

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