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Política

Presidente volta a chamar Ustra de 'herói nacional' e recebe viúva

Ele morreu em 2015, aos 83 anos, sem cumprir pena

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Foto: Alan Santos/PR
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O presidente Jair Bolsonaro voltou a elogiar, na quinta-feira, 8, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, primeiro militar condenado por sequestro e tortura durante a ditadura, chamando-o de "herói nacional". Brilhante Ustra esteve à frente do DOI-Codi no período em que foram registradas ao menos 45 mortes e desaparecimentos forçados no local, de acordo com relatório elaborado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). Ele morreu em 2015, aos 83 anos, sem cumprir pena.

Bolsonaro recebeu, ontem, a viúva, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, para um "almoço de cortesia" no Palácio do Planalto. O presidente cogitou fazer um pronunciamento à imprensa ao lado de Maria Joseíta, mas desistiu. "Eu sou apaixonado por ela. Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer", disse o presidente. "Ela (Maria Joseíta) conta uma história bem diferente daquela que a esquerda contou para vocês", declarou.

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Ao longo de sua vida pública, Bolsonaro já fez diversas declarações elogiosas a Ustra. A mais famosa ocorreu quando o atual presidente era deputado federal, em 2016, ao votar pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff - considerada uma das vítimas do DOI-Codi.

O presidente tem causado polêmica ao negar os crimes cometidos pelo regime ditatorial. Na semana passada, disse que Fernando Santa Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, foi morto pela esquerda, uma versão que contraria documentos oficiais.

No início do mês, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) teve quatro de seus sete integrantes trocados. Dos novos integrantes, ao menos dois são defensores do regime militar.

Depoimento

Em depoimento à agência EFE, a enfermeira aposentada Crimeia de Almeida, 73 anos, relatou o período em que foi torturada pelo coronel Ustra em 1972, enquanto estava grávida de sete meses e desaprovou as falas do presidente enaltecem o regime militar.

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"Qualquer ameaça ou declaração que ele faz me deixa sempre em alerta, me faz pensar: será que voltaremos a passar por tudo aquilo outra vez?", disse a enfermeira aposentada. Para Crimeia, a tortura deveria se tornar um crime imprescritível. "Para o torturado, a tortura não prescreve jamais", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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