Persio Arida: Bolsonaro fala barbaridades, mas precisa ser levado a sério
Ele disse que a ascensão política do capitão de reserva tem a ver com o avanço do populismo, mas é preciso tentar entender quais são os problemas que atingem as pessoas que pretendem votar no candidato
Líder das pesquisas de intenção de voto em cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) fala barbaridades e tem "algo ridículo", mas precisa ser levado a sério. A observação foi feita nesta sexta-feira, 10, pelo economista Persio Arida, coordenador econômico do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), durante um debate entre formuladores de programas de governo organizado pela Fundação Lemann, do empresário Jorge Paulo Lemann, num hotel em São Roque, interior de São Paulo.
Num momento do debate dedicado a examinar o "fenômeno Bolsonaro", Arida disse que a ascensão política do capitão de reserva tem a ver com o avanço do populismo, mas é preciso tentar entender quais são os problemas que atingem as pessoas que pretendem votar no candidato.
"O Bolsonaro fala barbaridades, mas está falando ao coração das pessoas. É um fenômeno que precisa ser levado a sério. Tem que entender e falar ao coração dessas pessoas atingidas por ele", comentou o ex-presidente do Banco Central e um dos formuladores do Plano Real.
Para João Paulo Capobianco, coordenador do programa de governo de Marina Silva (Rede), a posição alcançada por Bolsonaro na cena eleitoral deriva do afastamento da sociedade da política.
Já Nelson Marconi, professor de administração pública da Fundação Getulio Vargas (FGV) e coordenador do programa de Ciro Gomes (PDT), a explicação vem do que chamou de "achincalhamento" sofrido pela classe política nos últimos dois anos.
"O Bolsonaro é o ovo da serpente. Passamos os últimos dois anos achincalhando com a política, que é a única solução para os problemas do País apesar de todos os problemas. Aí, apareceu um outsider que diz não ter nada a ver com isso. As pessoas não estão nem aí se ele é homofóbico. Elas querem acabar com a classe política", afirmou.