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Política

Radialista foragido do ES posta vídeo em supermercado no Paraguai

Maxcione Pitangui tem mandado de prisão em aberto desde dezembro do ano passado, em processo em que é acusado de atacar os ministros do STF e a democracia

Tiago Alencar

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução / Instagram
Foragido da Justiça no Brasil, radialista gravou vídeo dentro do supermercado no Paraguai
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O radialista capixaba Maxcione Pintangui de Abreu, que é considerado foragido da Justiça desde que teve mandado de prisão decretado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em dezembro do ano passado, em processo em que é acusado de incitar golpe de Estado e integrar uma milícia privado, postou um vídeo fazendo compras em um supermercado do Paraguai nesta segunda-feira (24).

Conforme antecipado pela coluna De Olho no Poder, com Fabi Tostes, do jornal Folha Vitória, Max entrou com pedido de refúgio no país vizinho, com base na Lei Paraguaia 1938/02, que trata sobre refugiados. 

Durante entrevista à reportagem no último dia 18, o advogado Marcelo Brasileiro confirmou que o radialista havia se mudado para o Paraguai com a família há cerca de um mês.

No vídeo publicado em seu perfil no Instagram, Max aparece transitando pelos corredores do supermercado, além de mostrar parte dos produtos vendidos no local.

“Nem acredito que estou no supermercado, sete dias depois de ficar preso, escondido, por causa da ditadura brasileira. É bom ser livre, né?”, diz o radialista, no vídeo.

Já em um segundo vídeo, Max surge fora do supermercado, dizendo estar em Assunção, capital paraguaia. 

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A concessão do refúgio da Max, caso seja aceito e efetivado pelas autoridades do Paraguai, se baseia no artigo 23 da lei paraguaia que afirma que as autoridades concederão ao requerente de refúgio um documento que lhe permita permanecer legalmente no território nacional (paraguaio), exercer tarefas remuneradas e utilizar serviços básicos de saúde e educação, dentro das possibilidades e disponibilidade da Administração Pública Nacional. Veja o documento abaixo:

Foto: Redprodução/Redes Sociais


O documento foi assinado no último dia 6, pelo oficial de elegibilidade do Conare, Martin Giret, em Pedro Juan Caballero, que fica a 452 quilômetros de Assunção (capital do Paraguai), mas que faz fronteira com o Brasil – uma rua divide a cidade paraguaia de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. A 

Também no último dia 18, Superintendência da Polícia Federal do Espírito Santo confirmou à coluna De Olho no Poder que o documento era autêntico.

LEIA TAMBÉM: Foragido da Justiça por ataques ao STF, radialista capixaba pede refúgio no Paraguai

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O pedido de refúgio foi postado nas redes sociais pelo advogado Marcelo Brasileiro,  Na ocasião, ele escreveu, em sua página do Instagram: 

“O primeiro capixaba asilado político! Nosso primeiro concidadão – um cidadão do Estado do Espírito Santo que teve de buscar refúgio em uma nação amiga, o Paraguai. O senhor Maxcione teve que buscar auxílio e refúgio no Paraguai para fugir da perseguição política promovida no Brasil”, diz o advogado.

“Como advogado do senhor Maxcione, fico feliz e aliviado ao saber que agora, ele e sua família estão a salvo”, continua o advogado na postagem. Max foi candidato a deputado estadual na eleição passada.

Foto: Redrodução

Segundo o advogado, Max possui status de asilado político no Paraguai, tendo sido concedido a ele todos os direitos dados a um cidadão comum. Marcelo ainda afirmou que o trâmite envolvendo o pedido de asilo para Max no Paraguai durou cerca de três meses

Marcelo, quando falou à reportagem, ainda disse que a escolha do Paraguai foi por uma questão logística, além de, segundo ele, o país ter se mostrado preocupado com o respeito aos direitos humanos. 

“O Paraguai se mostrou inclinado a respeitar os direitos humanos. Hoje o Max tem o status de asilado político. Está lá com toda família e não existe possibilidade de extradição”, disse.

Radialista é acusado de ataques criminosos contra ministros do STF

A prisão de Max foi decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, após pedido do Ministério Público do Estado (MPES). Além da prisão, também foram determinadas busca e apreensão em endereços do radialista, quebra de sigilo telefônico e telemático e de contas de e-mail, suspensão de redes sociais e a retenção do passaporte.

“Em relação a Maxcione Pitangui de Abreu, argumenta a PGJ-ES, que se verificou ocorrência de diversos ataques criminosos contra ministros deste Supremo Tribunal Federal, bem como contra o Estado Democrático de Direito, notadamente após as eleições gerais de 2022, pois o ‘indivíduo tem reiterado e continuamente se manifestado de forma abusiva, não só questionando (sem provas) a lisura do pleito eleitoral, mas também incitando a abolição do próprio Estado Democrático de Direito mediante intervenção militar e/ou tomada violenta de poder, representando verdadeira liderança nos movimentos antidemocráticos (assim reconhecidos pela e. Suprema Corte na ADPF 519) nesta unidade da federação”, diz trecho da decisão do ministro.
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Numa das postagens do radialista, anexada pelo MPES na petição que fez ao STF, Max teria chamado os ministros de “bandidos da capa preta” e dito que se o ex-deputado Roberto Jefferson tivesse aberto fogo contra o STF “a maioria dos brasileiros estaria feliz da vida” porque “essa é a vontade da maioria dos brasileiros”.

“Também se verifica que o investigado incita, de forma direta, a intervenção das Forças Armadas para a tomada do poder, tendo participado de movimentações antidemocráticas em frente ao 38º Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro, em Vila Velha, difundindo nas mídias sociais os atos criminosos que põem em xeque a higidez do sistema eleitoral”, diz outro trecho da decisão.

Na operação, Max foi o único que conseguiu fugir. Foram presos: o vereador de Vitória Armando Fontoura, o líder religioso Fabiano de Oliveira e o jornalista Jackson Rangel. Eles estão detidos no Complexo Penitenciário de Viana. 

Também foram alvos de medidas cautelares o deputado Capitão Assumção e o ex-deputado Carlos Von, que estão usando tornozeleira eletrônica.

Ministério da Justiça é quem decide sobre possível extradição

De acordo com a PF-ES, em casos assim, cabe ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça pedir ou não a extradição do foragido. A Polícia Federal não tem poder de prender o foragido em outro país.

Feito o pedido de extradição, as autoridades paraguaias podem acatar ou não o pedido. 

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O Ministério da Justiça, foi procurado para comentar a situação de Max. Assim que houver retorno, este texto será atualizado.

*Com informações da coluna De Olho no Poder, com Fabi Tostes

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