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Política

"Meu nome foi usado", diz juiz afastado por suspeita de venda de sentença no ES

Carlos Alexandre Gutmann prestou depoimento por mais de duas horas, na tarde desta sexta-feira, na sede do Gaeco, em Vila Velha

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução
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O juiz Carlos Alexandre Gutmann, da 1ª Vara Cível da Serra, voltou a se manifestar sobre as acusações de que ele teria recebido propina para proferir uma sentença em favor de uma empresa imobiliária, em março de 2017.

O magistrado prestou depoimento por mais de duas horas, na tarde desta sexta-feira (23), na sede do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPES), localizada em Vila Velha.

Por meio de nota, Gutmann afirmou que o nome dele foi usado pelos demais investigados no suposto esquema, e que ele não tem qualquer envolvimento com o caso.

“Eu quero esclarecer toda a verdade, não tenho participação alguma nos fatos investigados. Meu nome foi usado, não tenho nada a ver com isso que está sendo apurado”, afirmou o magistrado.

A defesa do juiz avalia que nesta sexta-feira foi dado o primeiro passo para o total esclarecimento dos fatos. “Temos a convicção de que a Justiça saberá discernir entre as meras aparências, meras conjecturas, e a verdade. Temos a certeza da total inocência do nosso cliente”, afirmou, na nota, o advogado Israel Jorio, responsável pela defesa de Gutmann.

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A defesa alegou ainda que as investigações mostram, por meio das mensagens, que o nome do magistrado é citado por terceiros, mas que não existe nenhuma comunicação dele com os demais investigados.

“Pessoas podem utilizar de nossos nomes, vender falso prestígio, fazer promessas utilizando nome alheio. Não sei ainda se é o caso, as apurações estão começando. Mas a pessoa que se encontra na outra ponta, sem saber de nada, certamente é a que não pode ser responsabilizada por isso. As mensagens não são de conhecimento do magistrado e as pessoas envolvidas, muitas delas, ele nem conhecia”, reforça Israel Jorio.

Carlos Alexandre Gutmann acrescenta que é o principal interessado na completa elucidação dos fatos, e da maneira mais ágil, reparando sua honra e trajetória profissional. “Acredito que a Justiça, com competência e sensibilidade, vai chegar à verdade”, conclui.

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Na quinta-feira, o juiz se manifestou pela primeira vez sobre o caso. Também em nota, ele garantiu que a sentença proferida por ele teve "embasamento legal e jurídico".

Juízes afastados

Gutmann e o também juiz Alexandre Farina Lopes foram afastados, de forma cautelar, do Fórum da Serra, onde atuam. A decisão foi tomada no último dia 15, durante sessão do Pleno do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES).

De acordo com as investigações do Ministério Público, Gutmann e Farina receberam propina de Eudes Cecato, em troca de uma sentença que favoreceria a imobiliária do empresário.

A decisão foi assinada por Gutmann, no dia 3 de março de 2017. Já Farina teria agido na intermediação entre o empresário e o colega juiz.

O MPES começou a investigar o caso após descobrir ligações de Farina com o ex-policial civil Hilário Frasson, acusado de mandar matar a ex-esposa, Milena Gottardi, em setembro daquele ano.

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O assassinato não tem qualquer relação com a suposta venda de sentença. No entanto, foi durante as investigações sobre a morte de Milena Gottardi que os promotores do Ministério Público descobriram a relação entre Hilário e Farina.

Acusado de ser o executor do assassinato da médica, Dionatas Alves Vieira afirmou, em depoimento, que Hilário Frasson queria que o crime fosse cometido na Serra, já que ele teria um "juiz amigo" atuando na comarca daquele município.

Ao investigarem quem seria esse juiz, os promotores descobriram se tratar de Alexandre Farina. Os diálogos entre o magistrado e o ex-policial civil foram acessados após a Justiça decretar a quebra do sigilo telefônico de Hilário.

Nas conversas, o MPES encontrou diversas referências a Carlos Alexandre Gutmann, muitas vezes tratado por Farina pelo apelido de "Alemão".

Além dos dois juízes, do ex-policial civil e do empresário, o Ministério Público investiga três advogados da Cecato Negócios Imobiliários, um ex-funcionário da Associação dos Magistrados do Espírito Santo (Amages) e um homem suspeito de ser o responsável por transportar o dinheiro da suposta propina.

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