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Política

Juiz Gutmann presta depoimento de duas horas na sede do Gaeco sobre venda de sentenças

Magistrado da Serra negou envolvimento em suposto esquema e diz que decisão judicial foi puramente técnica

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução
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O juiz Carlos Alexandre Gutmann, da 1ª Vara Cível da Serra, prestou depoimento na tarde desta sexta-feira (23) na sede do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em Vila Velha. Ele é investigado pelo Ministério Público do Espírito Santo por suposto esquema de venda de sentenças no Fórum da Serra. 

Gutmann e o também juiz Alexandre Farina Lopes foram afastados, de forma cautelar, do Fórum da Serra, onde atuam. A decisão foi tomada na última quinta-feira (15), durante sessão do Pleno do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES).

O depoimento durou mais de duas horas. O magistrado irá se pronunciar somente por meio de sua assessoria ao final da tarde.

Decisão judicial foi técnica, afirma juiz

Na noite de quinta-feira (22), o juiz se manifestou pela primeira vez uma semana após o afastamento do Fórum. Por meio de nota, ele afirmou ser inocente no caso e garantiu que a sentença proferida por ele, que beneficiou a empresa Cecato Negócios Imobiliários, do empresário Eudes Cecato, teve "embasamento legal e jurídico".

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Segundo Gutmann, não houve comunicação entre ele e os demais investigados pelo Ministério Público Estadual (MPES) no processo.

"Garanto que não há e não surgirá uma única comunicação minha com os demais investigados que possa ser associada a tratativas, negociações, favores indevidos ou infrações de deveres funcionais", ressaltou.

"O único elemento concreto que me diz respeito é a sentença a que se referem as conversas. Proferi decisão consciente, com embasamento legal e jurídico, confirmada posteriormente, à unanimidade, pelos Excelentíssimos Desembargadores da Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Espírito Santo", completou o magistrado.

Carlos Alexandre Gutmann finaliza a nota dizendo ter "confiança de que a Justiça, com competência e sensibilidade, vai chegar à verdade, distinguindo entre onde existem fatos e onde existem apenas aparências e conjecturas".

Venda de sentença

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De acordo com as investigações do Ministério Público, Gutmann e Farina receberam propina de Eudes Cecato, em troca de uma sentença que favoreceria a imobiliária do empresário.

A decisão foi assinada por Gutmann, no dia 3 de março de 2017. Já Farina teria agido na intermediação entre o empresário e o colega juiz.

O MPES começou a investigar o caso após descobrir ligações de Farina com o ex-policial civil Hilário Frasson, acusado de mandar matar a ex-esposa, Milena Gottardi, em setembro daquele ano.

O assassinato não tem qualquer relação com a suposta venda de sentença. No entanto, foi durante as investigações sobre a morte de Milena Gottardi que os promotores do Ministério Público descobriram a relação entre Hilário e Farina.

Acusado de ser o executor do assassinato da médica, Dionatas Alves Vieira afirmou, em depoimento, que Hilário Frasson queria que o crime fosse cometido na Serra, já que ele teria um "juiz amigo" atuando na comarca daquele município.

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Ao investigarem quem seria esse juiz, os promotores descobriram se tratar de Alexandre Farina. Os diálogos entre o magistrado e o ex-policial civil foram acessados após a Justiça decretar a quebra do sigilo telefônico de Hilário.

Nas conversas, o MPES encontrou diversas referências a Carlos Alexandre Gutmann, muitas vezes tratado por Farina pelo apelido de "Alemão".

Além dos dois juízes, do ex-policial civil e do empresário, o Ministério Público investiga três advogados da Cecato Negócios Imobiliários, um ex-funcionário da Associação dos Magistrados do Espírito Santo (Amages) e um homem suspeito de ser o responsável por transportar o dinheiro da suposta propina.

Leia mais sobre o caso: 

>> Hilário Frasson presta depoimento no MPES sobre venda de sentença

>> Advogado investigado em suposta venda de sentença fez parte do Conselho de Ética da OAB-ES

>> Venda de sentença: MPES aponta indícios de vazamento e relatora fala em "lacre rompido" no TJES

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