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Política

Juiz afastado por suspeita de corrupção também é investigado por outras irregularidades

Fatos são apurados pela Corregedoria do TJES, que havia arquivado o processo. No entanto, a Corregedoria Nacional de Justiça determinou sua reabertura

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução / Twitter
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Afastado preventivamente de suas funções, por suspeita de intermediar um caso de venda de sentença no Espírito Santo, o juiz Alexandre Farina Lopes, da 1ª Vara Criminal da Serra, também é investigado por supostas irregularidades cometidas no exercício do cargo.

Os fatos são apurados pela Corregedoria do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). O órgão havia arquivado o processo, mesmo após a constatação de indícios de irregularidades cometidas pelo juiz.

No entanto, a corregedora nacional de Justiça, ministra Maria Thereza de Assis Moura, determinou a reabertura das investigações. A Corregedoria Nacional de Justiça havia recebido uma denúncia anônima, com o relato de supostas irregularidades cometidas por Alexandre Farina.

A denúncia apontou que o juiz teria simulado um processo em favor de uma mulher “que se passou por convivente de correntista” do Banestes e pedia a liberação de R$ 6 milhões da conta desse correntista. 

O advogado da mulher autora da ação seria irmão do juiz Vanderlei Ramalho, que também atua na Comarca da Serra.

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Ainda de acordo com o relato anônimo, Farina teria mandado um motorista do Fórum da Serra se deslocar até Presidente Kennedy com uma pessoa da Associação dos Magistrados do Espírito Santo (Amages), para protocolar a petição diretamente com o juiz Marcelo Jones de Souza Noto, que teria concedido a liminar para a liberação da quantia.

A Corregedoria Nacional ainda recebeu a denúncia de que Farina teria “liberado valores relativos à fiança depositada por um réu, cujo processo criminal tramitava em outra vara, da Serra (...) e que “teria recebido o valor de R$ 200 mil em razão da liberação”. 

Segundo as informações recebidas, tais fatos estariam registrados em escutas telefônicas feitas pela Corregedoria da Polícia Civil do Estado.

Com base nas informações recebidas, a Corregedoria Nacional, que é vinculada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), deflagrou um Pedido de Providências e, em setembro de 2019, determinou a apuração dos fatos em âmbito estadual. 

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Com base nas apurações do TJES, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, então Corregedor Nacional, pontuou que Farina teria cometido irregularidades, como “advocacia administrativa de forma variada e reiterada, mantendo contato com vários juízes e pedindo favores em benefício de investigados e réus”.

Além disso, teria autorizado “a liberação de fiança em dinheiro, substituindo-a por imóvel não submetido a avaliação e sem prévia intimação do Ministério Público, em processo que tramitava em Vara diversa da em que atua, pela qual respondia temporariamente, em tempo recorde e no último dia de sua substituição".

Venda de sentença

No processo que resultou em seu afastamento cautelar do Fórum da Serra, Alexandre Farina é suspeito de intermediar uma venda de sentença, proferida pelo também juiz Carlos Alexandre Gutmann, em março de 2017. 

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Em troca, segundo as investigações do Ministério Público Estadual (MPES), os dois magistrados receberiam vantagens indevidas por parte da empresa que seria beneficiada com a sentença de Gutmann.

Ainda segundo o MPES, o esquema também contou com a participação de outras pessoas, entre elas o ex-policial civil Hilário Frasson, acusado de mandar matar a médica Milena Gottardi, em setembro daquele ano. O assassinato de Milena, no entanto, não possui qualquer relação com a venda de sentença.

Foto: Reprodução / Youtube
Decisão sobre o afastamentos dos juízes aconteceu durante sessão do Pleno do TJES na quinta-feira

O pedido de abertura de inquérito contra os juízes e outras sete pessoas foi protocolado no dia 31 de maio deste ano pela procuradora-geral de Justiça, Luciana de Andrade. O objetivo era apurar a suposta prática de corrupção passiva, corrupção ativa e exploração de prestígio. 

Leia também: Juízes afastados: entenda o papel dos envolvidos em esquema de corrupção investigado pelo MPES

Outro lado

A defesa do magistrado enviou nota para a reportagem do Folha Vitória. Leia na íntegra:

A decisão do Tribunal Pleno foi uma surpresa para todos nós, tendo em vista que o inquérito visa apurar fatos de 2017 e que, portanto, não possuem contemporaneidade para uma medida tão drástica como uma cautelar penal. De toda sorte, como ainda não foi nos dado acesso e nem intimados, não temos condições de analisá-la de forma mais acurada, mas assim que uma coisa ou outra acontecer iremos tomas as medidas necessárias. O juiz Alexandre Farina Lopes continua a disposição da justiça capixaba, da mesma forma como sempre se portou nesses mais de 18 anos dedicados a Magistratura, ou seja, com todo respeito necessário ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo.
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