Defesa de Sara Winter usa prisão de blogueiro para pedir anulação de provas
Segundo os advogados, Luciano Ayan, preso na sexta, teria apresentado documentos que embasariam parte dos inquéritos contra ativista no Supremo
A defesa da ativista Sara Giromini, conhecida como Sara Winter, afirmou que irá pedir a anulação de provas apresentadas contra ela na CPI das ‘fake news’ após a prisão do empresário Carlos Augusto de Moraes Afonso, o ‘Luciano Ayan’, do Movimento Brasil Livre (MBL). Segundo os advogados, Ayan teria apresentado documentos à comissão que também embasariam parte dos inquéritos contra Sara no Supremo Tribunal Federal.
"A defesa de Sara Giromini e dos demais presos de forma arbitrária, abusiva e ilegal, informa ainda que tomará, a partir de segunda-feira (13/07), todas as medidas cabíveis no âmbito dos inquéritos 4781 e 4828, por tudo que já é plenamente conhecido e agora, com mais essas evidências, requerer o seus imediatos arquivamentos, pela total e inequívoca imprestabilidade de provas e vícios de nulidade insanáveis", escreveu a defesa, em nota.
Não são informadas, contudo, quais seriam as provas ‘contaminadas’ e quais informações Ayan teria repassado à comissão. O empresário foi preso na sexta (10) por envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro que usava plataforma de pagamentos do Google e Superchat do YouTube.
A investigação fala em uma ‘nova técnica de lavagem de capitais com valores relevantes e sem lastro de origem’. "Podemos denominar de doações de cifras ocultas, isto é, dinheiro que não passa pelo sistema bancário das pessoas que estão sob o radar da investigação, justamente de forma a proporcionar, de forma mais eficiente, a ocultação da origem dos valores", diz o MP.
Sara é investigada em dois inquéritos sigilosos do STF. O primeiro mira o chamado ‘gabinete do ódio’, que seria formado por assessores próximos ao presidente Jair Bolsonaro, influenciadores e blogueiros bolsonaristas e empresários que atuam de forma coordenada e velada no financiamento e disseminação de ‘fake news’ e conteúdo de ódio contra integrantes da Corte. Nesta investigação, Sara foi alvo de buscas e apreensões.
Em outro inquérito, a ativista foi presa por integrar suposta associação criminosa que visa obter ganhos financeiros e políticos com atos antidemocráticos em Brasília. Sara ficou detida por dez dias e foi solta por determinação do ministro Alexandre de Moraes, que lhe impôs o uso de tornozeleira eletrônica e diversas medidas restritivas, como uma distância mínima de um quilômetro da sede do Congresso Nacional e do STF.
A extremista liderava um acampamento em Brasília que se chamava ‘300 do Brasil’. Em depoimento, Sara negou que o grupo recebia dinheiro público. "O grupo dos ‘300 do Brasil’ apoia o presidente Bolsonaro, mas não recebe nenhum tipo de apoio financeiro ou de outra espécie do governo", disse.