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Política

Procurador passará um ano nos EUA recebendo salário do Ministério Público do ES

Marcelo Zenkner foi escolhido para representar a Corregedoria Nacional do Ministério Público junto à vice-presidência de integridade do Banco Mundial

Redação Folha Vitória
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O titular da 26ª Promotoria de Justiça Cível de Vitória, Marcelo Barbosa de Castro Zenkner, deverá se afastar por um ano de seu cargo, a partir do próximo dia 5, para representar a Corregedoria Nacional do Ministério Público junto à vice-presidência de integridade do Banco Mundial, em Washington, Estados Unidos. 

Com isso, além de o Ministério Público Estadual (MPES) ter que contratar um substituto para ocupar o posto de Zenkner durante o tempo em que ele estiver no exterior, o órgão ministerial ainda terá de manter os vencimentos do promotor nesse período.

A autorização para que Zenkner se ausente do país por um ano é de uma portaria assinada pelo presidente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Rodrigo Janot, no dia 26 de junho. 

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Antes disso, por iniciativa do corregedor nacional do Ministério Público, Cláudio Henrique Portela do Rego, o promotor foi requisitado para integrar a corregedoria como membro auxiliar. Tal requisição ocorreu poucos dias antes do fim do atual mandato da Corregedoria Nacional do Ministério Público, que termina em agosto.

Na tentativa de evitar que o MPES fique um ano sem um de seus procuradores, a procuradora-geral de Justiça, Elda Márcia Moraes Spedo, encaminhou, no último dia 10, uma representação à Procuradoria-Geral de Justiça (PGR) e ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). 

No documento, ela solicita a instauração de um Procedimento de Controle Administrativo (PCA), com pedido de liminar, para suspender as duas portarias - a que requisita Zenkner como integrante da Corregedoria Nacional do Ministério Público e a que o autoriza a passar um ano no exterior.

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A procuradora alega que há um volume crescente das demandas em todas as promotorias do Estado e que o atual quadro de membros é insuficiente para dar conta dessas demandas. De acordo com o Relatório de Correição da Corregedoria do Ministério Público Estadual (MPES), a 26ª Promotoria de Justiça Cível de Vitória é a que acumula mais pendências entre as 35 Promotorias de Justiça, com 55% dos procedimentos extrajudiciais fora do prazo.

Além disso, Spedo destaca que o MPES não possui condições administrativas e orçamentárias de absorver o afastamento de um de seus membros por um ano e que não há possibilidade de nomeação de novos promotores de Justiça no momento. Segundo a procuradora, um promotor custa cerca de R$ 560 mil por ano para o Ministério Público Estadual. 

Spedo lembra ainda que Zenkner foi liberado para estudar em Portugal, em 2011, e, por isso, ficou afastado dois anos e nove meses da função. Além disso, em 2015 ele assumiu o comando da Secretaria de Controle e Transparência do Estado (Secont) - cargo que exerceu de 1º de janeiro daquele ano a 1º de abril de 2016.

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Caso fique mais um ano fora, Zenkner acumulará 45 meses fora do cargo de procurador, o que, segundo Elda Spedo, representaria um gasto de cerca de R$ 2,1 milhões somente em salários pagos a ele durante sua ausência. Considerando-se a necessidade de contratar um substituto para o procurador, o gasto é dobrado.

A procuradora-geral do MPES destaca também que, conforme a Resolução nº 031/2016, todos os afastamentos para cursos ou atividades similares de aperfeiçoamento estão suspensos no âmbito do MPES.

Apesar das alegações da procuradora, o Conselho Nacional do Ministério Público indeferiu a liminar solicitada por Spedo, alegando que o corregedor nacional do Ministério Público e o presidente do CNMP possuem autonomia para realizar as respectivas requisições -  para que Zenkner exerça o cargo de membro auxiliar na Corregedoria Nacional e se afaste do país para missão junto ao Banco Mundial.

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O jornal online Folha Vitória entrou em contato com a PGR, que, até o fechamento desta reportagem, não havia respondido à demanda.

O outro lado

Já Marcelo Zenkner encaminhou uma nota alegando que, em 20 anos como membro do Ministério Público, jamais deixou qualquer promotoria com trabalho atrasado. "Ao contrário, sempre procurei honrar a instituição promovendo um trabalho de excelência, algumas vezes colocando, inclusive, minha vida em risco", escreveu.

Ainda segundo Zenkner,

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 em dezembro de 2014, a 26ª Promotoria de Justiça de Vitória estava com o trabalho rigorosamente em dia, com apenas 98 inquéritos civis em andamento, tendo recebido voto de elogio da Corregedoria Nacional do Ministério Público.

O procurador afirma também que, após passar 18 meses afastado do MPES, para exercer o cargo de secretário estadual de Controle e Transparência, encontrou a 26ª Promotoria de Justiça em situação caótica, com mais de 246 procedimentos em andamento, inclusive alguns desaparecidos, o que, segundo ele, foi devidamente comunicado à administração superior do Ministério Público.

Zenkner ressalta que, de acordo com documento confeccionado pela então chefe de gabinete, Maria Beatriz Renoldi Murad Vervloet, tal situação ocorreu porque, “para prover a substituição da 26ª Promotoria de Justiça Cível de Vitória e noutras tantas mais, tivemos de contar com o auxílio do minguado quadro de Promotores de Justiça Substitutos, bem como de Promotores de Justiça titulares, no exercício de cumulações de funções”. 
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"Continua a chefe de gabinete explicando que, 'Diante do enfrentamento de uma conjuntura totalmente adversa, enfatizamos a enorme dificuldade deste setor de aprovisionar a designação de membros para atendimento exclusivo às demandas da 26ª Promotoria de Justiça Cível de Vitória no transcurso do afastamento do douto Promotor de Justiça oficiante', escreveu o promotor.

Segundo Zenkner, a constatação do relatório da Corregedoria-Geral do Ministério Público sobre a existência de procedimentos em atraso, em outubro de 2016, se deu em razão de uma questão administrativa interna da Procuradoria-Geral de Justiça.

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"Ao retornar ao Ministério Público, trabalhei com afinco e, atualmente, os serviços da 26ª Promotoria de Justiça Cível de Vitória encontram-se rigorosamente em dia: de acordo com certidão expedida pela Promotoria Cível de Vitória, em maio de 2017 a 26ª Promotoria Cível de Vitória possuía 143 procedimentos em andamento, 'não havendo qualquer deles paralisado, sem andamento ou aguardando distribuição ou providências por parte do Promotor de Justiça'. Fiz, assim, o meu trabalho e também aquele que deveria ter sido feito durante os 15 meses do meu afastamento", afirmou.

O promotor afirmou também que sua

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 ida para a Vice-Presidência de Integridade do Banco Mundial, em Washington, pelo período de um ano, é resultado de "uma difícil seleção que passou pela análise de currículos e por uma entrevista pessoal, cujas respectivas despesas foram custeadas com recursos próprios".


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