/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_TOPO |
Política

Lava Jato: Firma suspeita de elo com Jucá recebeu R$ 30 milhões

Em sua delação premiada homologada em abril deste ano, o ex-diretor de Energia da Andrade Gutierrez Flávio Barra afirmou que Jucá indicou como a propina deveria ser repassada

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
audima
audima
Romero Jucá foi citado mais uma vez em uma delação premiada Foto: Agência Brasil
pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_02

Brasília e São Paulo - A Ibatiba Assessoria, Consultoria e Intermediação de Negócios, citada em delação de um ex-executivo da Andrade Gutierrez como empresa utilizada para repassar propina ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), recebeu R$ 30 milhões de empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato. De acordo com o Ministério Público Federal, os repasses foram feitos pela própria Andrade, Mendes Júnior e OAS de 2010 a 2012.

Em sua delação premiada homologada em abril deste ano, o ex-diretor de Energia da Andrade Gutierrez Flávio Barra afirmou que Jucá indicou como a propina deveria ser repassada.

Alvo de três inquéritos relacionados à Lava Jato, o senador peemedebista foi um dos principais articuladores políticos do presidente em exercício Michel Temer. Ele deixou o cargo de ministro do Planejamento em maio, após divulgação de conversa gravada com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Na conversa, o senador sugere um pacto para deter o avanço das investigações da operação.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_03

Em depoimento que cita Jucá, o ex-executivo da Andrade Gutierrez disse aos procuradores de Curitiba que a Ibatiba operava como uma das empresas de fachada utilizadas para escoar propina paga pela empreiteira em razão da construção da Usina Angra 3, no Rio.

O montante movimentado nas contas da Ibatiba foi identificado após a Procuradoria da República solicitar a quebra de sigilo de um grupo de empresas apontadas como de fachada e ligadas à Mendes Júnior.

No pedido, os procuradores que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba apontam que, "não obstante os vultosos recebimentos, a Ibatiba, no período de 2010 e 2012, não declarou possuir qualquer funcionário e não efetuou qualquer pagamento a contribuintes individuais, sejam pró-labore ou autônomos, conforme se verifica a partir do exame de suas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)". Os procuradores consideram que essa é uma evidência de que a empresa foi usada para repassar propina.

Sociedade

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_04

A Ibatiba tem como sócios o empresário José Augusto Ferreira dos Santos e seus filhos, Fabio Augusto e Felipe Guimarães. Santos é mais conhecido por ter sido um dos acionistas do Banco BVA, alvo de intervenção e posterior liquidação judicial pelo Banco Central.

Em um de seus depoimentos aos investigadores, o ex-executivo da Andrade Gutierrez afirmou que Jucá pediu para que a empreiteira procurasse Santos "para viabilizar o pagamento da propina". Em um primeiro momento, o banqueiro sugeriu que a construtora fizesse um investimento no BVA e, "do rendimento, seria retirado o dinheiro para o pagamento das vantagens indevidas".

A operação, no entanto, foi negada pela empreiteira. Foi então que Santos indicou a Ibatiba para celebrar contratos fictícios, segundo relato de Barra. "É manifestamente improvável que a Ibatiba efetivamente tenha prestado os serviços pelos quais foi contratada pelas empreiteiras Mendes Júnior, Andrade Gutierrez e OAS, que motivaram transferências de milhões de reais", afirma o Ministério Público Federal no trecho do relatório em que trata dos pagamentos à empresa.

Citações

Atual presidente em exercício do PMDB, Jucá já foi citado em outras delações premiadas na Operação Lava Jato.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_05

Ele foi apontado por executivos da Camargo Corrêa e pelo ex-presidente da Transpetro como um dos parlamentares que recebiam parte da propina destinada ao PMDB por obras da Petrobras e por contratos no setor elétrico.

O peemedebista ainda foi apontado pelo ex-executivo do grupo Hypermarcas Nelson Mello como um dos beneficiários de propina de cerca de R$ 30 milhões enviada a senadores do PMDB por meio do lobista Milton Lyra. Em outra operação, a Zelotes, o senador é alvo de investigação sobre suposta venda de medida provisória.

Banco BVA

Na Lava Jato, o Banco BVA já foi citado na 21.ª fase da operação, a Passe Livre, que levou à prisão o pecuarista e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai. No despacho em que autorizou a detenção provisória, o juiz federal Sérgio Moro destacou que o pecuarista "recebeu empréstimos vultosos do Banco BVA meses antes da intervenção por este sofrida da parte do Banco Central".

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_06

"Embora os créditos não estejam esclarecidos, foi possível identificar pelo menos um empréstimo tomado por José Carlos Bumlai do Banco BVA no valor de R$ 3.817.000 em 25 de julho de 2012", registrou Moro.

O BVA aparece também na delação premiada do ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.

Segundo ele, "entre 2009 e 2010", houve uma ordem do então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), para atender o Banco BVA na participação da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras.

Segundo Cerveró, José Ferreira dos Santos era amigo de Lobão. O delator relatou que o negócio foi feito e, alguns anos depois, o banco faliu e a Petros perdeu o dinheiro investido.

Defesas

O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que representa os ex-ministros Romero Jucá e Edison Lobão, disse que as afirmações dos delatores são "falsas". Segundo o criminalista, Jucá "jamais teve intimidade" com José Augusto Ferreira dos Santos, da Ibatiba. Já Lobão, segundo o advogado, "não tinha amizade" com o empresário. O criminalista Marcelo Leonardo, que defende a Mendes Júnior, disse que não tem informação sobre negócio da empreiteira com a Ibatiba.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_07

A Hypermarcas, na época em que a delação de Nelson Mello foi divulgada, disse que o ex-funcionário autorizou despesas por iniciativa própria. O Estado procurou a defesa de Santos, mas não obteve resposta. A defesa da OAS não quis comentar. A Andrade Gutierrez tem afirmado que colabora com a Justiça. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |
/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Saiba mais sobre nossa Política de Privacidade.