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Política

Presidente de entidade dos delegados da PF foi do PT por 12 anos

O delegado conta que pediu sua desfiliação em dezembro de 2003, quando tomou posse na Polícia Federal. No sistema de registros do TSE consta que a desfiliação foi efetivada em maio de 2004

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Questionado sobre a duplicidade, o delegado explicou que pediu o afastamento da sigla quando entrou na PF. Foto: Reprodução Facebook

São Paulo - O atual presidente da principal entidade de classe dos delegados de Polícia Federal - a Associação Nacional dos Delegados da PF (ADPF) -, Carlos Eduardo Sobral, foi filiado ao PT de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, de 1997 até 2009.

O delegado conta que pediu sua desfiliação em dezembro de 2003, quando tomou posse na Polícia Federal. No sistema de registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) consta que a desfiliação, a pedido de Sobral, foi efetivada em maio de 2004. A Justiça Eleitoral, porém, também registra que houve uma desfiliação de Sobral, por motivo judicial, em maio de 2007.

Questionado sobre a duplicidade, o delegado explicou que pediu o afastamento da sigla quando entrou na PF, e o processo de desfiliação na Justiça Eleitoral demorou alguns meses para ser concluído. Ele disse que o segundo afastamento nos registros do TSE pode ser consequência de um erro administrativo do PT de Ribeirão Preto que, diz, teria sido corrigido pela própria Justiça Eleitoral.

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Sobral conta que se filiou ao PT para ajudar a então campanha de seu pai, José Carlos Sobral (morto em 2010), para o cargo de vereador em Ribeirão Preto pelo Partido dos Trabalhadores. "Naquela época a campanha de vereador era muito familiar, éramos nós, eu, meu irmão, minha mãe e os amigos, todo mundo se filiou e passou a participar da campanha", disse.

Naquele ano seu pai não conseguiu se eleger. Em 2000, contudo, ele saiu vitorioso e virou vereador na mesma época em que Antonio Palocci (PT) exercia seu segundo mandato de prefeito da cidade. Atualmente investigado na Lava Jato, Palocci não concluiu o mandato para assumir o Ministério da Fazenda no governo Lula, em 2003.

Segundo Sobral, seu pai nunca exerceu cargo na gestão de Palocci, "sendo inclusive do grupo político dentro do PT contrário ao ex-ministro". Desde que assumiu o cargo de delegado, Sobral já está há 13 anos longe de Ribeirão Preto, sua cidade natal, tendo atuado na PF em Rondônia e em Brasília nos últimos dez anos.

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A ADPF foi responsável por organizar nesta segunda-feira, 30, a eleição da categoria para a escolha da lista tríplice de delegados a ser encaminhada ao ministro da Justiça Alexandre de Moraes e ao presidente em exercício Michel Temer (PMDB) para que ele possa escolher um substituto ao atual diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, que ocupa o cargo desde o primeiro mandato de Dilma Rousseff, em 2011.

A rigor, a escolha do chefe da PF é uma atribuição do Executivo, mas desde 2014 os delegados da corporação defendem a eleição de uma lista tríplice para orientar a decisão do presidente, da mesma forma como ocorre com a eleição para indicar o procurador-geral da República.

A mais votada pela eleição, que agitou a PF mas não agrada o governo Temer, foi a delegada Erika Marena, que atua nas investigações da Operação Lava Jato em Curitiba. Na eleição podem participar todos os delegados da Polícia Federal, inclusive os que não são filiados a ADPF.

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Para Sobral, o fato de ter sido filiado ao PT não prejudica em nada a defesa da lista tríplice, uma demanda, segundo ele, apoiada pela categoria em todo o País. "A decisão de fazer a lista tríplice é uma decisão da categoria adotada em Congresso nosso em 2014 e que já foi ratificada por todos os delegados", afirma ele, lembrando que o atual diretor-geral da PF é Leandro Daiello, que foi reconduzido ao cargo após a reeleição de Dilma em 2014.

"Não tem qualquer relação político-partidária, mesmo porque quem indicou o Leandro Daiello foi o PT", disse o delegado lembrando que partiu da própria ADPF a proposta de sugerir uma mudança na direção-geral da PF apoiada pela categoria com a chegada de Michel Temer provisoriamente na Presidência.

Com os avanços da Lava Jato sobre s principais nomes do PT e de outros partidos, o PT tem criticado de forma agressiva a PF. Em um dos grampos da operação, próprio ex-presidente Lula aparece atacando os federais e a chamada "República de Curitiba", em referência à cidade sede da Lava Jato. Também com seus principais políticos na mira da operação, o PMDB é outra sigla que não é entusiasta da proposta, que desagrada o governo interino de Michel Temer (PMDB).

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