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Política

AGU muda de posição e admite auxílio-moradia para juízes e promotores

A proposta, colocada na Câmara de Conciliação e Arbitragem que discute o assunto, foi feita pela Secretaria-Geral de Contencioso

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
audima
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Encarregada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de encontrar uma saída para o impasse em torno do auxílio-moradia de juízes e procuradores, a Advocacia-Geral da União (AGU) admitiu, em uma reunião com Estados sobre o tema, o pagamento do benefício como verba indenizatória mesmo sem estar previsto em lei - o que contraria o posicionamento apresentado pela AGU até agora perante o STF.

A proposta, colocada na Câmara de Conciliação e Arbitragem que discute o assunto, foi feita pela Secretaria-Geral de Contencioso da AGU. A secretaria chegou a propor a possibilidade de levar para homologação do Supremo critérios para a concessão do benefício, enquanto não for editada uma lei específica. As informações constam de um e-mail enviado pela diretora da Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal, Helena Leão Costa Tapety, após a reunião, fazendo um resumo da proposta apresentada pela secretaria.

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Essa proposta foi apresentada ainda na fase de discussão na Câmara de Conciliação, diante da resistência dos Estados, que já deixaram claro que somente a edição de leis poderia levar à regulamentação dos pagamentos. Os Estados apontam a inviabilidade de uma conciliação na Câmara, alegando questões federativas, orçamentárias e de autonomia dos entes estaduais.

Em março do ano passado, a AGU enviou ao Supremo uma manifestação contrária ao pagamento de auxílio-moradia a membros do Ministério Público. Segundo a AGU, ao tratar o auxílio-moradia como verba indenizatória, o Conselho Nacional do Ministério Público permitiria "subtrair referida parcela pecuniária da incidência do teto constitucional e do regime de remuneração por subsídio". Em outras palavras, reconhecia que o pagamento era um jeito de burlar o teto constitucional, de R$ 33.763.

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A AGU tem mantido sigilo sobre o conteúdo das negociações. Questionada sobre a mudança de entendimento quanto ao tema, afirmou não poder comentar sobre o que é negociado na câmara de conciliação porque está previsto sigilo. A reportagem também questionou que critérios a AGU poderia admitir para concessão de auxílio-moradia, e não recebeu resposta até a publicação desta matéria.

O pagamento, de R$ 4,3 mil, é garantido atualmente a magistrados e procuradores com base em resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), respectivamente - ambas baseadas em liminar do ministro Luiz Fux, do Supremo, em ações que discutem o tema. O ministro Fux foi quem tirou essas ações da pauta na véspera do julgamento marcado para março, a pedido da Associação de Magistrados Brasileiros, e enviou para conciliação na AGU, que prontamente acolheu a missão. A AGU deverá apresentar ao Supremo, ao fim das tratativas, alguma proposta de conciliação ou informar que não foi possível chegar a uma solução para o caso.

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Ao admitir a hipótese de pagamento do auxílio-moradia como verba indenizatória, a AGU admite que seja ultrapassado o teto constitucional, como já é feito atualmente, já criticado pelo próprio órgão no Supremo. A AGU não tem reconhecido o pagamento por não haver previsão legal, mas admitiu, diante dos Estados, a construção de um entendimento que dispensaria a necessidade da edição de leis formais sobre o tema.

Nos bastidores, houve críticas a essa proposta, que contraria o entendimento histórico do órgão. A avaliação é que, quando se admite dispensar a necessidade de previsão legal para concessão do auxílio-moradia, se contraria a tese da União até agora e a defesa da União fica prejudicada.

Nesta terça-feira, foi realizada a quinta reunião da Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal sobre auxílio-moradia. Desta vez, estavam presentes entidades ligadas à magistratura - Associação de Magistrados Brasileiros (AMB), Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) - e a membros do Ministério Público, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).

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A Ajufe chegou a discutir a realização de uma greve no mês de março, como forma de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para não acabar com o pagamento do benefício - arriscado de ser extinto em julgamento do plenário.

No orçamento geral da União, o valor anual do auxílio-moradia, considerando os Três Poderes, é de aproximadamente R$ 1 bilhão, segundo a ONG Contas Abertas - e aí não se incluem os gastos que os Estados têm com os juízes estaduais.

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