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Política

Temer recua e cultura volta a ter pasta própria

A fusão das pastas de Educação e Cultura foi tomada no mesmo dia em que Temer assumiu o exercício da Presidência. Temer buscou ao longo da semana uma resposta à pressão contra o fim do MinC

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Durou dez dias a decisão do presidente em exercício Michel Temer Foto: Agência Brasil
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Brasília - Durou dez dias a decisão do presidente em exercício Michel Temer de extinguir o Ministério da Cultura (MinC). Após críticas e pressão da classe artística, Temer recuou e decidiu recriar a pasta. O novo ministro será o diplomata Marcelo Calero, que na quarta-feira havia sido anunciado secretário nacional da Cultura. A decisão foi divulgada no Twitter pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, a quem Calero seria subordinado.

"Conversei com o presidente Temer sobre a decisão de recriar o Ministério da Cultura. O compromisso dele com a Cultura é pleno", afirmou Mendonça no Twitter. "A decisão é um gesto do presidente Temer no sentido de serenar os ânimos e focar no objetivo maior: a cultura brasileira." Dias antes, porém, o próprio ministro da Educação havia defendido a fusão das duas pastas, alegando que isso fortaleceria a cultura.

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No último sábado (21), Mendonça disse à Coluna do Estadão que "setores radicais, cujo propósito não era e não é discutir políticas públicas", queriam "apenas gerar desgaste para o governo e, por isso, o melhor seria pôr fim à polêmica. "Essa coisa começou a ter um viés de exploração política, de uma luta de alguns segmentos da cultura do Brasil que não valia a pena continuar com este assunto na agenda."

Umas das vozes que resistia a ceder à pressão era a do ministro Geddel Vieira Lima (Governo), que externou sua posição também pelo Twitter: "Fui vencido Internamente. Como governo defendo a decisão adotada".

Debate

Temer buscou ao longo da semana uma resposta à pressão contra o fim do MinC. Na tentativa de desfazer a imagem negativa de montar o primeiro escalão só de homens, o presidente sondou artistas e professoras para a Secretaria de Cultura. Pelo menos seis mulheres recusaram o convite. Em outra tentativa de minimizar os danos, Temer concedeu o status de "secretaria especial" ao espaço reservado às questões culturais em seu governo. Por fim, prevaleceu a decisão de ressuscitar o ministério.

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A fusão das pastas de Educação e Cultura foi tomada no mesmo dia em que Temer assumiu o exercício da Presidência. Em seu primeiro ato, ele reduziu os ministérios de 32 para 23 e disse que não tinha medo de ser impopular. Entre os cortes, o da Cultura foi o de maior repercussão. A decisão gerou revolta na classe artística, protestos em diversas capitais e críticas até no meio político.

Um dia após tomar posse, o então ministro da Educação e Cultura foi recebido com vaias pelos funcionários do setor. Os servidores levantaram cartazes e gritavam: "O MinC não cabe aqui, o MinC é grande e não dá pra extinguir". Movimentos sociais realizaram ações em São Paulo, Brasília, Rio, Porto Alegre, Fortaleza e outras capitais, com protestos e ocupação de prédios públicos.

Artistas consagrados também criticaram a medida. O cantor Caetano Veloso classificou a decisão como "retrógrada". A atriz Fernanda Montenegro disse que Temer pagaria caro. "Enquanto este governo existir, vai sofrer um protesto violento e eu estarei nele", afirmou. Por outro lado, a atriz Regina Duarte se declarou a favor da extinção do MinC.

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No meio político, as cobranças vieram do próprio PMDB. O ex-presidente José Sarney, que criou o MinC em 1985, cobrou o retorno da pasta. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defensor da reforma ministerial, disse que a cultura não poderia se resumir a uma questão "contábil" e se comprometeu a fazer a pasta renascer por meio de uma emenda à medida provisória enviada por Temer. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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