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Política

Quem é Cerimedo? Major do Exército alvo de operação no ES se aliou a argentino ligado a Milei

Decisão do ministro Alexandre de Moraes aponta indícios de relação entre o militar morador de Colatina e o estrategista digital do presidente da Argentina

Tiago Alencar

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução
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Trechos da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou o cumprimento de mandado de busca e apreensão contra o major da reserva do Exército Angelo Martins Denicoli, morador de Colatina, no Noroeste do Estado, ligam o militar ao empresário e consultor político argentino Fernando Cerimedo.

Cerimedo foi o estrategista digital do hoje presidente da Argentina, Javier Milei, nas eleições do país no ano passado.

Ele ficou conhecido pelo público brasileiro nas eleições presidenciais de 2022, quando, por meio de conteúdo público em seu canal no Youtube, ajudou a endossar o discurso de que as urnas no Brasil não eram seguras e não garantiam a lisura do pleito.

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O consultor, à época, chegou a dizer que havia um dossiê que comprovava suposta fraude nos equipamentos. Ele também chegou a divulgar conteúdos em defesa da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputou as eleições visando à reeleição, mas acabou sendo derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pelo Planalto.

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Em todas as vezes em que a segurança das urnas foi questionada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) emitiu comunicado desmentindo as afirmações de que poderiam ser fraudadas, reforçando a garantia do voto como instrumento de exercício da democracia.

Indícios da ligação entre major do ES e estrategista argentino

Na decisão que culminou na deflagração da Operação "Tempus Veritatis", da Polícia Federal (PF) - que apura a existência de uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito -, na manhã desta quinta-feira (8), Moraes aponta os indícios da relação do major do Espírito Santo com o argentino.

"Segundo a autoridade policial, a investigação ainda sinalizou a existência de relação do major da reserva Ângelo Martins Denicoli e Fernando Cerimedo, no sentido de disseminar desinformação sobre o processo eleitoral brasileiro", diz trecho do documento.

Em denúncia feita a partir de apurações da PF, ainda é destacada uma conversa em que membros do suposto grupo criminoso que intentava aplicar golpe de Estado pedem o contato de telefone de Cerimedo que, logo em seguida, é compartilhado por Angelo Denicoli.

"Além disso, publicações na rede social Twitter, realizadas pelo usuário Marcelo Oliveira – @Capyvara, demonstraram, segundo a PF, 'que uma pasta no serviço de nuvem Google Drive, criado por Fernando Cerimedo, teria sido alimentada com arquivos de autoria do major. Os arquivos estariam relacionados a disseminação de informações falsas sobre as urnas eletrônicas', a evidenciar o elo entre o argentino e o grupo ora investigado", frisa outra parte da decisão de Alexandre de Moraes.

Entrega de passaporte e proibição de contato com demais investigados

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Entre as medidas cautelares impostas ao major do Espírito Santo, que até 2021 ocupava o cargo de diretor do Departamento de Monitoramento e Avaliação do Sistema Único de Saúde no governo Bolsonaro, estão a proibição de qualquer tipo de contato com os demais investigados na operação, bem como de se ausentar do país; entrega de todos os passaportes e, por fim, suspensão do exercício da função pública.

A reportagem tenta localizar a defesa do major para repercutir a operação desta quinta-feira. Este texto poderá ser atualizado a qualquer momento.

Operação em outros estados da federação

Além do Espírito Santo, as medidas judiciais expedidas pelo STF também estão sendo cumpridas no Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Paraná e Goiás, além do Distrito Federal. O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados.

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Ao todo, estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva, além de 48 medidas cautelares que incluem a proibição de manter contato com outros investigados; a proibição de se ausentar do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas; e a suspensão do exercício de funções públicas.

“As apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital”, informou a PF.
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“O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022”, completou a corporação.

Já o segundo eixo de atuação do grupo, de acordo com o comunicado, consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, por meio de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais em “ambiente politicamente sensível”.

Por fim, a PF destacou que os fatos investigados configuram crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

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