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Política

Ratinho Jr diz que 'não fará pré-julgamento' sobre secretário alvo de delação

O delator da Operação Lava Jato relatou ao Ministério Público Federal que entregou R$ 100 mil, em mãos, em 2014, ao então deputado Guto Silva (PSD)

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução/Facebook
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O governador do Paraná, Ratinho Jr (PSD), afirmou em nota que "não fará nenhum pré-julgamento" sobre o secretário da Casa Civil, Guto Silva (PSD), alvo da delação premiada do ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná (DER-PR) Nelson Leal Júnior. O delator da Operação Lava Jato relatou ao Ministério Público Federal que entregou R$ 100 mil, em mãos, em 2014, ao então deputado.

Guto Silva nega qualquer irregularidade. O secretário, que está licenciado da Assembleia Legislativa do Paraná, afirmou que a declaração do delator "é inverídica" e que são "apenas palavras ao vento".

Na nota, Ratinho Jr informou que "pediu esclarecimentos ao chefe da Casa Civil que confrontou a delação e afirmou ser falsa, garantindo que tem plenas condições de provar judicialmente que é uma declaração mentirosa".

"O governador não fará nenhum pré-julgamento. Não há um fato jurídico, nenhum processo iniciado pelo Ministério Público ou na Justiça contra o chefe da Casa Civil. O governador mantém sua determinação de rigor na gestão pública e transparência dos atos, e determinou ao chefe da Casa Civil que aja com celeridade no esclarecimento e na sua defesa de forma pública", declarou o governador do Paraná.

O que diz o delator?

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Nelson Leal Júnior declarou que o valor foi solicitado por José Richa Filho, o Pepe Richa, irmão do ex-governador do Estado Beto Richa (PSDB), ao então presidente da Econorte, Helio Ogama - também delator -, em 2014. A Lava Jato afirma que Nelson Leal Júnior era o principal responsável pelo esquema fraudulento no DER-PR.

À Procuradoria da República, o delator afirmou que os R$ 100 mil solicitados por Pepe Richa a Helio Ogama "seriam utilizados na campanha eleitoral do então candidato a deputado Guto Silva (Luiz Augusto Silva)". Em 2014, Guto Silva foi eleito pelo PSC com 45.313 votos. O parlamentar declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) R$ 255.920,00 em bens.

No ano passado, o deputado foi reeleito com 66.412 votos. Guto Silva declarou R$ 504.387,91 em bens.

Nelson Leal Júnior relatou à Lava Jato que, em agosto de 2014, "no dia em que Helio Ogama foi realizar a entrega do valor solicitado em espécie, nem José Richa Filho, nem Luiz Claudio estavam no prédio do DER". Para os investigadores, o delator referiu-se a Luiz Cláudio da Luz, ex-assessor de Pepe Richa.

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"Luis Claudio disse ao colaborador que, por conta da ausência dele e de José Richa Filho, o colaborador (Nelson Leal Júnior) deveria receber o montante de R$ 100 mil de Helio Ogama e entrega-lo a Guto Silva, o qual já estava avisado de que deveria buscar o dinheiro na sala do colaborador no DER", afirmou.

"Conforme previsto por Luis Claudio, Helio Ogama procurou o colaborador em sua sala e entregou ao mesmo o valor de R$ 100 mil; que, em seguida, no mesmo dia, Guto Silva foi até o DER e, na sala do colaborador, recebeu das mãos deste o valor de R$ 100 mil solicitado por José Richa Filho à Econorte."

Em janeiro, Helio Ogama foi interrogado em ação penal na 23ª Vara Federal de Curitiba. Na ocasião, o ex-presidente da Econorte citou uma "ajuda política" de R$ 100 mil a um "deputado ou candidato", sem tocar no nome de Guto Silva.

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"Ele (Nelson Leal Júnior) pediu ajuda política, seria para um deputado ou candidato, que seria cem mil reais. Eu dificultei um pouco, mas devido à várias insistências, eu arrumei para ele cem mil reais, entreguei na sala dele", contou.

Com a palavra, Guto Silva:

Conhece Nelson Leal Júnior?

Conheço.

Há quanto tempo?

Desde que ele assumiu seu cargo no DER.

São amigos pessoais?

Não. A relação que eu sempre tive com Nelson Leal Júnior foi referente a trabalho. Sempre lutei por obras no Sudoeste do Paraná.

Esteve no DER, em 2014, para pegar R$ 100 mil?

Não estive nem no DER nem em qualquer outro lugar.

Pegou R$ 100 mil com Nelson Leal Júnior?

Não. Essa declaração é inverídica. Não é apresentada uma prova sequer. Apenas palavras ao vento.

Espaço aberto para manifestação

Sou a favor de que todo ocupante de cargo público possa ser investigado e deve ter os seus atos acompanhados de forma pública e transparente. Mas não tenho nenhum receio ou problema de confrontar essa delação porque é uma declaração mentirosa e caluniosa. Não há nenhum fato que possa, no mínimo, sugerir essa minha conduta. Agradeço essa oportunidade de deixar isso bem claro e a Justiça terá essa certeza também ao final de qualquer apuração.

Com a palavra, o advogado Gabriel Bertin, que defende Helio Ogama

"Hélio Ogama já se manifestou sobre este mesmo assunto tanto no acordo de colaboração quanto no interrogatório recentemente realizado."

Com a palavra, o advogado Lorenzo Finardi, que defende Luiz Cláudio Luz

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"A defesa refuta as levianas afirmações do Sr. Nelson Leal Júnior em relação a Luiz Claudio da Luz, sendo certo que nenhuma destas guarda qualquer relação com a realidade."

Com a palavra, o advogado Rodrigo Faucz Pereira e Silva, que defende Pepe Richa

"O escritório Faucz, Santos & Advogados Associados, responsável pela defesa do ex-secretário José Richa Filho, esclarece que os fatos são inverídicos e lamenta a credibilidade dada ao criminoso confesso que busca, a todo custo, benesses indevidas. Pepe Richa confia na aplicação da Justiça e continua à disposição para esclarecer os fatos.

Rodrigo Faucz Pereira e Silva".

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