Confira como foi a cerimônia de posse do presidente Jair Bolsonaro
A cerimônia aconteceu durante a tarde, com atos no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto e no Itamaraty
Eleito em outubro de 2018 com mais de 57 milhões de votos, Jair Bolsonaro tomou posse como presidente da República nesta terça-feira (1º). A cerimônia aconteceu durante a tarde, com atos no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto e no Itamaraty.
Bolsonaro chegou à Esplanada dos Ministérios por volta da 14h40 e a comitiva presidencial fez o percurso até a Catedral de Brasília pela contramão da via do Eixo Monumental, que estava fechado desde a madrugada de sábado.
Às 14h24, horário da saída de Bolsonaro da Granja do Torto, cerca de 100 pessoas aguardavam a saída da comitiva presidencial. Apesar dos pedidos do público, o presidente não abaixou os vidros do carro.
Logo em seguida, todos correram para seus automóveis para tentar seguir em carreata o presidente eleito - a maioria, com destino à Praça dos Três Poderes.
Jair Bolsonaro, foi recebido no plenário do Congresso Nacional pelos convidados com gritos de "mito", aplausos, e muitos fizeram gestos de armas com as mãos. Ao chegar ao Congresso, acompanhado da primeira-dama Michele Bolsonaro e do vice-presidente Hamilton Mourão, ele foi recebido pelos presidentes da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e senador Eunício Oliveira (MDB-CE).
A entrada de Bolsonaro foi rápida. Ele subiu a rampa, encontrou os parlamentares na entrada do Salão Negro e seguiu direto para o plenário. O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou depois de Bolsonaro.
Discurso
Em seu discurso de posse, Jair Bolsonaro defendeu um pacto nacional e prometeu "construir uma sociedade sem discriminação ou divisão". O presidente ainda afirmou que irá "libertar definitivamente" o Brasil "da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica". Bolsonaro convocou o Congresso para ajudá-lo a aprovar as "reformas estruturantes" de que o País precisa.
"Vamos fazer um pacto nacional entre a sociedade os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário na busca de novos caminho para o novo Brasil", afirmou.
As falas de Bolsonaro duraram pouco mais de nove minutos durante a solenidade no Congresso Nacional. O presidente e seu vice, general Hamilton Mourão, assinaram às 15h17 o termo de posse para o mandato de 2019 a 2022. "Estou casando com vocês", brincou o 38º presidente enquanto assinava o termo com parlamentares presentes, que o ovacionaram.
Pouco antes, durante a sessão comandada pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), Bolsonaro e seu vice leram o compromisso com a Constituição e ouviram do 1º secretário da mesa, deputado Fernando Giacobo (PR-PR), a leitura do termo de posse. Eles também cantaram o hino nacional. Participaram da cerimônia o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli.
Durante o discurso, Bolsonaro prometeu "respeitar as religiões", mas mantendo a base da "tradição judaico-cristã".
O presidente ainda afirmou que irá "libertar definitivamente" o Brasil da corrupção. Afirmou que o governo não vai gastar mais do que arrecada, que os contratos serão cumpridos e que seu governo fará "reformas estruturantes".
Bolsonaro voltou a dizer que montou uma equipe "de forma técnica": "Sem o tradicional viés político, que culminou em corrupção".
O discurso foi interrompido por aplausos mais de uma vez. Bolsonaro prometeu valorizar os que "sacrificam suas vidas" para garantir a segurança. Ele afirma que policiais merecem e devem ser respeitados.
Atentado
Foi sua primeira fala como presidente empossado. Bolsonaro abriu a fala agradecendo por estar vivo, após ter sofrido um ataque a faca durante a campanha. Para ele, os médicos "operaram um milagre" ao salvá-lo.
"Com humildade volto à Casa onde por 28 anos me empenhei em servir a nação brasileira. Volto como presidente da República, num mandato confiado pela vontade soberana do povo. Agradeço a Deus por estar vivo", disse Bolsonaro ao iniciar o discurso.
Segurança
O presidente fez um aceno a uma de suas bases eleitorais em seu discurso de posse, dizendo que pretende valorizar os policiais "que sacrificam suas vidas em nome de nossa segurança".
"Vamos honrar e valorizar aqueles que sacrificam suas vidas em nome de nossa segurança e de nossos familiares", disse. "Contamos com o apoio do Congresso para policiais realizarem seu trabalho, merecem e devem ser respeitados."
Bolsonaro também aludiu à sua intenção de facilitar o porte de armas. "Cidadão de bem merece ter meios de se defender", disse.
Uma das principais bandeiras de sua campanha ao Planalto, a segurança pública ganhou forma, entre outros, na defesa do projeto sobre o excludente de ilicitude para as forças policiais, tema controverso que gerou polêmica na campanha.
Bolsonaro exaltou ainda o papel das Forças Armadas e disse que elas vão cumprir com seu papel constitucional, mas que precisam de apoio "para manter capacidade dissuasória para resguardar nossos interesses e fronteiras."
Faixa presidencial
Do Parlatório, após receber a faixa presidencial do ex-presidente Michel Temer, o 38º presidente da República prometeu que vai lutar contra o modelo de governo de "conchavos e acertos políticos" e libertar a Nação "da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto".
Diante da ovação do público presente que o saudava a gritos de "mito", Bolsonaro, que chegou a fazer uma pausa e abanar uma Bandeira do Brasil, falou em acabar com a ideologia que, em sua visão, "defende bandidos e criminaliza policiais", divide os brasileiros, é ensinada nas escolas e passou a guiar as relações internacionais.
"Me coloco diante da Nação no dia em que o povo começou a se libertar do socialismo", disse o presidente. "Guiados pela Constituição, com a ajuda de Deus, a mudança será possível", disse o eleito, citando o baixo orçamento de sua campanha eleitoral como uma prova de que as mudanças já começaram a ocorrer.
Sobre economia, Bolsonaro disse que seu governo vai enfrentar os efeitos da crise mundial, que vai propor e implementar as reformas "necessárias" e que vai priorizar a educação básica, a exemplo de outras nações ricas.
Temer
Foram menos de cinco minutos entre a entrega da faixa para o presidente Jair Bolsonaro, no parlatório do Planalto, à saída do agora ex-presidente Michel Temer e a mulher, Marcela, pela garagem privativa do palácio.
A saída discreta do ex-presidente, que governou na sombra da impopularidade, não impediu que ele ouvisse vaias do público que estava na tarde desta terça na Praça dos Três Poderes. As vaias começaram logo que ele apareceu ao lado de Marcela no alto da rampa para recepcionar o casal Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão e sua mulher, Paula.
Depois de ouvirem gritos de "Fora Temer" e também o nome da ex-primeira dama ser entoado em tom de galhofa pelo público que se concentrava na Praça dos Três Poderes, o ex-presidente e a mulher entraram, por volta de 17 horas, num dos elevadores do segundo andar e desceram até o pátio no subsolo, onde estava um comboio de carros da Presidência.
Sem ser notada pelos convidados de Bolsonaro que se concentravam na parte térrea do prédio, a comitiva de Temer deixou o Planalto pela saída lateral leste. O rumo era a Base Aérea de Brasília.
Libras
Durante a cerimônia no Parlatório, a primeira-dama Michelle Bolsonaro discursou em libras, linguagem brasileira de sinais, e traduzido por uma interprete. Segundo Michelle, "as urnas foram claras. O cidadão brasileiro quer segurança, paz e prosperidade".
Michele também aproveitou para agradecer a solidariedade da população ao seu marido durante o período de recuperação após o atentado em Juiz de Fora (MG). Emocionada, Michelle interrompeu o discurso em um momento e, em quebra de protocolo, beijou Bolsonaro duas vezes.
Na ocasião, a primeira-dama fez um aceno às pessoas com deficiência que, segundo ela, terão atenção especial neste governo. "Gostaria de me dirigir de forma especial à comunidade surda e de deficientes: vocês serão ouvidos", defendeu, e emendou: "trabalho de ajuda que sempre fez parte da minha vida e que a partir de agora, como primeira-dama, posso ampliar de maneira significativa".
Ministros
Com a faixa verde e amarela no peito, o presidente Jair Bolsonaro fez a foto oficial de seu governo ao lado do vice-presidente, General Hamilton Mourão, e dos 22 ministros, após a cerimônia de posse em seus cargos. O governo de Bolsonaro reduziu de 29 para 22 o números de pastas.
O ministro Sergio Moro (Justiça), juiz federal responsável pelas ações da Operação Lava, foi o primeiro a assinar o termo de assunção do cargo, ovacionado pelas convidados presentes no Palácio do Planalto.
Na sequência vieram Onyx Lorenzoni (Casa Civil), general Fernando Azevedo (Defesa), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Paulo Guedes (Economia), Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Teresa Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Ricardo Rodrigues (Educação), Osmar Terra (Cidadania), Luiz Henrique Mandetta (Saúde), almirante Bento Costa Lima (Minas e Energia), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Telecomunicações), Ricardo Sales (Meio Ambiente), Marcelo Antonio (Turismo), Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional), Damaris Alves (Direitos Humanos), Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência), Wagner Rosário (Transparência), General Carlos Alberto Cruz (Secretaria de Governo da Presidência da República), General Augusto Heleno (Segurança Institucional), André Luiz Mendonça (Advocacia-Geral da União) e Alberto Campos Neto (Banco Central).
Delegações estrangeiras
Os festejos da posse de Jair Bolsonaro na Presidência da República contabilizaram o menor número de delegações estrangeiras em cerimônias de primeiro mandato em quase três décadas. Neste ano, 46 delegações estrangeiras vieram à capital federal, segundo informou nesta tarde o Itamaraty. Desses, dez vieram lideradas por seus chefes de Estado ou governo.
Levantamento feito no acervo do Estadão mostra que à posse de Fernando Collor de Mello, em 1990, vieram 72 delegações estrangeiras. O jornal da época mostra que a grande estrela dessa festa foi o mandatário de Cuba, Fidel Castro, que fazia sua primeira visita ao Brasil. Ele chegou atrasado ao último compromisso da agenda do então presidente, José Sarney. De linha favorável aos Estados Unidos, a posse de Collor foi prestigiada pelo então vice-presidente, Dan Quayle.
Para a posse de Fernando Henrique Cardoso, em 1995, vieram 120 delegações. Fidel novamente prestigiou a festa, que teve direito a show de Daniela Mercury.
Novidade no cenário internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mereceu o deslocamento de 110 delegações estrangeiras para sua posse. Ele dividiu os holofotes com o então presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
Dessa vez, os Estados Unidos enviaram seu representante comercial, Robert Zoellick, que havia se envolvido em um bate-boca com Lula na campanha eleitoral. O brasileiro ameaçava paralisar as negociações para formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Zoellick afirmou que, fazendo isso, o Brasil poderia fazer comércio com os pinguins da Antártida. Ao que Lula o classificou de "sub do sub".
A posse mais prestigiada em termos de presença estrangeira foi a de Dilma Rousseff, em 2011. O jornal do dia registra a presença de 130 delegações estrangeiras, das quais 32 lideradas por chefes de Estado ou de governo.
Com informações do Estadão Conteúdo
Confira como foi a cerimônia de posse do presidente Jair Bolsonaro: