Veterinário e dentista levaram homem em situação de rua para ser morto em local deserto
Thiago Oliveira do Nascimento e Gabriela Anacleto Kiefer foram presos por assassinato. Vítima teria invadido clínica da dentista para realizar furtos, em Vila Velha
Presos pela Polícia Civil por envolvimento no assassinato de um homem em situação de rua, ainda não identificado, o veterinário Thiago Oliveira do Nascimento, de 41 anos, e sua companheira, a dentista Gabriela Anacleto Kiefer, de 34 anos, teriam cometido o crime de forma brutal após a vítima realizar furtos na clínica da suspeita.
É o que aponta a investigação do caso, de acordo com o delegado Cleudes Junior, adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha. O assassinato ocorreu em agosto de 2021, quando a clínica ainda estava em construção. A vítima tinha entre 30 e 40 anos.
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De acordo com a investigação, a dentista viu o homem em situação de rua furtando itens dentro da clínica, que fica em Itapuã, Vila Velha, e chamou Thiago, que na época era namorado de Gabriela, para ir até o local.
Segundo a polícia, o veterinário amordaçou a vítima e efetuou um disparo contra ela, colocou o homem dentro de uma caminhonete e o levou até a Rodovia Leste-Oeste, em Vale Encantado, em Vila Velha, onde foi morto a tiros por Thiago. Testemunhas afirmaram que Gabriela estava presente durante toda a ação.
"Thiago chegou armado, rendeu e amordaçou a vítima, e vizinhos contam que ouviram gritos pedindo socorro. Em seguida ouviram um disparo. Momentos depois, viram o veterinário arrastando a vítima para dentro de uma caminhonete Fiat Toro branca. Gabriela estava presente nesse momento, entrou no carro com ele, e os dois foram para o local de execução, na Rodovia Leste-Oeste, dentro do bairro Vale Encantado", disse o delegado.
Gabriela vendeu o carro três dias após o crime, e ainda de acordo com o adjunto da DHPP de Vila Velha, tentou coagir uma amiga, que morava com ela na época do crime, e testemunhou à polícia os acontecimentos.
"O Fiat Toro foi vendido três dias depois do crime. Nós solicitamos uma perícia ao atual proprietário, e através de utilização de luminol, identificamos vestígios de sangue. Descobrimos que na época dos crimes, Gabriela morava com uma amiga, que foi intimada a testemunhar. Ela descreveu o crime em detalhes, mas estava com muito medo do Thiago. Na data dessa oitiva, Gabriela entrou em contato com ela, possivelmente para orientar o que ela deveria dizer", explicou.
Após a ligação para a vítima, a polícia representou pela prisão preventiva de Thiago e Gabriela, que foram deferidas. A polícia não conseguiu realizar testes de DNA com os vestígios de sangue encontrados no carro devido ao tempo decorrido do crime.
Gabriela foi presa na tarde de quarta-feira (18), no próprio consultório, em Itapuã, passou por exames de corpo e delito no Instituto Médico Legal (IML) de Vitória. Ela foi autuada por homicídio qualificado e foi encaminhada ao Centro Prisional Feminino de Cariacica.
Thiago, que utilizava tornozeleira eletrônica pelo crime de extorsão, foi preso novamente em 13 de novembro pelo crime de homicídio e porte de arma de fogo, e foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana.
Veja vídeo do momento das prisões do veterinário e da dentista:
De acordo com o delegado Cleudes Junior, Thiago chegou a ameaçar até juízes, e policiais que cumpriram mandado de busca e apreensão no apartamento do veterinário.
"Ele chegou a ameaçar juízes aqui do Espírito Santo. Ele ameaçou policiais que cumpriram mandado de busca e apreensão na casa dele. Thiago dizia que comprava juízes e desembargadores. Então, ele se revelou uma pessoa extremamente perigosa, fria, calculista, manipuladora, e sem medo de ameaçar pessoas dos órgãos de segurança pública", declarou.
Investigações começaram após a primeira prisão do veterinário
No apartamento de Thiago, que havia sido preso preventivamente em janeiro de 2024, suspeito de extorquir o equivalente a R$ 10 milhões em criptomoedas de um empresário asiático, a polícia encontrou várias armas e munições ilegais. O veterinário foi liberado para cumprir a pena em liberdade, com utilização de tornozeleira eletrônica, até ser preso novamente.
O delegado conta ainda que, após a primeira prisão de Thiago, a polícia recebeu uma denúncia anônima que afirmava que o veterinário era o responsável pelo homicídio do homem em situação de rua. Com a condução de testes balísticos, a autoria foi confirmada.
"Alguém denunciou, disse que o homicídio em Vale Encantado, em 2021, quem cometeu foi o Thiago. Com base nessas informações, pedimos a perícia de microcomparação balística. As três munições encontradas no corpo da vítima eram calibre .25 ou 6.35, e uma das armas apreendidas com o Thiago foi exatamente uma Beretta 6.35, mesmo calibre utilizado no homicídio", explicou.
Ainda de acordo com a polícia, várias testemunhas ouvidas, que possivelmente trabalharam com Thiago em uma clínica veterinária, confirmaram as informações passadas pela amiga de Gabriela, e tinham medo do veterinário.
"Todas as testemunhas confirmaram os fatos narrados pela testemunha sigilosa. Elas foram citadas pela amiga de Gabriela, e possivelmente haviam trabalhado com o Thiago na clínica veterinária. Nós pudemos constatar um verdadeiro temor com relação ao veterinário", disse.