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EM VITÓRIA

Laudo aponta paranoia por traição em acusado de matar namorada: "Ouvia vozes"

Exame destaca que Matheus Stein, acusado de matar Ana Carolina Kurth, sofre de um quadro conhecido como "transtorno psicótico residual ou de instalação tardia"

Redação Folha Vitória

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audima
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Foto: Reprodução/Redes Sociais
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Um novo laudo médico entregue à Justiça esta semana aponta que Matheus Stein Pinheiro, acusado de matar a namorada, Ana Carolina Kurth, no apartamento que o casal dividia no Centro de Vitória, em maio de 2023, sofre de doenças mentais. 

O documento aponta que Matheus sofre de um quadro conhecido como "transtorno psicótico residual ou de instalação tardia", causado pelo uso de múltiplas drogas e álcool, que se estendeu durante vários anos. O acusado relatava "ouvir vozes", que o alertavam sobre uma suposta infidelidade da namorada. 

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No parecer médico, foram apresentados depoimentos do acusado, assim como de seus pais e conhecidos de Matheus, e também foram ouvidas ex-namoradas de Matheus.

O laudo aponta que ele era semi-consciente do crime, mas incapaz de se autodeterminar ou controlar os impulsos no momento do crime. Esta é a segunda vez que o acusado passa por avaliação psicológica. 

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O exame foi encaminhado à Justiça Estadual e recomenda que Matheus seja enviado a uma Unidade de Custódia e Tratamentro Psiquiatrico (UCTP). Caso seja aceito, o laudo pode evitar que o acusado vá a júri popular. 

Segundo o laudo, o acusado apresenta um histórico de doenças "psicopatológicas" e o transtorno que apresenta o impossibilita de ter percepções condizentes com a realidade, apresentando uma personalidade delirante.

"Captava pequenos acontecimentos cotidianos como prova inequívoca de estar sendo ludibriado e traído pela sua companheira, fato esse em desacordo com a realidade compartilhada", afirma o documento. 

No documento, o acusado afirma ter ouvido vozes que diziam que Ana Carolina o traía. "Ela está te traindo, investiga". 

Por conta deste quadro, Matheus teria entrado em estado de paranoia, causada pelos ciúmes. Ele afirmava ter começado a investigar a namorada compulsivamente. 

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"Depois disso eu fiquei com aquilo na cabeça e passei a investigar ela. Isso foi uns três meses antes do que aconteceu, acho... Eu fiquei encucado e um dia coloquei meu celular para gravar em casa. Nesse dia, eu escutei um barulho de sexo no celular. Era ela e um homem conversando. Esse áudio durou umas três horas. Eram pessoas falando de sexo, fazendo sexo", afirmou o acusado em depoimento. 

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Dia do crime 

Foto: Reprodução

No laudo, o acusado também relata ter confrontado a vítima sobre a suposta traição. Ana Carolina teria negado qualquer tipo de infidelidade, o que teria deixado o suspeito em fúria. 

Nesse momento, Matheus teria ido até a cozinha e pegado a faca, utilizada no crime. Foram mais de 40 facadas desferidas contra a vítima, 10 delas somente no rosto. 

"Ouvindo ela mentindo, eu saí de mim. Lembro de eu indo à cozinha e ter pegado uma faca. Eu sei que matei ela, mas não sei quantas facadas eu dei. Eu saí de mim. Quando eu me dei conta, estava ensanguentado em pé, com a faca na mão, e ela no chão", relatou. 

O acusado relatou ainda ter ligado para a mãe para se despedir antes de fugir da cena do crime. No telefonema, ele chegou a mentir para os pais, afirmando que Ana Carolina estava no banho. 

"Mandei uma mensagem para minha mãe dizendo que os amava muito. Ela me perguntou onde a Ana Carolina estava e eu disse que estava no banho. Aí eu peguei minha mochila, uma roupa, o dinheiro que tinha em casa e fui embora do apartamento". 
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Matheus foi até a rodoviária de Vitória, onde comprou uma passagem para Conceição da Barra, no litoral Norte do Espírito Santo, onde ficou por 48 horas até se entregar à polícia. 

Ainda em seu depoimento, Matheus negou qualquer tipo de arrependimento em relação ao crime. Segundo ele, o assassinato da vítima era justificado pela infidelidade dela. 

"Não adianta eu dizer nessa hora que eu estava arrependido, porque não estava. Eu ainda estava com muita raiva dela, eu ouvia o barulho deles fazendo sexo e isso ficava na minha cabeça", afirmou. 

"Laudo comprova que ele tem problemas mentais", diz advogado

Homero Mafra, advogado do acusado, afirmou que o laudo serve como prova suficiente para que Matheus seja internado em uma unidade psiquiátrica e que é inimputável pelo crime. 

"O laudo mais uma vez confirma que Matheus é portador de doença mental e diante dele, não há o que se discutir. Tem que se aplicar o que a lei determina nesse caso. Ele era totalmente incapaz de entender o caráter criminoso do fato, é inimputável e tem que se dar o tratamento que a lei determina para isso", disse. 

Família vai recorrer de laudo 

Foto: Reprodução/Facebook

O assistente de acusação Rivelino Amaral, que presenta a família de Ana Carolina Kurth, afirmou que a família irá recorrer do laudo por vários motivos, dentre eles, o fato de o documento ter sido confeccionado por dois médicos e não por três, como determina a lei. 

"Vamos esperar o laudo e requerer a realização de uma nova perícia, porque a decisão que determina a realização dessa perícia era com a formação de uma junta médica com três médicos. Infelizmente, esse laudo foi assinado por dois médicos", afirmou.  

Outro aspecto, segundo o advogado, é que o laudo não dá respostas concretas a perguntas feitas pela acusação, se reportando ao "corpo do texto", na tentativa de responder às indagações, o que não dá respostas satisfatórias. 

Além disso, o fato de ser usuário de drogas não faz com que Matheus seja inimputável. 

"E também por conta do comportamento dele depois do crime. Ele comete um crime tão atroz e violento, toma banho, muda de roupa e tenta fugir do local. Isso também causa muita estranheza. O laudo fala que ele estava sob efeito de muitas drogas. Estar sob efeito de drogas ou álcool não tira a responsabilidade de ninguém no cometimento de nenhum crime", disse Rivelino Amaral.
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