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Polícia

Jovem que invadiu escola em Vitória planejava ato inspirado em Suzano por chats na deep web

À ocasião do massacre em São Paulo, dois atiradores, ex-alunos, mataram cinco estudantes e duas funcionárias da escola

Isabella Arruda

Redação Folha Vitória
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Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Cena do massacre em Suzano, no estado de São Paulo
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Henrique Lira Trad, responsável por invasão à Escola Municipal de Ensino Fundamental Eber Louzada Zippinotti, em Jardim da Penha, em Vitória, no dia 19 de agosto, planejava o ataque desde 2019, quando ocorreu o massacre de Suzano, em São Paulo. À ocasião, dois atiradores, ex-alunos, mataram cinco estudantes e duas funcionárias da escola.

A informação consta na denúncia oferecida à Justiça no último dia 23, pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), a que a reportagem do Folha Vitória teve acesso.

Segundo documento do MP, Trad, hoje com 18 anos, participava, desde pelo menos três anos atrás, de conversas com colegas, cogitando a hipótese de promover um atentado na escola em que estudava, na Capital.

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O chat utilizado por ele com demais jovens é parte da “dark web”, setor ainda mais obscuro da “deep web”, que corresponde à parte não indexada da rede mundial de computadores, ou seja, inacessível de maneira geral por meio de navegadores comuns.

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Em especial, Henrique mantinha contato com os colegas por meio de uma comunidade chamada, em inglês, de “True Crime Community”, que reúne uma espécie de fã clube de criminosos em série.

Confira trecho da denúncia:

Com o tempo, o denunciado passou a se dedicar à preparação do que seria um massacre à escola Eber Louzada Zippinotti, tendo encontrado na rede mundial de computadores o ambiente propício para o amadurecimento da idealização criminosa, aprofundando temas correlatos à armas, racismo, nazismo, atentados, morte, bem como à chacina ocorrida na Escola Estadual de Suzano/SP, conforme perícia elaborada a partir de seu computador.

Como foi a preparação

Antes do ataque em Jardim da Penha, o suspeito passou horas jogando um game chamado “Morimyia Middle School Shooting”, que é uma espécie de suspense policial em que o jogador controla uma garota que porta armas e atira em uma escola.

Foto: Reprodução / Internet

Em seguida, segundo denúncia do MPES, Henrique se vestiu completamente de preto, coletou as armas: três bestas ou balestras, uma faca grande, seis facas ninja, 57 dardos e flechas, três garrafas de coquetel molotov e uma outra com líquido inflamável, isqueiro, fósforo, luvas, máscara personalizada, além do cadeado utilizado para "trancar" a escola e evitar o socorro às potenciais vítimas. Depois de tudo, solicitou um carro de aplicativo, e se dirigiu ao Eber Louzada.

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Na instituição de ensino, o jovem tentou enganar o porteiro, dizendo que iria a uma reunião. Como foi barrado, acabou pulando o muro da escola. Lá, tentou se dirigir à coordenadora, a quem já planejava matar. Apesar de ter tentado disparar contra ela, a arma falhou. Ela e outro colaborador presente na sala dos professores conseguiram fechar a porta, a qual ele não mais conseguiu abrir, mesmo chutando.

Foto: Reprodução
Henrique Lira Trad invadiu o Eber Louzada, em Jardim da Penha

Ainda no primeiro andar, o denunciado atirou contra um prestador de serviços do colégio que estava no local, mas errou a mira e o disparo atingiu o muro. Foi então que Henrique foi até o segundo andar, tentar atirar contra crianças.

No local, encontrou um menino de dez anos e o ameaçou com uma besta. Apesar disso, a criança conseguiu chutar o objeto, momento em que Henrique o arranhou.

Como próximo passo, Trad se dirigiu até uma sala de aula, mirou e atirou com a besta contra uma professora, atingindo a colaboradora na perna. Em seguida, mirou e atirou contra uma aluna de dez anos de idade, mas novamente o armamento “falhou”.

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Após novas tentativas, um professor conseguiu finalmente imobilizar o suspeito até a chegada da Polícia Militar. Foi aí que confessou a intenção de matar o máximo de pessoas possível e depois ser morto pelos agentes. Confira trecho do MPES:

O crime foi praticado por motivo torpe, após suposto bullying sofrido pelo denunciado na escola Eber Louzada Zipinotti, enquanto aluno, que desencadeou desejo de vingança, nutrido pela admiração à ataques terroristas, massacres, razão moral e socialmente desprezível para tentar contra a vida das vítimas que em nada tinham relação com os fatos apontados pelo réu para justificativa de seus atos covardes.

Ao final da denúncia, o MP também solicitou a manutenção da prisão preventiva do suspeito, bem como que seja encaminhada cópia do documento à Justiça Federal, competente para processamento e julgamento dos crimes previstos na Lei Antiterrorismo.

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