Suspeito de desvio milionário na Santa Casa de Vitória usou diploma falso em outro hospital
Ex-gestor de Recursos Humanos do hospital, Jasiel Souza Câmara, foi demitido por justa causa em 2015 após ser denunciado pelo Conselho Regional de Administração (CRA-ES) por mentir sobre graduação de curso superior
O ex-gerente de Recursos Humanos da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, Jasiel Souza Câmara, preso na última sexta-feira (24) na Operação RH por suspeita de desvios financeiros na instituição na ordem de R$ 1 milhão, já havia sido demitido por justa causa em outro hospital, mas por uso de diploma falso.
O caso aconteceu em 2015 no Hospital Estadual Doutor Jayme Santos Neves, na Serra, e teve o acompanhamento do Conselho Regional de Administração do Espírito Santo (CRA-ES). Na época, o CRA-ES denunciou Câmara junto ao Ministério Público Estadual (MPE).
Ele tentou obter o registro profissional de administrador de empresas junto ao conselho e, para isso, apresentou um diploma falso de conclusão de curso. O registro é habilitação obrigatória para se exercer a profissão.
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"Quando ele apresentou o pedido de registro, a documentação passou pelo crivo de qualidade e foi descoberto que não tinha colado grau em Administração. O diploma foi analisado e contatou que não tinha sido emitido pela faculdade em questão. Acionamos imediatamente o hospital e o Ministério Público", relembra o administrador e integrante do setor de fiscalização do CRA-ES, Felipe Borges.
Naquele ano, o investigado atuava como gerente financeiro do hospital. O Ministério Público abriu um processo envolvendo exercício ilegal da profissão e falsidade ideológica por apresentar documento falso. O direção do Jayme acabou por demitir o suspeito por justa causa.
Santa Casa pode ter falhado na contratação, aponta fiscal do CRA
Borges detalhou que os integrantes do setor de fiscalização do CRA-ES foram surpreendidos ao saberem que Câmara estava atuando como gestor de RH da Santa Casa de Vitória. Ele acredita que a instituição pode ter falhado na contratação.
"A Santa Casa, por algum motivo, não exigiu o registro dele, o que foi um lapso. Isso acaba deixando a instituição vulnerável à ação de pessoas que não estão ali para fazer um trabalho sério de administração de empresas, como foi o que aconteceu", alerta.
O QUE DIZ A SANTA CASA DE VITÓRIA
A Santa Casa de Misericórdia de Vitória foi procurada para saber sobre os procedimentos de contratação no hospital e se foi exigido, na ocasião, o registro profissional do ex-gerente. A direção enviou a seguinte nota:
A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Vitória informa que todas as medidas necessárias sobre as inconsistências verificadas na gerência de Recursos Humanos estão sendo tomadas junto aos órgãos competentes.
Deixamos clara nossa total confiança no trabalho da Polícia Civil, e enfatizamos que todas as informações solicitadas pela autoridade policial foram e estão sendo repassadas, com absoluta transparência.As investigações tiveram início tão logo constatadas as inconsistências, tendo a Santa Casa reunido as informações e passado, de imediato, para que o inquérito policial tivesse início. Confiamos no resultado rápido e preciso das apurações e nos colocamos à disposição para futuras indagações, desde que dentro do escopo delineado nas apurações a cargo da polícia judiciária.pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_05
Cabe lembrar que a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Vitória está, como sempre esteve, do lado da justiça, resguardando os preceitos da honestidade, da ética e comprometimento com a sociedade.
Outro lado
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Jasiel Souza Câmara.