"Foi feminicídio", confirma secretário de Segurança sobre assassinato de médica em Vitória
'Ela morreu por uma questão de relacionamento que manteve com determinada pessoa', afirmou André Garcia
O caso da morte da médica Milena Gottardi Tonini Frasson, de 38 anos, já está sendo tratado como feminicídio pelas equipes de investigação, segundo adiantou com exclusividade o secretário de Segurança, André Garcia, ao Folha Vitória na manhã desta segunda-feira (18).
"Vamos definir ainda a autoria, mas a linha de investigação que existe hoje é de feminicídio. Ela morreu por uma questão de um relacionamento que manteve com determinada pessoa", afirmou. Ainda segundo Garcia, a polícia está muito perto de desvendar toda a "cadeia dinâmica do que aconteceu, que infelizmente resultou na morte dela".
Para o secretário, o feminicídio é um tema que ainda depende de reflexão social, e afirma que o que mais chama a atenção é o fato de que homens com "cabeças doentes" estejam por trás desses casos.
Embora a Secretaria Estadual de Segurança Pública tenha permanecido em silêncio sobre o assunto durante todo o fim de semana, Garcia afirmou que ainda nesta segunda uma coletiva deverá ser agendada para adiantar o que está apurado até o momento.
O crime
A médica foi baleada na última quinta-feira (14)
A vítima chegou a ser socorrida em estado grave para um hospital particular da capital. Na última sexta-feira (15), a equipe médica confirmou a morte de Milena por edema cerebral difuso (por conta da extensão do dano).
Retrato falado
No mesmo dia em que a morte foi confirmada, a Polícia Civil divulgou o retrato falado do suspeito de ter atirado contra ela, e informou que o caso estava sob investigação na Delegacia Especializada em Homicídios Contra a Mulher (DHPM), mas que nenhum detalhe seria divulgado para não atrapalhar o trabalho da polícia.
CRM se solidariza
O Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) se solidarizou com a família da médica. Ele classificou o crime como "triste, lamentável, revoltante e inaceitável" e garantiu que manterá a luta, junto às demais entidades médicas capixabas, por segurança para o médico trabalhar. O conselho informou ainda que "insistentemente denuncia a fragilidade do sistema de saúde, o que inclui a falta de segurança para todos: médicos, enfermeiros, pacientes e demais profissionais que atuam nas instituições de saúde".
Enterro
O corpo da médica foi reconhecido por familiares no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, na noite de sexta-feira (15). O velório e enterro foram realizados em Fundão, município onde Milena nasceu e parte da família mora.
Celular apreendido
O ex-marido de Milena teve o celular apreendido pela polícia. O aparelho do ex-companheiro, que é advogado e policial civil, foi recolhido na manhã de sábado (16) pelo titular da Delegacia Especializada em Homicídios Contra a Mulher (DHPM), delegado Janderson Lube, responsável pela investigação do caso.
O delegado esteve no DML de Vitória, por volta das 8h15, juntamente com policiais da Corregedoria da Polícia Civil. Eles chegaram ao local logo depois de finalizado o processo de liberação do corpo da médica. Janderson Lube foi abordado por jornalistas, mas preferiu ainda não falar sobre as investigações.
Presos
Até o último domingo (17), dois suspeitos de envolvimento na morte da médica já estavam detidos. As informações foram confirmadas pela reportagem da Rede Vitória junto à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).